Lucilvado da Silva, de 40 anos, tentar passar no Enem para estudar na Universidade Federal do Acre (Ufac) e realizar sonho de ser veterinário. Ele trabalha em fazenda desde os 16 anos cuidando dos animais
O capataz de fazenda Lucivaldo da Silva, de 40 anos, chegou ao local das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste domingo (20), meia hora antes com uma garrafa de água nas mãos e muito otimista.
Ele, que já estuda biologia à distância em uma faculdade particular, faz o exame pela terceira vez para tentar uma vaga na Universidade Federal do Acre (Ufac) e realizar o sonho de ser veterinário.
Lucivaldo trabalha desde os 16 anos em uma fazenda da zona rural do Bujari, interior do Acre. Lá, o capataz é responsável não apenas pela administração da propriedade, mas também de cuidar dos animais.
A prática ele já tem, agora quer se especializar e conhecer melhor sobre os cuidados com os animais. Ao g1, Lucivaldo da Silva contou sobre as dificuldades de conseguir estudar e trabalhar.
“Para mim, é importante porque antes não tive essa oportunidade. Trabalhava muito e tinha que optar: estudar ou trabalhar para me manter. Quando comecei a ficar mais velho, comecei a correr atrás, apesar de muito conselho de um patrão meu, que faleceu. [Aconselhava] a estudar muito, que era o caminho, fui abrindo a mente e comecei a estudar. Minha intenção é ser veterinário, já trabalho desde os 16 anos tomando conta de fazenda, na mesma fazenda que moro hoje”, relembrou.
Sobre as primeiras provas, o trabalhador acredita que tenha tirado uma boa nota, mas não fez questão ainda de corrigir o gabarito. Segundo ele, a maior dificuldade foi com a redação. “Acho que fui mais ou menos bem, a esperança é de que vá tudo bem”, falou.
Pai de três filhos, uma menina de 17 e gêmeos de 13 anos, Lucivaldo diz que aconselha muito os filhos a estudarem e tentarem uma vaga na faculdade. “Minha menina não fez esse ano, não quis, mas ano que vem vai fazer”, resumiu.
Sem preparo
Por conta do trabalho pesado, o capataz explicou que não teve tempo para se preparar para as provas. Ele recordou que no primeiro dia de provas, no último domingo (13), deu uma olhada no material na noite anterior.
“Trabalho, o tempo que tenho é um pouco, mas a gente vai tentando, uma hora dá certo”, confirmou.
Mas, para o segundo ele se diz confiante porque sempre gostou e tirou boas notas nas matérias de exatas. “Para mim é bom, sempre tirei boas notas nessas áreas, mas o bicho para mim mesmo foi a redação”, concluiu.
Enem no Acre
Ao todo, 22.601 estudantes se inscrevem para o Enem este ano no estado, nas modalidades impressa e digital, e desses, 7.259 não compareceram aos locais de aplicação do teste, o que representa uma taxa de abstenção de 32,11%.
Quem perdeu o exame na semana passada pode fazer a segunda prova sem nenhum impedimento. Se a falta ocorreu por motivo de doenças ou por problemas logísticos previstos no edital do Enem é possível até pedir a reaplicação das provas para janeiro de 2023. Entre os casos previstos estão diagnósticos de Covid-19 e falta de energia elétrica, entre outros.
O participante que quiser dar uma última revisada no conteúdo pode rever as aulas do “Aulão na Rede 2022”. O projeto da Rede Amazônica ajuda estudantes que estão se preparando para vestibulares e Enem.