“Crime bárbaro, crime covarde”. A frase foi dita pelo delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, chefe do Departamento de Homicídios da Polícia Civil do Rio, nesta segunda-feira, sobre o assassinato do pastor Anderson de Souza. Segundo ele, as investigações apontam a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) como mandante da morte. Ela era casada com a vítima.
— Chegamos a 11 pessoas que serão responsabilizadas criminalmente por esse crime. Crime bárbaro, crime covarde. E hoje conseguimos finalizar essa investigação — disse o policial, em entrevista ao “Bom Dia Rio”.
Ao ver os policiais chegando à sua casa, no Badu, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Flordelis chorou. Quatro filhos que ela tinha com Anderson foram presos na residência. Na casa de Pendotiba, houve mais uma prisão; e uma neta foi presa em Brasília. A operação deflagrada nesta segunda para prender envolvidos no crime tem um total de sete suspeitos capturados. A deputada permanece em liberdade por ter foro privilegiado.
— Ela foi surpreendida com a nossa chegada. Chorou um pouco. Tem muita gente dentro da casa. O importante é que as prisões foram cumpridas e a investigação chegou ao fim hoje.
O delegado frisou que não há dúvidas de que a deputada planejou o assassinato por questões financeiras.
— A investigação chegou a essa conclusão: que ela planejou esse assassinato covarde. Motivação é porque ela estava insatisfeita com a forma que o pastor Anderson tocava a vida e fazia a movimentação financeira da família — disse ao “Bom Dia Rio”.
Sobre os filhos presos, ele diz que todos participaram o crime em algum momento:
— Todos eles têm uma participação que ficou comprovada no decorrer da investigação. Com todas as buscas que foram feitas, os depoimentos e as contradições chegamos a essa conclusão. Temos 11 pessoas respondendo criminalmente, levando em conta que a família são 55 (pessoas), nós temos 20% respondendo por esse crime.
Em relação à possível prisão da deputada, Antônio Ricardo disse que encaminhou para instâncias superiores a questão.
— O parlamentar tem a sua imunidade. Ele só pode ser preso em flagrante, por crime inafiançável. Então, ela responderá pelo crime, como mandante. E nós também pedidos medidas cautelares — destacou o agente.
Deputada responde por cinco crimes
Segundo a Polícia Civil, Flordelis foi indiciada por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada. A corporação informou que a DHNSGI encaminhará para a Câmara dos Deputados Federal uma cópia do inquérito com o resultado da investigação, que sejam adotadas as medidas administrativas cabíveis. O procedimento poderá levar ao afastamento da parlamentar para que ela responda pelo crime na prisão.
O pastor Anderson do Carmo foi assassinado em casa no bairro Badu, em Niterói, no dia 16 de junho de 2019. Na ocasião, Flordelis relatou em depoimento que o pastor teria sido morto durante um assalto. Ela informou ainda que eles tinham sido seguidos por suspeitos em uma moto quando voltavam para casa.