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Polícia

Durante operação da PF, ex-prefeito é preso com animais silvestres e arma sem registro em casa

Na casa de Vagner Sales polícia encontrou 4 jabutis e uma espingarda. Flagrante foi feito durante cumprimento de mandados judiciais da PF-AC

Alvo da Operação Acúleo, deflagrada pela Polícia Federal do Acre (PF-AC) nesta sexta-feira (11), o ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, foi preso em flagrante com animais silvestres e uma arma de fogo durante cumprimento de mandados judiciais em Cruzeiro do Sul, no interior.

A operação cumpriu 33 mandados judiciais em Rio Branco, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), e em Cruzeiro do Sul. Dos mandados, 18 eram de busca e apreensão e 13 medidas cautelares substitutiva à prisão e dois de afastamento cautelar de cargo público de pregoeiro e ex-prefeitos.

A ação teve como objetivo coletar novas provas para o inquérito que apura os crimes de fraude em licitação, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, peculato, crime de responsabilidade de prefeito e organização criminosa.

Na casa do presidente da Aleac, deputado Nicolau Júnior (PP), foram encontrados em um cofre mais de R$ 120 mil, além de um cordão de ouro, listas de funcionários comissionados e outros documentos. Ele nega envolvimento em crimes. A polícia afirma ainda que o deputado recebeu verba pública em conta pessoal.

A PF-AC também cumpriu mandados judiciais na fazenda de Vagner Sales. Na propriedade, segundo a polícia, foram encontrados quatro jabutis e uma espingarda. A defesa de Sales explicou à Rede Amazônica Acre que aguarda a polícia arbitrar fiança para o ex-prefeito pagar.

Sobre a operação, o advogado João Tota disse que também aguarda acesso aos autos para se manifestar.

Mais de R$ 5 milhões de prejuízo

A operação faz parte de uma investigação iniciada pela delegacia da Polícia Federal de Cruzeiro do Sul. Mais de 50 policiais federais participam da operação nesta sexta.

O delegado da PF em Cruzeiro do Sul, Tiago Souza, responsável pelas investigações, disse que os fatos apurados ocorreram entre o período de 2009 a 2020. Segundo ele, do total de mandados cumpridos na operação, 30 foram em Cruzeiro do Sul e três em Rio Branco.

“Em tese, temos várias cooptações de agentes públicos que ensejaram em possíveis fraudes licitatórias. E, por sua vez, existiam alguns recursos públicos desviados através de empresas de construção. Essa acaba sendo uma das premissas da investigação. Entre os envolvidos estão servidores públicos, agentes políticos, ex-servidores públicos e empresários”, disse Souza.

Conforme os primeiros levantamentos da investigação, a polícia calcula que houve um prejuízo de mais de R$ 5,1 milhões ao erário com a ação do grupo. “É um valor inicial que a ainda pode aumentar ou diminuir, de acordo com todo material de prova que foi recolhido na operação”, concluiu o delegado.

Como funcionava

Conforme as investigações, o grupo criminoso atuava com a cooptação de prefeitos e servidores públicos municipais e estaduais, onde recebiam vantagens financeiras para assegurar as fraudes em licitações.

Em seguida, eram efetivados os desvios e a apropriação de verbas públicas federais ocasionando grave prejuízo ao erário.

Uma das empresas investigadas chegou a vencer 32 procedimentos licitatórios na cidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, movimentando aproximadamente R$ 50 milhões, oriundos de contratos de obras públicas firmados com o ente público municipal.

Ainda de acordo com a PF, grande parte desses valores era operado às margens do Sistema Financeiro Nacional, na tentativa de ocultar a destinação, já que os sócios das empresas realizavam saques expressivos que chegavam a ultrapassar os R$ 12 milhões. Além disso, houve ainda diversas transferências eletrônicas destinadas a pessoas públicas.

Após o cumprimento dos mandados, a PF deve continuar com a apuração e análise do material apreendido na operação.