Dois advogados foram conduzidos à sede da superintendência da Polícia Federal, em Rio Branco,
durante ações da Operação Troia, desencadeada na manhã desta quarta-feira (17). Eles são suspeitos de serem mensageiros de presos do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
“Os advogados eram garotos de recado, integravam a organização criminosa. E também vão ser responsabilizados como membros de facção. Os advogados e alguns parentes são quem têm acesso aos presos do RDD e estão lá justamente por causa da periculosidade e evitar que tenham contato com outros membros e os advogados facilitavam isso”, disse o delegado Fares Feghali.
Ainda segundo o delegado, que passou os detalhes durante coletiva de imprensa, nesta quarta, esse contato facilitava que os chefes passassem os comandos de ataques, julgamentos de membros, sobre a vida e morte, espancamento e assassinato de membros de facções rivais.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AC), Erick Venâncio, disse que a lei foi cumprida no sentido do andamento da operação, a ordem foi avisada antes e que a comissão de prerrogativas esteve presente durante as buscas e apreensões nos dois escritórios.
Além disso, ele informou que vão apurar e, se houver elementos que indiquem conduta irregular dos advogados, punir.
Foco
A operação teve como foco desarticular ações de um grupo criminoso no estado, e cumpriu 20 mandados de prisão. Ainda foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão e três armas foram apreendidas, uma quantia de drogas que ainda não foi contabilizada pela PF.
A PF informou que as investigações duraram cerca de um ano e resultou na prisão do presidente, vice-presidente, conselheiros e outros membros da organização criminosa que atua no estado. Alguns já estavam presos e outros em liberdade.
De acordo com o delegado Feghali, os crimes cometidos iam desde roubos, furto, assassinatos, tráfico de drogas e armas e associação a organização criminosa.
Trabalho conjunto
A operação foi desencadeada num trabalho em conjunto da Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE-AC), e com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.
O coordenador adjunto do Gaeco, Bernardo Albano, disse que o foco foram os conselheiros do grupo criminoso e que as ações devem continuar.
“Nós conseguimos a responsabilização de alguns conselheiros que estavam presos, que estavam com data prevista para progredir para o semiaberto ainda este ano e que estão recebendo mandado de prisão e também lideranças que estavam em liberdade determinando o crime”, disse.
Ainda de acordo com o promotor, esses criminosos foram encontrados, inclusive, um deles estava foragido com a tornozeleira rompida. “Na presente data dessa operação, ele foi recapturado e recebeu novo mandado de prisão”, destacou.
A operação contou com quase 150 policiais e também com o Comando de Operações Táticas da PF (COT), que foi enviado de Brasília para dar apoio aos cumprimentos de mandados.