Agricultura familiar é uma atividade agropecuária e não agropecuária compartilhada pela família em seu estabelecimento rural ou em áreas comunitárias próximas onde é gerida. Além disso, o agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia.
Essa nova forma de produção é realizada com carinho por trabalhadores como a dona Nazira de 50 anos, onde 30 deles foram dedicados a venda de hortaliças em feiras promovidas pela Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri). As hortaliças vendidas, são cultivadas por ela em sua pequena propriedade na estrada do Amapá.
“Minha terra não e tão grande. No espaço que tem eu planto macaxeira, banana e muita ingá mais no momento não estou trazendo, pois o macaco come tudo. Isso aqui eu tiro minha renda, tudo isso eu trouxe de casa. Cultivo muita verdura, galinha. Trago muito cheiro verde, chicória, jambu, macaxeira e pimenta”.
Dona Zira - como é carinhosamente conhecida - caminha com dificuldade por conta de uma grave doença; não tem luxo algum, mas orgulha-se da pequena terra que tem. Ela e outros produtores rurais já receberam assistência técnica rural oferecida por programas do Governo do Estado.
O trabalho na propriedade é realizado com a ajuda do esposo e do filho que são os responsáveis por arar a terra e prepará-la para o plantio, enquanto ela fica responsável pela venda dos produtos na feira.
“Meu marido e meu filho cuidam da terra, porque não aguento mais fazer o preparo da terra, pois peguei uma doença que escalpelou todo meu rosto, passei seis meses sem pisar aqui pois minha pele e como de bebê.
As dificuldades são evidenciadas na vida de dona Zira, mas não a impedi de todas as sextas, sábados e domingos ir para a feira ganhar seu dinheirinho.
“Ah, eu estou aqui todo o fim de semana, fico até umas 4 da tarde aí eu volto pra casa e começo a preparar as verduras pra eu trazer no outro dia. A gente colhe só no final da tarde pra ficar assim bonita, porque não pode ser muito cedo não, se não, não presta. Espero o sol baixar e vamos colher. Meu marido e filho colhe eu começo a amarra as roceiras de cheiro verde, alface, eu fico organizando tudo para o outro dia”.
Mas, essa preocupação de dona Zira em desejar que suas hortaliças estejam sempre frescas e não percam propriedades e nutrientes, se estende também para suas plantações. Ela explica que para manter sua plantação longe das temidas pragas e não usar agrotóxicos nem fertilizantes químicos, utiliza o que o próprio meio lhe oferece.
“Ah, para a praga não ir para minhas plantações eu jogo mijo de vaca, aí o bicho não vem de jeito nenhum. Cuido bem da terra, fico de olho e quando preciso eu vou e coloco o mijo de vaca.”
A preocupação em consumir um produto cultivado sem agrotóxico e sem fertilizantes químicos é algo raro e, que não desperta tanto interesse entre alguns consumidores. Grande parte da população acriana não adquiri produtos derivados desses métodos de produção, preferindo os produtos dos supermercados. Uns, alegam que o fato de nem sempre comprarem na feira está relacionada ao preço e ao deslocamento até os pontos onde as feiras são montadas. Como mencionado pela consumidora Carolina:
“Gosto daqui por conta da pimenta doce, pois só encontro ela nessas feiras mais tem algumas coisas aqui que não tem, e como gosto muito de pesquisar acho as coisas aqui caro como por exemplo a cebola. Ela aqui e mais cara que no supermercado, então isso já não compro. Sem dúvida a forma como é produzida é importante, mas é difícil me locomove, ficar procurando onde as feiras foram montadas. As vezes acho melhor comprar no supermercado.”
Geralmente produtos orgânicos são mais caros do que os convencionais, por várias razões, tais como o fornecimento destes alimentos ser limitado em relação à demanda por eles. Os custos de produção tendem a serem maiores, porque eles exigem mais trabalho por unidade de produção; O pós-colheita é relativamente pequeno tendo um custo mais elevado especialmente durante o processamento e transporte e, a cadeia de comercialização e distribuição de produtos orgânicos tem custos mais elevado, porque são relativamente distribuídos em pequenos volumes.
Outro ponto importante é a necessidade de incentivar as iniciativas econômicas que ampliam as oportunidades, a produção de alimentos, e a preservação da biodiversidade uma preocupação da própria secretária que tem desenvolvido trabalhos para ajudar os produtos com a venda desses produtos.
A grande vantagem disso, além da produção de alimentos mais saudáveis e naturais, é que, com a preservação do solo, que fica mais fértil e livre de toxicidades, a produção orgânica permite um manejo sustentável do meio ambiente de forma equilibrada, facilitando a preservação e a harmonia de todos os elementos da natureza entre si e garante a saúde do homem.
Assim, é evidente que a agricultura familiar é resposta ao grito de socorro que o meio ambiente tem dado em virtude da degradação causada pelo homem.