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Confronto com a polícia acaba com dois mortos na fronteira do Acre com a Bolívia; suspeitos seriam líderes de facção

Confronto com a polícia acaba com dois mortos na fronteira do Acre com a Bolívia; suspeitos seriam líderes de facção

Equipes policiais estavam na Operação Hórus quando receberam informações de que homens armados estavam ameaçando moradores e invadindo casas no bairro Leonardo Barbosa, em Brasileia, interior do Acre

Mais duas mortes violentas na fronteira do Acre com a Bolívia foram registradas no final da tarde desse sábado (16). Raimundo de Castro Oliveira e Sérgio Emanuel Gadelha Ferreira morreram em confronto com a Polícia Militar em Brasileia, interior do estado.

Equipes da Companhia de Operações Especiais (COE), do Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro do 5º BPM), Grupo Especial de Fronteira (Gefron), do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) e Polícia Penal estavam na Operação Hórus, do Programa Vigia do governo federal, quando receberam informações de que homens estariam andando armados, invadindo residência e ameaçando moradores do bairro Leonardo Barbosa, em Brasileia.

A Polícia Militar (PM-AC) informou, neste domingo (17), que identificou dois possíveis líderes de uma organização criminosa que estariam obrigando moradores a levar alimentos e bebidas para uma casa abandonada, onde eles estavam escondidos.

Os policiais, então, fizeram o cerco e mandaram os suspeitos saírem da casa. O pedido foi negado e os policiais invadiram o local, sendo recebidos a tiros pelos ocupantes. Houve troca de tiros e, conforme o relato policial, os dois suspeitos foram achados baleados e caídos no chão quando a equipe entrou.

Raimundo Oliveira e Sérgio Ferreira ainda chegaram a ser levados para o Hospital Regional do Alto Acre, mas morreram durante atendimento médico.

As equipes conseguiram apreender dois revólveres calibre 38 sem marca e numeração e ainda 21 munições calibre 38 e 50 munições calibre 9 milímetros.

A PM-AC afirmou também que os rapazes eram suspeitos de alguns homicídios praticados na fronteira nas últimas semanas.

O g1 , entrou em contato com o delegado responsável pelo caso, Ricardo Castro, para tentar mais detalhes sobre a ocorrência, mas ele afirmou que não poderia dar mais informações no momento.

operacao policia webOperação Hórus apreendeu armas e munições após confronto na fronteira — Foto: Arquivo/Polícia Militar

Tensão na fronteira

Após três anos de redução no número de mortes violentas, o Acre voltou a registrar clima de tensão e derramamento de sangue entre o final de março e início do mês de abril. A guerra entre os grupos criminosos se intensificou na fronteira do Acre com a Bolívia deste então.

Segundo o secretário de Segurança Pública, coronel Paulo Cézar, o motivo para os novos enfrentamentos entre os grupos criminosos foi a morte de um traficante, chefe de uma facção na Bolívia. A ordem para o assassinato partiu de dentro do presídio da cidade boliviana de Riberalta e, após o crime, vários ataques foram registrados tanto no país vizinho quanto nas cidades acreanas que estão na fronteira.

“A guerra iniciou na Bolívia e envolve o domínio das rotas de tráfico de dentro do território boliviano e também acreano, em especial no Alto Acre. Apesar de ter um rio que separa, são cidades gêmeas, que têm uma integração econômica, social e, consequentemente, criminal também. Tanto que uma das maiores dificuldades na atuação das forças policiais é o fato de eles [criminosos] ficarem migrando de um território para o outro. Todas as mortes que ocorreram no Alto Acre têm ligação com esse confronto entre facções”, afirmou ao g1 no dia 6 de abril.

O secretário disse ainda que o crime organizado está instalado em toda América do Sul, em especial nos países que produzem cocaína e maconha e também naqueles que são grande mercado consumidor ou que possuem infraestrutura para exportação da droga.

“Então, qualquer movimento do crime organizado em algum desses territórios que ele tem domínio, isso pode gerar retomada da guerra. Em 2017, por exemplo, que teve o resultado avassalador no Acre, que figurou como o estado mais violento do país naquele ano, teve como embrião a morte de um traficante em uma cidade no Paraguai. Desta vez, foi uma morte encomendada na Bolívia que desencadeou toda essa violência no Alto Acre. Então, o crime é sistêmico e não necessariamente ele depende de fenômenos locais”, explicou.