Segundo Iapen, situação já foi controlada. Pelo menos seis celas foram quebradas durante o motim
O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) confirmou que detentos de quatro blocos da Unidade Manoel Neri em Cruzeiro do Sul inciaram um motim na manhã deste sábado (4) nos blocos 7,8,3 e 4.
O instituto não detalhou o que de fato aconteceu, mas informou que pelo menos seis celas foram quebradas e que os prejuízos ainda estão sendo avaliados. Segundo o Iapen, o motim começou às 8h e foi controlado às 9h.
O diretor da unidade, Elvis Barros dos Santos, diz que o motim começou após os presos saberem que não haveria visitas neste sábado.
“Começou a batedeira nas grades, gritos, mas fizemos o controle da situação, verbalizamos bastante e fizemos os procedimentos”, conta.
Ele disse ainda que o ato demorou pouco tempo e que as celas não foram muito quebradas. O diretor disse ainda que o motim foi contido pelo Grupo Penitenciário de Operações Especiais (Gpoe) e também por policiais militares, que foram acionados.
O banho de sol dos presos também está suspenso devido ao baixo efetivo. O diretor alega que não houve feridos graves e que apenas um preso foi levado ao hospital para fazer um curativo na perna.
“Estamos fazendo aquilo que é previsto, estamos tentando fazer com que a categoria entenda que precisamos voltar com as visitas, mas ainda estão seguindo o operacional padrão. Esperamos que o mais breve possível,vamos poder retornar com a visita e banho de sol e espero que nos próximos dias essa questão tenha se resolvido”, disse.
Pelo quarto dia seguido, os policiais penais mantêm o acampamento em frente à Assembleia Legislativa do Acre e as visitas nos presídios do estado seguem suspensas neste sábado (4). Os policiais se negam a tirar banco de horas, cumprindo apenas o plano operacional padrão (POP), o que afetou as visitas nas unidades prisionais, que seguem suspensas desde o dia 17 de novembro.
O Iapen informou que pretende voltar com as visitas em todas as unidades prisionais no domingo (5). Um cronograma está sendo montado e deve ser divulgado ainda neste sábado.
Na quarta-feira (1), a categoria foi recebida recebida em audiência pública na Assembleia Legislativa do Acre. Após assembleia geral, a Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário do Acre (Asspen) emitiu uma nota dizendo que a categoria não aceitou a proposta sobre o enquadramento da carreira para o nível superior.
O presidente da Asspen, Éden Azevedo, disse que o governo pediu para que os policiais suspendessem o ato em frente à Aleac neste sábado e domingo (5) e voltassem para as negociações na segunda (6). Contudo, os servidores não aceitaram o acordo.
“Queriam que a gente saísse de lá no sábado e no domingo e voltasse na segunda. Falamos que se a lei fosse para a assembleia a gente saía, mas não foi, então continuamos”, resumiu.
Sem banco de horas
O policial penal Elias Marçal, que trabalha na unidade de Cruzeiro do Sul, diz que o motim ocorre porque a categoria se recusa a tirar o banco de horas, que é quando o policial, mesmo de folga, tira o plantão e recebe uma porcentagem para isso.
“Nosso efetivo é extremamente pequeno para conduzir os trabalhos nas penitenciárias do Acre, então os governos anteriores criaram uma situação que a gente costuma chamar de banco de horas, que é o policial penal que está de folga, ele volta ao serviço e recebe um percentual para trabalhar na sua folga e as atividades na penitenciária sempre foram conduzidas por esses servidores, porque o efetivo escalado diariamente era insuficiente para conduzir”, explica.
Desde o impasse entre a categoria e o governo, os policiais se negam a fazer o banco de horas e, por isso, várias atividades estão suspensas.
“Todos os policiais penais, de forma individual, tomaram essa decisão de não fazer mais banco de horas e por conta disso não tem como dar banho de sol ou conduzir visitas, porque nós estaríamos arriscando nossas vidas dentro dos pavilhões e também arriscando a vida dos familiares dos presos”, destaca.
Protestos de familiares
Na sexta (3), familiares de presos de Sena Madureira, interior do Acre, fecharam a BR-364, km 273, em frente à unidade prisional, pedindo a volta das visitas. O ato terminou na manhã deste sábado e a rodovia foi liberada, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC).
No último dia 26, parentes dos detentos impediram a passagem de veículos na BR-364, na ponte do de Sena Madureira. Os manifestantes, em sua maioria mulheres, exigiam a volta das visitas nas unidades prisionais do estado.
Em Cruzeiro do Sul, mulheres de presos também fizeram um protesto, no dia 26 de novembro, pedindo o retorno das visitas no Presídio Manoel Neri da Silva. As manifestantes fecharam a Ponte da União, que fica sobre o Rio Juruá. Uma extensa fila de veículos chegou a se formar rapidamente após o fechamento da ponte.
Na capital acreana, as manifestações de parentes dos presos ocorreu no dia 25 de novembro. Os familiares se reuniram em frente ao Palácio Rio Branco e fecharam ruas no Centro da capital exigindo a volta das visitas nas unidades prisionais do estado.
As visitas nas unidades prisionais foram suspensas a primeira vez no dia 17 de novembro devido à paralisação dos policiais penais.
Já no dia 26 de novembro, o Iapen chegou a divulgar que haveria visitas no Complexo Penitenciário de Rio Branco. Porém, os familiares dos detentos foram surpreendidos com o aviso de que não poderiam entrar no presídio. No domingo (28), houve visitas na unidade de Rio Branco, com o apoio da Polícia Militar, mas em seguida, dois presos conseguiram fugir da unidade.