Mateus Sousa responde por homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e violência doméstica. Defesa trata o caso como ‘acidente’
O caseiro Mateus Lima de Sousa, acusado de matar a namorada Lauane do Nascimento Melo, de 16 anos, com um tiro no olho, é ouvido nesta quinta-feira (14) em audiência de instrução na 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar, em Rio Branco.
Inicialmente, a audiência tinha sido marcada para o dia 19 de dezembro, mas a Justiça decidiu adiantar para esta quinta (14). A informação foi confirmada ao g1 pela advogada do acusado, Viviane Silva dos Santos Nascimento.
A jovem foi morta em 21 de julho deste ano em uma chácara da Estrada do Barro Vermelho, em uma região após o Complexo Prisional de Rio Branco.
Sousa responde pelo crime de homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e violência doméstica. Ele segue preso no presídio Francisco de Oliveira Conde.
A advogada do acusado disse que além dele, devem ser ouvidas na audiência desta quinta quatro testemunhas. A defesa afirmou que está confiante que o caso vai ser esclarecido e que a tese de que o crime foi “acidental” vai ser confirmada pelos depoimentos.
“Ele é uma pessoa com baixa visão, tem apenas 20% só da visão, inclusive, é uma pessoa que, na verdade, até dependia muito da vítima para guiá-lo, porque ele realmente tem essa deficiência visual. Tem a questão de ser uma arma artesanal, ou seja, era de difícil manuseio, de trava, então realmente foi um acidente, eles iam sair na hora que aconteceu o acidente, inclusive, ela estava auxiliando ele. Então, o que a defesa pretende é realmente demonstrar que foi um trágico acidente. A defesa lamenta profundamente a perda da família, assim como ele lamenta. Era uma companheira, e eles se davam muito bem, até que veio esse acidente. Acreditamos que a justiça será feita, e tudo será devidamente esclarecido. Esse é o objetivo da instrução”, afirmou a advogada.
Tiro acidental
No processo, Mateus Sousa alega que o tiro foi acidental. Contudo, a mãe da vítima afirmou que tinha presenciado o rapaz ameaçar a filha de morte.
Após cometer o crime, Sousa fugiu e só se apresentou na delegacia de Sena Madureira, no interior do Acre, três dias depois.
No dia 30 de julho, o Plantão Judiciário de Rio Branco negou liminar de um habeas corpus que pedia a soltura do suspeito. Para fundamentar o pedido, a defesa alegou que o disparo foi acidental, levando em conta que o acusado tem pouca visão e no dia do crime tinha ingerido álcool misturado com medicamento diazepam.
Contudo, após a conversão da prisão temporária para preventiva, o juiz Alesson Braz analisou o mérito do pedido e negou a liberdade para Mateus Sousa.
Investigação
Ao g1, a delegada Elenice Frez disse que o laudo pericial indicou que a arma foi encostada no rosto da vítima e, em seguida, disparada. “Porém, como não havia nenhuma testemunha no local e ele não falou a verdade é impossível saber o que de fato aconteceu no momento do crime. Familiares da vítima informaram que ele a ameaçava desde o início do relacionamento, inclusive de tiro no rosto”, complementou.
A autoridade policial contou também que o crime foi praticado mediante “mistura de agressividade com uso de drogas juntamente com medicamento de uso controlado obtido sem receita”. Com o resultado do laudo, para a delegada, o suspeito agiu dolosamente, e não de modo culposo como alegou no interrogatório.
O suspeito trabalhava como caseiro na chácara onde ocorreu o crime. Antes de fugir, ele foi até o gerente da propriedade e contou que tinha matado a mulher. O gerente foi até a chácara, encontrou a vítima morta em cima da cama e avisou para o dono da propriedade, que chamou a polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).