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Polícia

Caso Géssica: policial que atirou em enfermeira já respondeu por outra morte de jovem em confronto

Caso Géssica: policial que atirou em enfermeira já respondeu por outra morte de jovem em confronto

Dois policiais foram presos pela morte de Géssica, no último dia 2. Um dos militares já tinha sido denunciado pela morte de adolescente em 2020 durante confronto com Gefron, mas processo foi arquivado por falta de provas

Os dois policiais militares que atiraram e mataram a enfermeira Géssica Melo de Oliveira, de 32 anos, no último dia 2 de dezembro seguem presos. A vítima morreu após ser baleada em Senador Guiomard, no interior do Acre, durante uma perseguição policial do na BR-317.

A enfermeira teve um pulmão e o estômago atingidos por dois tiros disparados pelo Grupo Especial de Fronteira (Gefron) durante perseguição policial.

Os militares presos estão:

  • sargento Gleyson Costa de Souza
  • sargento Cleonizio Marques Vilas Boas.

O g1 entrou em contato com o advogado dos policiais, Matheus Moura, que informou que entrou com um habeas corpus nesta sexta-feira (8) no Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).

“Ainda estamos requerendo o reconhecimento da ilegalidade da prisão, pedindo que ela seja relaxada, pelos inúmeros vícios insanáveis. Do mesmo modo, também requeremos a aplicabilidade de medidas cautelares diversas da prisão, como por exemplo o afastamento dos policiais do ostensivo (para trabalharem no setor administrativo), suspensão do porte de arma e monitoramento eletrônico”, disse o advogado.

Um dos militares envolvidos na morte da enfermeira, o sargento Cleonizio Vilas Boas, foi denunciado por homicídio contra o adolescente Álvaro Praxedes Santana, ocorrido no dia 1º de outubro de 2020, em Brasileia, interior do Acre. No entanto, por falta de provas suficientes, a Justiça arquivou o processo.

Na época, além do adolescente, um outro rapaz morreu em um confronto com Grupo Especial de Fronteira do Acre (Gefron), no município de Brasileia. Outros dois ficaram feridos. A polícia informou naquele ano que o grupo atuava com pichações e na tomada de território, fazia ameaças e disparos de arma de fogo.

Após a morte da enfermeira, o Ministério Público do Acre (MP-AC) abriu um inquérito civil para cobrar a aquisição e uso de câmeras operacionais portáteis pelas Forças de Segurança do Acre. Com objetivo de auxiliar o inquérito, a Promotoria Especializada de Tutela do Direito Difuso à Segurança Pública, marcou para o próximo dia 19 de dezembro uma audiência pública para discutir a utilização de câmeras corporais pelas forças de segurança. O evento acontecerá das 8h às 12h, no auditório do edifício-sede do MPAC.

O que diz a polícia

A coordenação do Gefron informou que um policial da equipe viu a motorista com uma arma nas mãos e atirou em direção ao carro na tentativa de pará-lo. Após os disparos, no quilômetro 102, nas proximidades da entrada do Ramal da Alcoolbrás, a enfermeira perdeu o controle do veículo, entrou em uma área de mata e bateu o carro em uma cerca.

Em nota, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) disse que foram efetuados cinco disparos em direção ao veículo. Contudo, a família afirma que havia mais de dez perfurações no veículo. O carro foi retirado do local em cima de guincho e, conforme a família, levado para a PRF-AC.

Géssica tinha depressão e, possivelmente, teve um surto no sábado e saiu dirigindo em direção ao interior do estado. Após a morte, a polícia diz que achou uma pistola 9 milímetros jogada próximo ao local onde o carro parou. A arma é de uso restrito das forças armadas.

A família contesta a versão apresentada e diz que a enfermeira não tinha arma de fogo. Dois militares, que estavam na ação foram presos em flagrante e, nessa segunda-feira (4), a Justiça decretou a prisão preventiva dos policiais durante audiência de custódia. O Ministério Público Estadual (MP-AC) pediu a conversão da prisão em flagrante em preventiva. Os policiais seguem presos no Batalhão Ambiental, em Rio Branco.

O MP-AC também instaurou, de ofício, um procedimento investigatório criminal para apurar possível crime de homicídio doloso que teria sido praticado pelos militares. A investigação ocorre independentemente da apuração anunciada pela Corregedoria da Polícia Militar do Acre e pela Polícia Civil.