Mãe denunciou que médico chamou menino de mal-educado e expulsou ela e o filho do consultório no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul
O Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) instaurou uma notícia de fato para apurar a conduta do médico Pedro Abreu, que foi denunciado pela auxiliar de cozinha Vitória Nery de ter negado atendimento ao filho dela Pietro, de 1 ano e 11 meses. O caso ocorreu, segundo ela, no último dia 21 de fevereiro no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre.
A mãe contou que o médico começou a atender o menino, mas se incomodou com o comportamento dele durante a consulta, o chamou de mal-educado e ainda teria rasgado a receita de medicamentos que estava passando e a folha da triagem. Em seguida, pediu que Vitória saísse do consultório com o filho pedindo e chegou a chamar um segurança do hospital.
Ao g1, o médico disse que nunca negou atendimento a paciente e que tem um prontuário no hospital que prova essa alegação.
“A respeito de tudo que fora dito pela mãe da criança, inclusive pelos xingamentos proferidos a mim por ela, no meu ambiente de trabalho, já entramos com ação judicial. Sobre a investigação, estou disposto a prestar todas as informações que me forem interrogadas. Não devo nada. Está tudo escrito no prontuário do paciente, inclusive. Graças a Deus tenho a mania de anotar tudo que acontece no prontuário do paciente”, disse o médico.
Conforme o MP-AC, o procedimento assinado pelo promotor Ocimar Sales Júnior, tem o objetivo de reunir elementos sobre o caso, para viabilizar uma futura atuação no âmbito cível da tutela em saúde.
O coordenador médico do Hospital do Juruá, Ozi Câmara, informou que o caso vai ser analisado pela direção clínica e pela Comissão de Ética Médica da unidade de saúde.
Em caráter preliminar, foram determinadas providências para coleta dos elementos de prova, assim como foram expedidos ofícios à direção do Hospital do Juruá, solicitando a ficha funcional do médico e ao Conselho Regional de Medicina do Acre, a fim de confirmar a instauração de procedimento ético em desfavor do profissional.
O CRM-AC também informou que vai apurar o caso e destacou que os procedimentos administrativos tramitam em sigilo na autarquia, por força de lei.
A mãe relatou que dias antes tinha procurado a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade porque o filho apresentava sintomas gripais e, sem conseguir resolver a situação, decidiu levá-lo ao Hospital do Juruá. Mas acabou sendo surpreendida pelos momentos de constrangimento no consultório da unidade.
“Nunca imaginei que uma situação dessa pudesse acontecer, me expulsou da sala e eu saí do hospital sem receber nenhum tipo de atendimento médico, meu filho doente. Depois, voltei lá para falar com a gerência e foi aí que eles me encaminharam para outro médico”, contou.
Vitória chegou a gravar o momento que estava no consultório, depois que o segurança chegou para tirá-la do local. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia geral de Polícia Civil de Cruzeiro do Sul.