Fernanda Neiva da Cunha pedia para o ex-marido sair de casa há três semanas. No último dia 19, o suspeito se escondeu atrás de uma árvore e desferiu várias facadas na vítima. Ele se apresentou na delegacia dias depois e foi liberado por não estar mais no período de flagrante
A atendente de panificadora Fernanda Neiva da Cunha, de 29 anos, não consegue dormir direito e teme ser agredida novamente pelo ex-companheiro. No último dia 19, ela levou oito facadas quando voltava para casa, no bairro Chico Mendes, em Rio Branco, e o principal suspeito é o ex-marido, Carlos Alberto Lima, também de 29 anos.
O homem se apresentou na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e foi liberado por não estar mais no período de flagrante. Ele aguarda a conclusão das investigações em liberdade, por enquanto. A informação foi confirmada pela Polícia Civil.
Após a agressão, Fernanda foi levada para o Pronto Socorro de Rio Branco por moradores do bairro. Ela passou por cirurgia e ficou oito dias internada na unidade.
Mais de uma semana após o crime, Fernanda se recupera em casa com os dois filhos, de 9 e 3 anos, e conta com ajuda de familiares, amigos e conhecidos para custear o tratamento médico e ajudar nas despesas. O filho caçula é fruto do relacionamento de mais de três anos com Carlos Alberto Lima.
Ela diz temer que o ex-companheiro invada a casa dela para tentar matá-la novamente.
“Não consigo dormir direito, ainda não consegui desde que aconteceu. No hospital achava que não conseguia dormir por estar ali, mas no meio da madrugada acordo em casa. Tenho medo dele entrar aqui e me matar. Ninguém sabe o que se passa na cabeça dos outros”, lamentou.
Ataque
Ao g1, a atendente disse que pediu a separação do companheiro há cerca de três meses. Durante esse período, ela conta que pedia para o ex sair de casa, mas ele não aceitava o fim do relacionamento. No dia 18, ela relembra que ganhou uma premiação em dinheiro de R$ 250 como funcionária do mês.
Fernanda diz que chegou feliz em casa contando a novidade e guardou o dinheiro para usar em uma reforma que está fazendo em casa. Porém, o dinheiro sumiu e ela desconfiou do ex-marido.
“Fui atrás dele. Me falaram onde ele estava e fui atrás. Cheguei lá ele estava bêbado e já tinha gastado o dinheiro. Falei umas coisas para ele, e fui embora. Não ia dormir em casa já para evitar confusão. Dormi na minha irmã”, contou. A atendente revela que o ex-companheiro confessou que tinha pegado o dinheiro dela.
Na volta para casa, na manhã de 19 de dezembro, Fernanda disse que o ex-marido estava escondido atrás de um pé de manga e começou a ferir ela com uma faca. “Ele dizia que ia me matar para eu nunca mais fazer isso, dizia que expulsar ele era uma humilhação”, recordou.
Desacordada, a atendente foi levada para o hospital. O suspeito fugiu e se apresentou na delegacia dias depois e foi liberado.
“Vi ele correndo com a faca para me atacar. Até hoje me vem aquela cena dele correndo em minha direção. Sensação de insegurança. Vai que ele queira terminar [o que começou]. Achei que ia morrer, foi a misericórdia de Deus”, ressaltou.
Relacionamento conturbado
Fernanda e Carlos Alberto estavam juntos há mais de três anos. Em 2020, a atendente diz que prestou queixa contra o ex-marido em uma delegacia por violência doméstica. Ela fala que foi agredida com um terçado pelo pai do filho caçula.
“Pedi a separação porque ele gosta de beber e não sabe beber, toda vez arruma confusão. Da outra vez até dei parte dele porque me bateu e me deu umas panadas de terçado. Dei parte, denunciei. Não aconteceu nada, pedi medida protetiva, mas acabou que voltei com a peste e, agora, quando estava tentando me separar aconteceu isso”, falou.
A reportagem tentou contato com o suspeito, mas não obteve resposta.