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Polícia

Justiça marca júri de policial penal que matou companheira para novembro de 2020 no Acre

Julgamento deve começar às 8h30 do dia 3 de novembro na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Rio Branco. Quenison Souza foi denunciado pelo crime de feminicídio e está preso no complexo penitenciário de Rio Branco

A Justiça do Acre marcou para o próximo dia 3 de novembro o júri popular do policial penal Quenison Silva de Souza, acusado de matar a companheira, Erlane Cristina de Matos, de 35 anos. O julgamento deve começar às 8h30 na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Rio Branco.

Erlane foi morta com um tiro na cabeça em março deste ano na casa do casal, no bairro Estação Experimental, na capital. O casal brigou depois de chegar da casa de um amigo. O sobrinho de Erlane, de 13 anos, que estava passando uma temporada com o casal, ouviu a briga e é testemunha no processo.

O acusado foi denunciado pelo Ministério Público do Acre pelo crime de homicídio qualificado por feminicídio.

Ao determinar que o júri fosse marcado, a juíza Luana Campos destacou que as provas comprovaram que o policial é o responsável pela morte da companheira. Além disso, a juíza acrescentou que ficou comprovado que o crime foi praticado com motivo torpe, uma vez que o acusado teve uma crise de ciúmes e matou a mulher.

No último dia 24, o servidor público foi interrogado na primeira audiência de instrução e julgamento do caso. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a audiência ocorreu por videoconferência.

Além do réu, ao menos dez testemunhas de acusação e defesa também foram ouvidas na audiência que durou cerca de quatro horas.

Tiro acidental

O advogado do policial, Maxsuel Maia, informou que a defesa vai pedir a absolvição dele no júri popular. A alegação é que a morte de Erlane ocorreu após um tiro acidental dado pelo marido.

“Não defenderemos outra tese que não seja a tese do disparo acidental e nós vamos pleitear a absolvição perante o conselho de sentença. Não é que seja nossa tese principal, é a nossa única tese. Foi um fatídico episódio ocasionado por um disparo de arma de fogo”, afirmou Maia.

O servidor público permanece preso no Complexo Penitenciário de Rio Branco, desde o dia do crime. Ele chegou a ser internado no Hospital de Saúde Mental (Hosmac), mas a Justiça determinou que ele voltasse ao presídio.

Pedido de habeas corpus

Um pedido de revogação da prisão foi feito pela defesa de Souza no último dia 18 de julho e, segundo o advogado, o pedido foi negado pela juíza Luana Campos, sob a alegação de que não haveria vagas disponíveis no Batalhão de Operações Especiais (Bope).

“Nós não conseguimos a transferência dele, continua no Complexo Penitenciário de Rio Branco, e agora a gente está focado 100% na preparação para esse plenário do júri. A defesa do Quenison não vai trabalhar com outra versão que não seja o que a gente entende como sendo verdade, que é o disparo acidental. Não existe nenhum outro pedido em trâmite e nem pretendemos”, afirmou o advogado.

O pedido está baseado no risco à integridade física do policial, já que estaria sendo ameaçado de morte. A defesa já fez outros pedidos de soltura e todos foram negados.

Relembre o caso

Quenison Silva de Souza foi preso no dia 12 de março e indiciado por feminicídio por matar a companheira, Erlane Cristina de Matos, de 35 anos, com um tiro na cabeça. O crime ocorreu na noite de 11 de março na casa do casal no bairro Estação Experimental, na capital acreana.

À polícia, Souza afirmou que o tiro foi acidental. O policial foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) à Justiça pelo crime de feminicídio.

O G1 teve acesso a um relatório psicossocial feito por uma psicóloga do Tribunal de Justiça que aponta o seguinte:

“Seus sentimentos são de intensa dor e arrependimento no que diz respeito ao ocorrido. Se sente culpado e em extrema vergonha perante sua família e seus amigos. Não consegue aceitar que uma tragédia como essa teve sua pessoa como responsável, pois sempre foi muito responsável com sua arma e com suas obrigações de esposa e pai de família”.