Escritora de livros eróticos, Geisy Arruda afirma que está aberta para relacionamentos com mulheres
Geisy Arruda é uma personalidade que não tem medo de discutir sobre a própria sexualidade. Ela é autora de livros, possui uma conta no OnlyFans e também produz um podcast em que narra contos eróticos. Bissexual assumida , ela assume que não enxerga diferença entre se relacionar com homens e mulheres, embora note algumas mudanças na hora do sexo. Ao iG Queer, ela conta que já namorou sério com mulheres e revelou que está aberta para novas experiências.
Arruda ainda afirma que, por muito tempo, escondeu esse lado da sua vida, justamente pela visão erronea e estereotipada que as pessoas têm de alguém bissexual. Ela diz que omitia esse assunto porque as pessoas não estão preparadas para uma pessoa que goste de homens e mulheres.
“Confundem muito. Quando falamos que gostamos de mulher as pessoas já associam a ménage. Na verdade não, eu já namorei com mulheres, eu já me apaixonei por mulheres. Então não é um fetiche, mas talvez hoje, por causa do meu trabalho, de ser escritora de contos eróticos e de ser um sex simbol, as pessoas acham que eu gosto de ménage. E não necessariamente. As pessoas confundem muito, elas acham que precisa de um homem na relação. Eu sou muito feliz só com uma mulher do meu lado”, comenta.
O primeiro beijo de Geisy com outra mulher foi quando ela era adolescente, em um bar LGBTQIA+. No mesmo período, ela começou a namorar uma jovem e a relação duraria por dois anos. Durante toda a adolescência, ela revela que namorou com meninas e isso era algo muito natural porque sentia atração e se sentia bem com elas.
“Eu não consigo diferenciar um relacionamento com homem e com mulher, porque é só você seguir seu coração, sentimento, instintos e vontades, então é uma atração mesmo, física, sexual, sentimental. Eu fiquei com vontade de ficar com uma mulher, experimentei, gostei, fiquei muitas e muitas vezes. Quando vejo uma mulher que me atrai ainda tenho borboletas no estômago”, explica.
Mas não foi fácil se assumir para a família: a principal dificuldade foi dentro de casa. No início, os pais da escritora não aceitavam a bissexualidade da filha e, por isso, declara que sofreu muito na adolescência.
“Foi muito difícil a minha mãe e o meu pai aceitarem. Eu sofri muito com a falta de aceitação e de não ser compreendida na adolescência. Minha mãe não ficava feliz por eu estar com uma companheira, ela dizia que não iria ter netos. Todo o preconceito e toda a luta que eu sofri por ser bi, eu passei na minha adolescência e foi dentro de casa, na minha família, para que a minha mãe aceitasse. E demorou muitos anos para que ela entendesse e aceitasse”, conta.
“Minha namorada era do bairro, ela me levava para a escola, me buscava, a gente estava sempre juntas. E, como ela era assumida, as pessoas começaram a falar, então tive que me assumir, mas como eu era muito apaixonada eu fiz de tudo para viver esse amor e vivi, foram dois anos de muita entrega, e acabou. Mas estou na pista, se acontecer de novo, estou pronta”, revela.
De acordo com ela, é mais difícil encontrar alguém disposto a se relacionar seriamente, justamente por ser uma figura pública. Contudo, ela não descarta a possibilidade de encontrar um novo amor.
“Eu já namorei sério com duas mulheres. Uma eu fiquei dois anos e a outra um ano e meio. O primeiro amor da minha vida foi uma mulher, acho que estava na oitava série. Foi ótimo, foi aprendizado, incrível, uma entrega e eu não me arrependo. Por ser um sex simbol, as mulheres me procuram para uma relação a três, mas se uma mulher quiser estar só comigo estou superaberta a me relacionar novamente por uma mulher”, avisa.
Diferenças
Sobre ser uma mulher bissexual, ela pontua que não vê nenhuma diferença em relação aos homens e às mulheres. “Quem é bi não vê essa diferença. Eu posso te dizer que a mulher é mais compreensiva, mas eu posso afirmar que a mulher é mais ciumenta em uma relação. Tem gente que fala que o beijo da mulher é mais gostoso, mas o homem também beija muito bem. Não há diferença, são corpos que você se relaciona, são almas que combinam. Não é uma receita de bolo, que você fala um é mais doce e o outro é mais salgado. Para mim é tudo igual. Eu vejo os dois da mesma maneira, com a mesma intensidade”, declara.
No que se refere ao sexo com uma mulher, ela diz que encontra certas distinções. “Não tem pressa, é o tempo das duas. Geralmente o sexo entre um casal hétero, o homem pensa mais nele, quando ele se satifaz acabou ali. O sexo entre duas mulheres só termina quando as duas se satisfazem. Elas não têm pressa para que isso aconteça, pode durar a noite inteira. Não existe rapidez, é muito calmo”, destaca.
A atriz também considera que é mais fácil para uma mulher, do que para um homem bissexual. Ela acredita que elas sejam um pouco mais aceitas dentro da sociedade por conta do fetiche que existe no pensamento masculino em ter duas mulheres na mesma cama.
“Como as pessoas confundem muito isso, essa questão não é tão sofrida como a de um homem. Quando ele sente atração por outro e por mulher, por exemplo, esse homem sofre muito mais porque vivemos em um país extremamente machista. Acredito que os homens bissexuais sofrem muito mais do que nós”, pontua.
No momento, Geisy está solteira e está muito satisfeita, mas confessa que costuma esconder seus relacionamentos. De todo modo, a escritora salienta que gosta de estar livre e passou a enxergar o lado positivo de não ter ninguém para chamar de seu ou sua.
“Acho que sou uma solteira acomodada. As pessoas não sabem da minha vida particular, elas só sabem o que eu deixo elas saberem. Isso eu aprendi com o tempo e com a vida. Antes eu postava tudo, hoje se eu ganhar um buquê de rosas eu guardo. Quando é um relacionamento mais sério, tendo a esconder. Eu quero que as pessoas me vejam como uma pessoa solteira mesmo. Isso até poderia atrapalhar o meu trabalho, então ser solteira para mim é mais viável no momento”, finaliza.