Ele estava internado na UTI do Hospital das Clínicas após ter o corpo 53% queimado em acidente doméstico
Nesta quinta-feira (6), morreu o dramaturgo Zé Celso Martinez, aos 86 anos, em São Paulo. A notícia foi confirmada pelo Teatro Oficina. Ele estava internado no Hospital das Clínicas , na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), após ter 53% do corpo queimado. O artista foi vítima de um incêndio no próprio apartamento, causado pelo aquecedor.
“Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir pra morada do sol. Amor de muito, amor sempre”, disse o perfil oficil do Teatro Oficina, fundado por ele. Zé Celso deixa o marido Marcelo Drumonnd, que também internado após inalar fumaça no incêndio.
Zé Celso nasceu em 1937, no interior de São Paulo, numa família de ascendência portuguesa, espanhola e italiana. Ele é considerado um dos principais dramaturgos do Brasil, desde a década de 1960, quando fundou o Teatro Oficina, em São Paulo. Ele começou a liderar o grupo quando ainda integrava o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Na época, já apresentava inquietude e irreverência, realizando peças inovadoras como: Pequenos Burgueses (1963), O Rei da Vela (1967) e Na Selva das Cidades (1969).
No cinema, começou como roteirista com o filme “Prata Palomares” (1972). Na carreira de ator, iniciou no “Homem Célebre (1974)”. Entretanto, o maio êxito de Zé Celso no audiovisual foi comandar O Rei da Vela (1983), comédia dramática premiada no Festival de Gramado.
Depois, ele continuou brilhando na direção de peças e causou dentro e fora do Brasil. Um exemplo é a peça Os Sertões, que foi montada em 2005 em Berlim, Alemanha. Ela gerou uma polêmica na capital pelo fato dos atores ficarem nus em algumas cenas. A imprensa alemã disse que montagem se tratava de um “teatro pornô”.
Além disso, ele lutava, desde os anos 2000, contra o Grupo Silvio Santos, que busca construir um empreendimento comercial nos arredores do Teatro Oficina, que foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi e interagem com a vizinhança ameaçada pela incorporação imobiliária.
Zé Celso é exaltado até hoje pelo trabalho como dramaturgo. Uma das peças mais irreverentes dele é Vento Forte Para um Papagaio Subir (2008), que foi montada primeiramente em 1958.