Projeto ainda está em fase de elaboração, segundo o chefe do gabinete militar municipal, coronel Ezequiel Bino. Programa Rio Branco Mais Segura, implantado no fim do ano passado, tem auxiliado em alguns casos, mas o monitoramento por câmeras não alcança todas as ocorrências
Com a frequência cada vez maior de furtos de fios em Rio Branco, a Prefeitura da capital acreana iniciou a elaboração de um projeto que quer remunerar denúncias que levem aos envolvidos, principalmente receptadores desses materiais. Ainda em fase inicial, o projeto deve contar com um grupo de trabalho que vai definir como deve ser executado, segundo o chefe do Gabinete Militar municipal, coronel Ezequiel Bino.
“Está sendo editado um decreto pelo prefeito, criando um grupo de trabalho encarregado de elaborar uma política de recompensa para denúncias de receptadores desses materiais. A prefeitura vai passar a remunerar as denúncias, mas isso está começando, ainda está sendo elaborado”, explica.
Uma proposta semelhante foi levada a plenário na Câmara Municipal pelo vereador João Marcos Luz (MDB), da base aliada do prefeito Tião Bocalom. Durante a sessão desta quinta-feira (23), o parlamentar sugeriu o pagamento de R$ 1 mil por informações que levem aos envolvidos nos crimes, também com foco em receptadores, como na proposta da gestão municipal.
“Temos que ir atrás desses receptadores, porque eles incentivam a prática desse crime”, afirmou Luz.
Recorrência dos furtos
Na última terça-feira, uma dessas ocorrências impediu o início do desfile dos blocos carnavalescos na Avenida Getúlio Vargas, no Centro. Com o furto de fios da iluminação preparada para o evento, as apresentações começaram com mais de 1h de atraso.
E o problema também afeta os semáforos da capital. Nesta quinta-feira (23), dois carros colidiram na Rua Pernambuco por conta do semáforo que está há pelo menos dois dias sem funcionamento. Ninguém ficou ferido e houve apenas danos materiais.
A população sofre com os transtornos, e moradores da região contaram a equipes da Rede Amazônica Acre que diversas vezes as casas são invadidas por falta de iluminação. Com medo, os vizinhos criaram até um grupo de conversa em um aplicativo de mensagem para monitorar a casa uns dos outros e também ficarem alertas sobre qualquer situação estranha.
Câmeras de monitoramento
Enquanto as propostas são estudadas, uma ferramenta já existente que poderia auxiliar no problema é o monitoramento por câmeras do projeto Rio Branco Mais Segura, implantado no fim do ano passado.
O projeto teve investimento inicial de mais de R$ 3,8 milhões e foi elaborado pela gestão municipal em parceria com a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). São mais de 300 câmeras instaladas em regiões prioritárias, para a cobertura em tempo integral de praças, escolas municipais, unidades de saúde, mercados, áreas de comércio popular, terminais rodoviários, parques e vias públicas. Câmeras fixas, móveis, de leitura de placas de veículo e de reconhecimento facial em locais estratégicos da cidade, operadas por sistemas analíticos inteligentes.
Coronel Bino ressalta que há casos em que as imagens detectam casos e identificam os autores, porém, mesmo em operação, o monitoramento ainda não consegue abranger totalmente os pontos onde os furtos de fiação são mais frequentes. Ele ressalta ainda que por serem muitas horas de gravação, as equipes têm dificuldades em chegar ao momento exato das ocorrências.
“Tem pontos que não são cobertos pelas câmeras. Nesses casos específicos, a gente está buscando as imagens, são muitas horas, e não sabemos o momento exato. Mas já tivemos outros casos em que flagramos, mas o autor correu e não foi possível prendê-lo. Há casos específicos que conseguimos flagrar furtos e tentativas em locais monitorados. Nem sempre ocorrem onde as câmeras estão”, destaca.