Determinação ocorreu após a defesa do réu pedir avaliação da sanidade mental e apresentar laudo feito por psiquiatra e prontuários emitidos pelo Huerb que comprovaram que ele chegou a ser internado após surto psicótico. Crime ocorreu no dia 13 de agosto no bairro Bahia Nova, em Rio Branco
A Justiça do Acre determinou que o servente de pedreiro Cristiano Lima Arsenio, réu pela morte do filho de 5 anos com um corte no pescoço em agosto deste ano, em Rio Branco faça exame de sanidade mental. A decisão é da juíza Luana Campos, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.
O crime ocorreu na madrugada do dia 13 de agosto na casa da família no bairro Bahia Nova, na capital acreana. A mãe só percebeu que o filho estava morto pela manhã, quando foi no quarto das crianças.
A decisão ocorreu após a defesa de Arsenio pedir avaliação da sanidade mental dele e apresentar um laudo feito por um psiquiatra, que atesta que o réu é portador de “transtorno psicótico agudo polimorfo”, com sintomas esquizofrênicos. A avaliação ainda não foi marcada.
Além disso, o advogado Marcelo Santos Asensi apresentou à Justiça prontuários emitidos pelo Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) que comprovam que o acusado chegou a ser internado, em janeiro de 2019, após um surto psicótico.
“Ingressei com esse pedido para verificar a questão do tempo dos fatos, ou seja, se naquele dia ele estava com sua saúde mental perfeita ou se estava em surto, mas com base em documentos do hospital e laudo de um médico. Agora, vamos aguardar marcar o exame e sair o resultado do laudo”, disse o advogado.
Na decisão, a juíza Luana Campos nomeou o advogado Asensi como curador de Arsênio, já que não há informações de parentes próximos para assumir a situação. A magistrada deu ainda um prazo de 45 dias para que o Instituto Médico Legal (IML) apresente o laudo e suspendeu a ação penal até que o resultado do exame.
Denúncia
Arsênio foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) pelo crime de homicídio com as qualificadoras de futilidade, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e ainda destituição do poder familiar. A Justiça aceitou a denúncia e ele virou réu no processo.
O acusado foi preso em flagrante no mesmo dia do crime. Ele ainda tentou fugir, mas foi contido, preso e levado para a Delegacia de Flagrantes por policiais civis da 1ª Regional da capital. Ele chegou rindo à delegacia.
Logo após o pedido para que a prisão em flagrante fosse convertida em prisão preventiva, a Defensoria Pública do Estado (DPE), que fez a defesa inicial do acusado, chegou a pedir a liberdade provisória dele, já que ele era réu primário.
Além disso, alegou ele vinha enfrentando problemas de dependência química, e que vinha sofrendo perturbações mentais em razão de crises de abstinência.
Bebê dormia ao lado do irmão
Além do menino de 5 anos, o outro filho do casal, um bebê de 5 meses, dormia no berço ao lado do irmão.
Em depoimento na delegacia, o servente de pedreiro falou que teve um surto pela abstinência de drogas, foi na cozinha pegar uma faca e seguiu para o quarto dos filhos.
Após degolar o filho mais velho, o suspeito voltou para a cama, deitou ao lado da mulher e dormiu até de manhã, segundo informou o delegado responsável pelo caso, Frederico Tostes, na época.
Sem arrependimentos
Na época das investigações, além do acusado, a polícia ouviu também a mãe das crianças e um pastor, para quem Arsênio estava trabalhando. No depoimento, o suspeito não demonstrou arrependimento, segundo a polícia.
“Falou que há três semanas deixou de usar drogas, na abstinência teve uma perturbação mental e fez isso. Não ficou muito claro no depoimento, não falou muito. Disse que de madrugada pegou a faca e cortou o pescoço da criança. Perguntei se ele se arrependeu e disse: ‘não é tão simples assim’. Não quis falar que estava arrependido. Sem arrependimentos”, explicou o delegado.
O suspeito teria ainda ligado para o pastor, mas não falou nada e desligou o telefone.
A mulher afirmou à polícia que o marido sempre foi cuidadoso com os filhos e nunca agrediu eles. Ainda segundo o delegado informou na época, a mulher contou que estava dormindo e não ouviu nada. Quando acordou pela manhã foi que viu a criança já sem vida.