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Polícia

Após três meses, família segue sem respostas da execução de ex-prefeito de cidade no AC: ‘angústia’

‘Conviver sem o Gedeon já está difícil, pior ficará se conviver com a impunidade’, diz viúva. Ex-prefeito de Placido de Castro, no interior do Acre, foi morto dia 20 de maio

“Por que os autores ainda não estão presos?” Este é o principal questionamento de Lúcia Barros, viúva do ex-prefeito da cidade de Plácido de Castro, no interior do Acre, Gedeon Barros, três meses depois da morte dele e sem ter ainda uma resposta do que aconteceu.

O ex-gestor foi assassinado na manhã do dia 20 de maio, no bairro Santa Inês, no Segundo Distrito de Rio Branco. Dois homens chegaram em uma moto e executaram o ex-gestor, fugindo em seguida para o bairro Belo Jardim, onde se concentraram as buscas da polícia, na época.

Passados 90 dias, a polícia ainda não apresentou uma resposta para o caso. Em julho deste ano, o delegado Marcus Cabral, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que preside o inquérito, informou que estavam sendo apuradas várias linhas de investigação e que ele não podia passar mais informações porque o processo corre em segredo de justiça. Nesta semana, o G1 tentou por dois dias seguidos falar com Cabral, mas não obteve resposta.

“Já se passaram mais de 90 dias. Até o momento, não tive uma posição concreta do que está acontecendo com o caso Gedeon. A minha esperança é que a justiça seja feita. Mas até o momento nada foi desvendado. Eu e as pessoas que o amam precisam de uma resposta. Não podemos aceitar que um crime tão cruel como esse caia na impunidade”, disse Lúcia.

‘Vida não é a mesma’

Além de conviver com a dor da perda do marido, Lúcia desabafa e afirma que o sentimento da impunidade torna a situação ainda mais delicada.

“Minha vida já não é mais a mesma. Conviver sem o Gedeon já está difícil, pior ficará se conviver com a impunidade. Rogo por justiça. Tenho fé em Deus e peço a ele todos os dias por uma luz, por justiça. Que Deus guie as investigações e que possam o mais breve possível chegar aos culpados”, desabafa.

Para a viúva ficam os questionamentos, dos quais ela ainda aguarda resposta. “Por que os autores ainda não estão presos? São mais de 90 dias de angústia. Sem resposta. Quem são os autores? Quem mandou tirar a vida do Gedeon? A troco de quê?”

Lúcia diz que a falta de resposta reforça o sentimento de insegurança, e apela para que o caso não fique impune.

“Os dias se passam e a falta de resposta só me traz insegurança. Toda a população de Plácido de Castro está apreensiva. Faço aqui um apelo a todas as autoridades competentes, em especial ao Secretário de Segurança Pública, que não permitam que a crueldade que fizeram com um pai de família, esposo, homem que sempre fez o bem a todos sem olhar a quem, forte e de fé, fique sem resposta, e caia no esquecimento”, conclui.

Crime

Barros estava dentro do carro e foi atingido com disparos de arma de fogo na cabeça. A esposa do ex-prefeito prestou depoimento na Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) no mesmo dia que o marido foi morto.

Em junho, a Polícia Civil informou que pediu à Justiça do Acre a quebra do sigilo bancário e telefônico de alguns investigados no assassinato. A Justiça tinha um prazo de 15 dias para responder a solicitação. Nesta quinta, o delegado preferiu não falar sobre o pedido.

No dia 31 de maio, o delegado responsável pelo caso, Marcus Cabral, revelou que tinha ouvido oito pessoas sobre o crime até aquele momento. As investigações do caso seguem em segredo de Justiça.

No dia 15 de julho, Cabral chegou a afirmar que já tinha suspeitos do crime, mas disse que ainda não podia afirmar sobre a autoria e que investiga informações de que os executores foram identificados.

“Suspeitos a gente pode afirmar que tem, a gente já apurou e estamos investigando as várias linhas de investigação. É um crime muito complexo de elucidar, mas, em breve estaremos apontando todos os autores, finalizando o inquérito e encaminhando ao judiciário para as devidas providências”, disse à época.

Ex-gestor de Plácido de Castro

Barros foi prefeito da cidade de Plácido de Castro entre os anos de 2016 a 2020, quando ele concorreu à reeleição, mas foi derrotado nas urnas no ano passado. O ex-prefeito era empresário e foi gestor da cidade apenas por um mandato.

Durante a gestão, Barros teve o nome divulgado em uma lista de nove prefeitos de nove cidades do Acre, como ficha suja do Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC), de agosto do ano passado. Os gestores têm condenações transitado em julgado nos últimos oito anos. As condenações incluem diversos processos, entre os quais desvios ou problemas na administração do dinheiro público.

Investigações da Polícia Federal na Operação Contágio, também apurou supostas irregularidades em licitações que teriam ocorrido no primeiro semestre do ano de 2020 no município. Conforme a PF, um dos contratos investigados envolvia mais de R$ 500 mil para a compra de equipamentos de proteção individual (EPI’s) para profissionais da saúde que atuavam no combate à pandemia causada pela Covid-19, na mandato dele.