Cristiano Dias da Silva foi encontrado morto dentro da cela que ocupava na segunda-feira (22). De acordo com o Iapen-AC, médicos do Samu constataram que ele sofreu um infarto. Família diz que ele possuía transtornos mentais e que estava desassistido na cela, e vai levar o caso ao judiciário
Após a morte do detento Cristiano Dias da Silva, de 46 anos, na manhã da última segunda-feira (22) no presídio Manoel Neri da Silva, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, a família questiona a versão oficial que atribuiu o caso a um possível infarto e diz que a certidão de óbito apontou engasgo.
De acordo com o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Silva estava sozinho na cela que ocupava e não levantou da cama na manhã do dia 22. Policiais penais foram até o local e o encontraram desacordado.
O Serviço de Atendimento Móvel em Urgência (Samu) foi acionado, e constatou uma parada cardíaca como causa provável da morte. Silva era paciente do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps).
De acordo com Graciete Nascimento, prima de Silva, a família recebeu o atestado nessa semana, e o documento apontou a causa da morte como asfixia mecânica por bronco aspiração de alimentos.
“Essa semana, recebemos o atestado de óbito dele, e o diretor do presídio fala de um possível infarto, o atestado não relata isso na causa da morte. A causa da morte do Cristiano foi asfixia mecânica por broncoaspiração de alimentos. Ou seja, morreu engasgado”, afirma.
Ainda conforme a prima de Silva, ele fazia uso de medicamentos para tratamento psiquiátrico e chegou a passar mal e ser levado ao pronto socorro do município dois dias antes de morrer por consumir uma alta dosagem do medicamento Depakene. Na ocasião, ele passou por exames que não apontaram nenhum outro problema de saúde e ele foi levado de volta à unidade.
A família diz que, por conta do transtorno psiquiátrico que possuía, Silva tinha direito a um cuidador, e atribui a morte dele a suposta omissão do presídio. Agora, a família pretende levar o caso ao judiciário.
“Ele tomava essa medicação, pois além de ser uma pessoa deficiente ele era epilético e tomava todos os medicamentos. O Cristiano, por ser uma pessoa deficiente, jamais poderia ficar só. Quando ele estava com a gente, a gente sempre estava presente nas refeições, porque já sabíamos que poderia acontecer, como já aconteceu de ele se engasgar lá em casa, e a gente fazia todos os procedimentos, então nunca aconteceu dele passar mal. Já chegamos até a abrir a boca dele para tirar o alimento. Na cela, como ele estava sozinho, e passou mal, não tinha ninguém para ajudá-lo”, diz.
A equipe da Rede Amazônica Acre em Cruzeiro do Sul e o g1 entraram em contato com a direção do presídio, que informou não ter acesso ao atestado de óbito. Já o Iapen-AC não retornou ao contato.
“Não tinha ninguém na hora, ele precisaria de um cuidador, e não tinha nenhum profissional. E a gente sabe que lá [no presídio] não tem. E isso nos deixa revoltados, e queremos justiça. A justiça tem que ser feita”, finaliza Graciete.