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Polícia

Justiça do AC nega pedido de prisão domiciliar a acusado de jogar namorada de carro em movimento

Justiça do AC nega pedido de prisão domiciliar a acusado de jogar namorada de carro em movimento

Lucas Oliveira está preso na Unidade de Regime Fechado 1 de Rio Branco desde o dia 30 de dezembro. Defesa alegou no pedido que ele faz uso de cateterismo

A Justiça do Acre negou o pedido de prisão domiciliar feito pela defesa de Lucas Oliveira, de 26 anos, acusado de jogar a namorada Emely Juliana, de 22, do carro em movimento durante uma briga para pegar o celular dela. A decisão é do juiz Alesson Braz, da 2ª Vara do Tribunal do Júri.

Oliveira foi preso preventivamente no dia 30 de dezembro pela Polícia Civil e está recluso na Unidade de Regime Fechado 1 de Rio Branco, a UP-4. O g1 não conseguiu contato com a defesa dele até última atualização desta reportagem.

No pedido para que a prisão preventiva fosse convertida em domiciliar, a defesa alegou que Oliveira sofreu um acidente no ano de 2015 e que precisa do uso de sonda para fazer cateterismo vesical intermitente quatro vezes ao dia. Além disso, alegou que o material para o procedimento é fornecido pela família do preso.

O Ministério Público opinou pelo indeferimento do pedido de prisão domiciliar e pediu que o preso tenha assistência médica necessária dentro da unidade prisional. Ao analisar o caso, o juiz Alesson Braz afirmou que a substituição da prisão preventiva não se justifica e que o uso da sonda não se enquadra em doença grave e sim em sequela de acidente.

Portanto, o magistrado indeferiu o pedido e determinou que o acusado possa fazer o uso da sonda fora da cela em que se encontra recluso, podendo ser na Unidade Básica de Saúde do presídio ou em outro local salubre em que o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) considere seguro.

Em fevereiro, o acusado já tinha tido um pedido de revogação da prisão preventiva negado pela Justiça. Na época, a defesa alegou que o réu é primário, tem bons antecedentes e possuiu deficiência permanente, que precisa de tratamento.

Uma câmera de segurança flagrou a ação, que foi registrada no dia 26 de dezembro, mas só repercutiu dois dias depois. (Veja vídeo acima).

A Polícia Civil confirmou no último dia 27 de janeiro que finalizou o inquérito que apura a acusação de Emely Juliana contra seu namorado, Lucas Oliveira. O inquérito foi presidido pela delegada Carla Coutinho, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), mas não pode ser detalhado porque corre em segredo de Justiça.

Ao todo três pessoas foram ouvidas, além do casal, uma amiga prestou depoimento, segundo a polícia. A Polícia Civil também não detalhou qual foi o indiciamento de Lucas.

Briga por celular

Ao g1, a jovem contou que ela e o namorado estavam na casa de um amigo do pai dela quando ele pediu para olhar o celular dela e ela recusou. Logo, eles se desentenderam e resolveram ir embora. No caminho de casa, a briga ficou mais intensa e ele começou a acelerar o veículo.

Emely disse que chegou a abrir a porta do carro várias vezes na tentativa descer, mas ele continuava acelerando e fazendo manobras dando voltas. Até que em determinado momento ele reduziu a velocidade e ela achou que ele iria parar o carro, abriu a porta, mas ele voltou a acelerar e, segundo ela, a empurrou.

“Em nenhum momento tentou me ajudar, ele desceu do carro e foi logo pegando meu celular”, contou a jovem.

Pelas imagens é possível ver o momento em que ela cai, bate a cabeça e fica deitada no meio da rua. O homem para o carro mais na frente, desce e vai até ela. Alguns segundo depois, ele pega o celular que estava no bolso da jovem e ela consegue se levantar e tenta pegar o aparelho.

Já próximo ao carro novamente, ele a empurra e depois ela se senta na calçada. Depois disso, Emely contou que Lucas ficou com o carro parado em rua próxima e que algumas pessoas se aproximaram.

Ela foi levada por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para a UPA da Sobral e depois registrou a ocorrência na delegacia da mulher.

Lucas foi candidato a deputado estadual no Acre pelo PSL nas eleições em 2018. Em 2016, o g1 contou a história dele que, após ficar quase um ano internado devido a um acidente de carro, saiu do hospital determinado a ajudar as pessoa e montou o Movimento de Apoio à Criança com Câncer (MACC).

O que alegou a defesa

O advogado Fábio Santos, que iniciou na defesa de Lucas, afirmou na época em que o caso veio à tona, que o vídeo que circulou nas redes sociais estava acelerado e que seu cliente não estava em alta velocidade. Ele disse ainda que Lucas informou que sua namorada já vinha ameaçando se atirar do carro e que ela estava alcoolizada.

“Analisando a imagem de uma maneira superficial, a primeira onde a jovem vai ao solo, a imagem está acelerada. O carro nem teria como estar em alta velocidade, porque logo em seguida, na esquina, já é uma rotatória. Então essa imagem está acelerada, não é fidedigna. A jovem acusa o Lucas de ter empurrado ela, e ele diz que ela vinha ameaçando se atirar do carro desde a outra pista e isso é fácil de comprovar porque temos outras imagens que comprovam essas alegações. Ele disse que não a empurrou e que ela se atirou”, afirmou o advogado.

Santos disse ainda que seu cliente alegava inocência. “Ele informa que ela estava bastante alcoolizada, que outras pessoas vieram prestar auxílio e ele só não ficou para levá-la para casa ou prestar outro auxílio porque logo que ele volta, as pessoas o hostilizaram.”

No entanto, a jovem alega que o namorado não tentou ajudá-la em nenhum momento e que, logo após deixá-la na rua, ele já mandou um áudio para ela afirmando que ela que tinha se jogado do carro e não ele empurrado. Emely contou ainda que Lucas chegou a ligar chorando para o pai dela para contar que ela tinha se jogado do carro e que não deixou que ele a ajudasse.