Vítimas afirmam que saíram de casa após serem ameaçadas por criminosos. Caso ocorreu no Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco
Moradores do Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco, estariam abandonando as casas após ameaças de criminosos do local. A denúncia foi relatada para a Rádio CBN Amazônia Rio Branco, nesta quinta-feira (18).
O conjunto foi construído para ser a terceira maior cidade do Acre, com uma população de aproximadamente 60 mil pessoas. A construção previa ainda 10,5 mil moradias, além de escolas, terminal de transporte, delegacias, creches, unidades de saúde e até uma Escola de Gastronomia.
Localizado na BR-364, sentido Porto Velho (RO), em uma área de mais de 700 hectares, o conjunto virou cenário de total abandono e esquecimento. Em dezembro do ano passado, uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve no local e mostrou alguns dos espaços abandonados.
A insegurança é comum no local. As ações das facções criminosas não se resumem a assassinatos ou tráfico de drogas. Os grupos criminosos também chegam a ameaçar e expulsar morares do local.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Justiça e Segurança Pública o Acre (Sejusp) informou que o secretário Paulo Cézar teve conhecimento do caso e determinou que inicie uma investigação para apurar as denúncias.
Em entrevista para a Rádio CBN Amazônia Rio Branco, o neto de um dos moradores e uma moradora falaram sobre a situação vivida no conjunto habitacional. Os dois pediram para não ter o nome divulgado com medo de represália.
O rapaz disse que o avô, que já tem mais de 70 anos, morava no bairro Seis de Agosto, no Segundo Distrito de da capital acreana, quando recebeu uma casa no conjunto e se mudou para lá.
Há duas semanas, o idoso saiu de casa com o filho e foi para casa de parentes após ter recebido ameaças de morte.
“Só que acabou que não colocou muita fé na ameaça e voltou para casa. A família se organizou, minha mãe chamou ele para morar aqui e estamos vendo como vai ficar a situação, mas é preocupante, a gente fica de mãos atadas sem saber o que vamos fazer. Como vamos denunciar isso para polícia?”, questionou.
Sem ter para onde ir, a moradora que também denunciou a situação disse que vive atualmente na casa de amigos e parentes no Bairro Seis de Agosto. Ela tem uma casa no conjunto, mas saiu de lá e deixou o imóvel com outra pessoa por conta das ameaças.
“Quem morava comigo era meu filho e vim embora com meu esposo. Coloquei uma senhora lá, porque estavam acabando com tudo, arrancaram até a fiação. Ela falou que ia colocar, mas quebraram o teto da casa. Agora estão implicando com a mulher que está lá. Eu não volto mais para lá, matam a gente”, lamentou.