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Polícia

Caso Géssica: Defesa de PMs presos pede apreensão de armas de outras guarnições que atuaram no caso

Caso Géssica: Defesa de PMs presos pede apreensão de armas de outras guarnições que atuaram no caso

Advogado ressaltou que perícia de material bélico é essencial, mas argumenta que é preciso que todos os agentes passem pela análise, e não apenas Cleonizio Marques Vilas Boas e Gleyson Costa de Souza, presos desde 2 de dezembro. Justiça ainda não decidiu sobre o pedido

A defesa dos policiais militares Cleonizio Marques Vilas Boas e Gleyson Costa de Souza, presos pela morte da enfermeira Géssica Melo de Oliveira em dezembro do ano passado, pediu ao juízo da Vara Criminal de Senador Guiomard, no interior do Acre, que sejam apreendidas as armas de agentes de todas as guarnições que participaram da perseguição policial que terminou com a morte de Géssica, e não apenas dos dois PMs presos.

O advogado Matheus Moura ressaltou que perícia de material bélico é essencial, mas argumenta que é preciso que todos os agentes passem pela análise. No pedido, a defesa cita que foram apreendidos armamentos do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), deixando de fora equipamentos de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC) e de uma guarnição da PM do município de Capixaba, que foi a primeira a tentar abordar Géssica.

“Ressalta-se que a imprescindibilidade de periciar as armas dos demais policiais envolvidos é de extrema importância, pois, será verificado se houve mais disparos além dos 05 (cinco) supostamente realizados pelos investigados. Ademais, é importante mencionar que os investigados só iniciaram a perseguição após a guarnição da PMAC de Capixaba já ter perseguido por mais de 30 (trinta) quilômetros anteriormente”, alega Moura.

Ao g1, o advogado informou nesta quinta-feira (18) que a Justiça ainda não decidiu sobre o pedido, e também não houve manifestação por parte do Ministério Público. O requerimento cita ainda que foram feitos, supostamente, cinco disparos na perseguição.

Vilas Boas e Souza estão presos desde o dia 2 de dezembro, e no dia 27 tiveram um pedido de soltura negado.

“Estamos aguardando os laudos periciais para de fato iniciarmos a elucidação do evento de maneira concreta em defesa dos policiais”, acrescenta.

gessica1Géssica Oliveira morreu após ser baleada pelo Gefron durante perseguição policial na BR-317 — Foto: Arquivo pessoal

O caso

Géssica morreu durante uma perseguição policial no dia 2 de dezembro na BR-317, em Capixaba, interior do Acre. O Grupo Especial de Fronteira (Gefron) afirma que Géssica estava armada, fazia manobras perigosas que colocavam em risco a vida de outras pessoas e por isso atiraram no carro para pará-la.

Após a morte, a polícia achou uma pistola 9 milímetros jogada próximo do local do acidente. A arma é de uso restrito das forças armadas.

A família contesta a versão apresentada e diz que a enfermeira não tinha arma de fogo. Ainda segundo os parentes, Géssica sofria de depressão, teve um surto, pegou o carro e saiu dirigindo em direção ao interior do estado. Ainda conforme a família, a enfermeira teve pulmão e estômago atingidos por tiros.

A enfermeira morava no bairro Jorge Lavocat, em Rio Branco. O irmão afirmou também que o carro usado por Géssica está no nome de uma amiga dela, que inclusive é médica e a atendeu no hospital de Senador Guiomard. “O carro era da Géssica, mas estava no nome da Fabíola, não tinha transferido ainda. Eram amigas, tinha comprado esse carro há algum tempo”, complementou.

Mais de um mês após a morte de Géssica, as investigações ainda não foram concluídas. O delegado Rômulo Barros confirmou ao g1 nessa terça-feira (16) que vai pedir prorrogação do prazo à Justiça, mas que o inquérito não deve demorar para ser concluído. Barros investiga se o caso se trata de um homicídio.

“Vou concluir o mais breve possível. Encaminharei hoje [segunda-feira,15] o pedido de prorrogação. Ouvi mais de 20 pessoas, entre parentes, os policiais e outros envolvidos. Foram solicitadas várias perícias e oitivas. Assim que tiver concluído, encaminharei ao Judiciário”, contou.