Decisão assinada pelo juiz Luís Gustavo Alcalde Pinto também pronunciou caseiro Benigno Queiroz Sales, apontado como autor do crime. Francisco Campos Barbosa foi achado morto no dia 27 de novembro de 2022 no interior do estado
A dupla acusada pela morte de Francisco Campos Barbosa, mais conhecido como Chico Abreu, foi pronunciada a júri popular pela Vara Criminal da comarca de Xapuri, no interior do Acre. Risonete Borges Monteiro, esposa de Chico Abreu, é apontada como mandante e responsável por encomendar a morte dele para ficar com o dinheiro. Além disso, segundo o Ministério Público do Acre (MP-AC), Risonete contratou Benigno Queiroz Sales para executar o plano.
A dupla teve a prisão preventiva mantida em junho do ano passado. Na decisão, o juiz de Direito Luís Gustavo Alcade Pinto diz que a investigação da Polícia Civil demonstrou que há indícios suficientes para que os réus sejam levados a julgamento. O magistrado também ressaltou que Sales também esteve envolvido.
“Há, ainda, indícios suficientes de autoria indicando os acusados Benigno Queiroz Sales e Risonete Borges Monteiro, como autores do crime, fato que foi admitido e confessado pelo próprio réu Benigno Queiroz Sales em juízo”, destaca.
As defesas argumentaram contra a denúncia e pediram absolvição sumária, o que foi negado pelo juiz, que também negou aos réus o direito de responder ao processo em liberdade. O g1 não conseguiu contato com os defensores.
“Nego aos réus Benigno Queiroz Sales e Risonete Borges Monteiro, o direito de recorrer em liberdade, uma vez que responderam ao processo no cárcere, sendo um contrassenso, após a presente decisão, colocá-los em liberdade, além disso, a manutenção da segregação persistem pelos mesmos ensejadores da custódia cautelar”, acrescenta.
Crime
Chico Abreu foi achado morto em um ramal na divisa do município de Xapuri e Epitaciolândia, no interior do Acre, no dia 27 de novembro de 2022. O corpo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi constatado que Barbosa foi morto com um tiro nas costas e também foi enforcado.
O suspeito, Benigno Queiroz Sales, de 36 anos, conhecido como ‘Banana’, foi preso ainda na segunda-feira (28) em Epitaciolândia. O delegado Luis Tonini informou que algumas informações apontavam que ele estava armado em uma área de mata e a Polícia Militar foi acionada.
O homem foi preso sem arma, mas depois indicou onde estava escondida a arma do crime. Ele também confessou e disse ao delegado que matou a vítima para se defender.
Em dezembro daquele ano, a Polícia Civil prendeu a mulher de Chico Abreu por ter tramado a morte do companheiro junto com Benigno Sales, que já havia sido preso em flagrante. As prisões foram solicitadas pelo delegado de Xapuri, Gustavo Neves, no Inquérito que investiga a prática do crime de homicídio qualificado mediante pagamento ou promessa de recompensa.
Segundo as investigações, a ex planejou a morte e mandou matar a vítima porque que teria vultuosa quantidade de dinheiro em casa. Após sua morte, o valor seria dividido igualmente entre a mandante e o executor.
A dupla foi transferida para o Complexo Penitenciário Francisco Oliveira em Rio Branco. “Segundo informações, a vítima teria vultuosa quantia de dinheiro guardada em casa e a esposa, sabendo disso, convidou o caseiro da colônia para que ele roubasse esse valor com ela. O caseiro ficou incumbido de matar a vítima e depois levar o dinheiro que seria dividido em partes iguais entre a esposa da vítima e o caseiro”, explicou o delegado.
Denúncia
Em janeiro de 2023, a Vara Criminal de Xapuri aceitou denúncia contra a dupla, que passou a responder pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e por roubo com uso de arma de fogo. Benigno Queiroz Sales, conhecido como ‘Banana’, foi preso no dia 28 de novembro de 2022, em Epitaciolândia e Risonete no dia 1 de dezembro do ano passado.
A investigação apontou que cerca de 15 dias antes do crime, a vítima havia fechado um negócio pelo qual teria recebido o valor de R$ 16 mil. De posse dessa informação, os acusados teriam decidido matar e roubar a vítima, dividindo entre eles a quantia.
Após ajustarem o plano, Risonete foi para Rio Branco para que Benigno Sales ficasse a sós com Francisco para matá-lo. No dia do crime, o acusado bebeu com a vítima, pois assim “ficava mais fácil puxar da boca dele onde estava o dinheiro”. Mas, ainda conforme o MP-AC, durante a conversa, a vítima desconfiou que seria roubada e saiu correndo em direção a um milharal. Nesse momento, o acusado pegou a espingarda da própria vítima e efetuou um disparo, que acertou as costas de Chico Abreu. Mesmo ferido, o colono ainda conseguiu correr por cerca de 200 metros, mas caiu ao chão.
Com a vítima caída, o acusado se aproximou e começou a enforcá-lo, enquanto perguntava onde ele tinha escondido o dinheiro e que sua mulher tinha contado que estava na casa.
A denúncia aponta que a vítima chegou a dizer que o dinheiro estaria guardado no quarto de Risonete, que ficava trancado com a chave embaixo de uma lata de tinta. Após matar Francisco, o acusado deixou o corpo da vítima no milharal e foi procurar pela suposta quantia em dinheiro. No entanto, não achou a referida quantia e, então, saiu levando a arma de fogo, uma motocicleta e outros pertences pessoais da vítima.