Railson Ferreira e três policiais estavam no Seringal Curralinho, zona rural de Feijó, cumprindo um mandado de busca e apreensão quando filho de fazendeiro teria atirado em equipe
O delegado da cidade de Feijó, interior do Acre, Railson Ferreira relata que a ocorrência sobre apropriação indébita de gado atendida na última sexta-feira (17) foi uma emboscada para matar ele e os policiais que o acompanhava. A ação terminou com o policial civil Antônio Carlos, de 37 anos, mais conhecido por Carlinhos, ferido no abdômen e o filho do fazendeiro morto.
Na última sexta, policiais civil da cidade foram até o Seringal Curralinho, colocação carvão, zona rural de Feijó, cumprir um mandado de busca e apreensão. Um fazendeiro tinha buscado a polícia após bois de sua propriedade entrar na fazenda do vizinho.
O fazendeiro se negou a entregar os animais e ainda disse que faria a devolução apenas na presença da polícia. O dono dos animais buscou, então, ajuda policial e solicitou a devolução.
“Ao chegarmos no local, me apresentei como delegado, avisei para ele que iríamos fazer a retirada do gado para dar cumprimento ao mandado judicial de busca e apreensão, contudo, fomos surpreendido pelo seu Benedito, que é o proprietário, da fazenda e seu filho. Os dois estavam fortemente armados com duas espingardas e mais de 20 munições em pronto emprego, coisa que é anormal em uma fazenda, uma vez que as pessoas deixam o mínimo possível de cartucho, que são caseiros”, relembrou o delegado.
Ferreira destacou que o filho do fazendeiro foi o primeiro a apontar a espingarda para ele e o ameaçar de morte. “Eu pedi paz, levantei as mãos e pedi para ele abaixar a arma e disse que iríamos embora. Ele fechou a arma e efetuou o primeiro disparo, que, infelizmente, atingiu nosso policial que está internado no Hospital do Juruá”, contou.
Troca de tiros
A partir deste momento, o delegado diz que o fazendeiro também começou a atirar. Um dos policiais conseguiu acertar o filho do fazendeiro, que morreu no local. Para o delegado, pai e filho sabiam que ele iria até a propriedade e ficaram aguardando.
“Não houve nenhuma conversa, nem qualquer negociação, eles já sabiam que nós iríamos naquele dia dar cumprimento à ordem judicial e já estavam preparados para nos matar. O crime foi premeditado, houve uma tentativa de homicídio, um dos nossos policiais conseguiu com êxito alvejar o filho do seu Benedito e esse criminoso veio a óbito ainda no local”, confirmou.
O fazendeiro foi preso em flagrante na sexta. Ele passou por audiência de custódia e teve a prisão convertida em preventiva e será encaminhado para o presídio de Tarauacá, cidade vizinha.
Segundo o delegado, o fazendeiro tinha uma insatisfação com a Polícia Civil. “Ele queria que a gente prendesse possíveis autores de furto de gado dele, só que esse crime não aconteceu. Esse crime era falácia do filho dele, que era um faccionado e, em razão de não ter havido o cometimento de crime, a gente pediu o arquivamento do processo e assim o Poder Judiciário, que assim fez”, pontuou.
Railson Ferreira descreveu também que os tiros disparados pelo filho do fazendeiro eram para ele. Um deles pegou no policial, que segue internado no Hospital do Juruá em tratamento médico.
“Ele foi meu herói. Primeiro pegou o tiro que era para mim, e depois me puxou quando atiraram pela segunda vez. Mesmo ferido, ele me puxou”, agradeceu.