Francisco da Silva Barroso foi achado pelos policiais na Estrada da Borracha, em Xapuri, nessa quinta-feira (11). Ele estava foragido desde março de 2022 quando descumpriu as medidas cautelares e teve a prisão domiciliar revogada
O acusado de matar o presidente do PSOL, Josemar Conde, durante uma disputa de terras em Xapuri, interior do Acre, foi preso nessa quinta-feira (11) após quase dois anos foragido. Francisco da Silva Barroso foi achado pelos policiais na Estrada da Borracha, zona rural da cidade.
O crime ocorreu no dia 21 de novembro de 2019 na Reserva Extrativista Chico Mendes. A motivação do crime, segundo a família da vítima e a polícia informaram na época, foi uma disputa de terras entre Josemar Conde e o acusado, que era vizinho, afilhado e primo da vítima.
Além do trabalho no partido, Conde tinha uma oficina de motos na cidade, mas tinha fechado para se dedicar ao corte de seringa na região.
Um dia após o crime, os policiais conseguiram prender Francisco Barroso escondido na casa de uma irmã. A polícia encontrou a arma que teria sido usada no crime, uma espingarda de grosso calibre.
Em fevereiro de 2020, a Justiça recebeu a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual (MP-AC) contra o acusado por homicídio qualificado. Em setembro do mesmo ano, a Justiça marcou audiência instrução e julgamento.
A defesa do acusado entrou com pedido de revogação da prisão preventiva. A Justiça atendeu o pedido e concedeu liberdade provisória ao denunciado, colocando-o em prisão domiciliar.
Em março de 2022, após quebrar as medidas cautelares, Francisco Barroso teve a prisão domiciliar revogada. Contudo, ele não foi encontrado mais nos endereços indicados.
Disputa por terra começou em 2016
Na época do crime, o g1 conversou com a mulher de Josemar Conde, Elisângela Medeiros. Ela contou que os dois compraram uma área de terra dentro da reserva em 2013, mas a disputa pela área só começou em 2016, quando o suspeito do crime começou a dizer que a medição estava errada.
Com isso, um processo correu na Justiça e o presidente do PSOL foi condenado a pagar R$ 3 mil ao vizinho, antigo dono das terras, e devolver uma parte do local ao suspeito.
“No final do processo, o juiz decidiu que meu marido devolveria uma parte da terra e ainda R$ 3 mil. Quando foi na segunda [18], o Francisco, que matou meu marido, chamou ele para ir medir a terra, porque o pessoal que faria essa medição não tinha ido. Meu marido, achando que estava tudo bem, como tinha sido tudo acordado na Justiça, disse que iria”, contou.
Segundo ela, Conde, então, chamou o caseiro e foi até a casa do vizinho para fazer a medição, porém, no local, uma nova discussão começou porque os dois não entravam em consenso sobre o pedaço da terra que deveria ser devolvido.
“Na discussão, o Francisco entrou em casa e meu marido ficou do lado de fora com o caseiro que foi com ele. O caseiro chamou ele para ir embora, foi quando ele [suspeito] abaixou e, por uma brecha, atirou no meio do peito do meu marido com uma espingarda. Ele caiu de joelhos e avisou ao caseiro que estava morrendo”, conta emocionada.
Elisângela disse que ao longo de 3 anos a disputa pela terra foi marcada por brigas e ameaças. Inclusive, Conde já teria registrado um boletim de ocorrência contra o suspeito.