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Polícia

Justiça acata pedido de médico e adia reconstituição do acidente de moto aquática que matou jovem no AC

Maicline Borges morreu no dia 12 de janeiro de 2019, após ter a perna arrancada durante um acidente entre duas motos aquáticas na região da Quarta Ponte, no Rio Acre, em Rio Branco

Após determinar o retorno para a Polícia Civil do inquérito que investiga a morte da jovem Maicline Borges, a Justiça do Acre, que tinha marcado para esta quinta-feira (4) a reconstituição do acidente que matou a jovem em janeiro de 2019, acatou o pedido da defesa do médico Eduardo Velloso e adiou a reprodução simulada do acidente.

Na decisão, o juiz Alesson Braz, decidiu adiar a diligência devido à pandemia de Covid-19 e o estado se encontrar na fase vermelha, que é a de emergência, e afirma que deve ser remarcado quando o estado estiver na fase laranja.

“Assim sendo, defiro o pedido do investigado Eduardo Ovídio Borges Velloso Viana, determinando o adiamento da reprodução simulada dos fatos, que está agendada para o dia 4 de março de 2021, para data oportuna, podendo ser qualquer dia, após o início da fase de bandeira laranja”, diz no despacho.

A decisão do juiz ocorre mesmo com o parecer contrário da defesa da família da jovem e do Ministério Público Estadual (MP-AC) que pediu indeferimento do pedido do médico. E também da Polícia Civil que informou que o adiamento causaria prejuízos à conclusão da investigação.

Solicitação

A justiça havia solicitado a reconstituição ainda no ano passado, após pedido do Ministério Público.

A jovem morreu no dia 12 de janeiro de 2019 após ter a perna arrancada durante um acidente entre duas motos aquáticas na região da Quarta Ponte, no Rio Acre, em Rio Branco. O inquérito do caso foi concluído em abril do mesmo ano e indiciou o médico Eduardo Velloso por homicídio culposo e lesão corporal. Mas, o MP pediu que fosse feita a reconstituição.

Em maio de 2020, a Polícia Civil informou que o caso já tinha sido concluído e encaminhado ao Judiciário. E, na época, alegou que estava prevista uma reconstituição do caso, mas, devido o nível das águas do Rio Acre estar baixo, a perícia explicou que não seria possível realizar a reconstituição. O inquérito do caso foi concluído em abril de 2019 passado e indiciou o médico Eduardo Velloso por homicídio culposo e lesão corporal.

Adiamento

Com a data marcada para a reconstituição, a defesa de Velloso entrou com pedido para que a data fosse adiada, devido o período de pandemia e disse que não seria possível realizar a diligência sem desobedecer às medidas de proteção do contra o novo coronavírus, uma vez que reuniria várias pessoas na mesma lancha, com a simulação de duas pessoas em jet-ski e primeiros socorros.

Porém, tanto o Ministério Público quanto a defesa da família de Maicline se manifestaram contra o adiamento.

“Lá não vai ter aglomeração, só a Polícia Civil, o bombeiro para auxiliar e o perito. Não tem nenhum risco, além do cotidiano que qualquer está tendo hoje”, argumentou o advogado Rafael Teixeira, que representa a família de Maicline.

Já na sua manifestação, o MP disse que o adiamento da diligência causará prejuízo à conclusão das investigações, uma vez que deve ser considerado o nível elevado do rio, e com o possível adiamento, a reprodução teria que ser adiada por mais um ano e por isso pediu o indeferimento do pedido da defesa de Velloso.

O advogado de Velloso, Arquilau Melo, conversou com o G1 um dia antes da decisão do juiz e ele disse que não teria o que comentar e aguardava sair a decisão. Nessa quarta-feira (3), após a decisão, o G1 não conseguiu contato com o advogado.

“A notícia é a notícia, mas, por enquanto, vamos ver o que vai ocorrer. Não tenho nada a declarar”, disse na terça (2).

O advogado Rafael Teixeira disse que o adiamento deve ter como consequência mais um ano de espera para que a diligência seja feita, já o nível do Rio Acre já apresenta vazante.

“A decisão de adiamento da reprodução simulada dos fatos, a defesa recebeu e imediatamente comunicamos ao MP, e foi informado a gente que ele vai propor um mandado de segurança para tentar reverter a decisão, para manter a reprodução. A demora, simplesmente, tende a atrasar a reprodução para o ano seguinte e só quem tem a ganhar com isso é o acusado. Estamos no aguardo das providências do MP que é titular da ação penal.”

O G1 não conseguiu confirmar com o MP se o órgão entraria com mandado de segurança.

Inquérito concluído

O médico Eduardo Velloso foi indiciado pela Polícia Civil do Acre por homicídio culposo e lesão corporal pela morte de Maicline, em abril de 2019.

Na época, o delegado responsável pelo caso, Karlesso Néspoli, explicou ao G1 que indiciou apenas o médico pelo crime, porque, segundo ele, foi o médico quem bateu na moto aquática do empresário Otávio Costa, que estava com a vítima, e não o contrário.

A versão que a irmã da vítima deu, logo após o acidente, era outra. Na época, Hinauara Borges afirmou que a moto do empresário é que havia colidido contra a do médico, após uma manobra perigosa, conhecida por cavalo de pau.

“A moto do Eduardo, fizemos perícia, e o bico dela bateu na lateral do jet ski do Otávio. Veio de lateral e bateu. A perícia constatou e uma testemunha ribeirinha que mora no local falou que o acidente foi do outro lado do rio. Foi como se tivesse em um carro em uma direção e depois fosse para a contramão”, revelou o delegado na época.

Versão diferente da irmã

Em depoimento, a irmã de Maicline Borges falou que o empresário Otávio Costa, estava em alta velocidade e foi em direção à moto aquática do médico, que estava com ela. Segundo a jovem, Velloso teria encostado para dar espaço para o empresário quando viu que ele fazia um cavalo de pau.

Ainda de acordo com a versão da jovem, Otávio Costa perdeu o controle do veículo e bateu na moto aquática que ela estava com o médico. Porém, a polícia relatou que a perícia não confirmou a versão dada por ela.

“A perícia constatou que o Eduardo não estava parado. O ribeirinho também viu parte da situação. Não conseguimos evidenciar, na mesma hora que ela fala que o Otávio fez uma manobra arriscada também fala que o Eduardo estava parado, e constatamos que não estava. O ribeirinho falou que os dois estavam andando”, rebateu Néspoli.