Movimento foi suspenso sem que a reitoria da Ufac assinasse termo de compromisso proposto pela categoria. Greve começou no dia 29 de abril. Reitoria vai se reunir com o Conselho Universitário para reorganizar o calendário estudantil e decidir o retorno das aulas
Os docentes da Universidade Federal do Acre (Ufac) decidiram, durante assembleia na tarde desta quarta-feira (3), encerrar a greve e voltar às atividades no estado. A categoria iniciou o movimento no dia 29 de abril reivindicando reestruturação da carreira, recomposição salarial e orçamentária e revogação de normas aprovadas nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
O comando nacional decidiu pelo fim da greve dos professores de universidades federais no último dia 23. Os técnicos administrativos, que aderiram ao movimento nacional no dia 11 de março, aceitaram a proposta do governo federal e também suspenderam a greve no dia 23 deste mês. Os servidores retornaram às atividades nesta terça (2).
No estado acreano, os professores buscavam também a recomposição no quadro de servidores, construção do Hospital Universitário, criação de uma moradia estudantil para alunos de cidades do interior, debate permanente sobre políticas de combate ao assédio moral dentro da universidade e melhorias para o Colégio de Aplicação.
Na última segunda (1º), o comando entregou um termo de compromisso com as propostas dos servidores à reitoria. Os docentes chegaram a propor que só encerrariam a greve se a reitora Guida Aquino assinasse o termo.
Greve dos professores segue na Ufac
Contudo, a reitora não assinou o documento. “Por três vezes, nós protocolamos. Decidimos que essa intransigência da reitora não poderia prejudicar ainda mais a comunidade acadêmica. Então, deliberamos pela suspensão da greve entendendo que há muitas conquistas feitas e que vamos cobrar nos pós-greve para que tudo seja encaminhado”, explicou a porta-voz do comando de greve local, professora Raquel Ishii.
A categoria decidiu retornar com as atividades na próxima segunda-feira (8). A professora destacou que a suspensão do movimento foi comunicada à reitoria e caberá agora a gestão marcar uma reunião do Conselho Universitário (Consu) para reorganizar o calendário estudantil. “O conselho que vai reprogramar o início e término do ano letivo. Se reúne e aprova em resolução”, frisou.
Em nota, a reitora informou que vai convocar uma reunião para discutir a reorganização do calendário acadêmico na próxima terça (9). “Esta medida é essencial para garantir que todas as decisões sejam tomadas de forma transparente e democrática, com a participação de todas as partes envolvidas”, afirmou.
A reitoria argumentou que não assinou o documento porque havia pontos ‘que não eram possíveis de serem atendidos e algumas pautas dependem de um debate amplo com toda a comunidade e não apenas com alguns docentes do comando de greve’. Esclareceu ainda que algumas questões envolvem o governo federal, em especial os ministérios da Educação (MEC) e de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
“No entanto, a reitoria assegura que tudo que estiver dentro da legalidade e das possibilidades da Ufac serão debatidas por toda a comunidade universitária nos fóruns adequados. A reitoria conta com a compreensão e o apoio de todos para que este momento possa ser superado e para que o trabalho em prol de uma educação de qualidade continue”, alegou.
Termo de compromisso
Durante uma assembleia geral na última terça (25), os educadores decidiram por 52 votos a 33 que o retorno das aulas estava condicionado à assinatura de um termo de compromisso, no qual a administração da Ufac deveria se comprometer a atender as pautas locais.
O termo de compromisso apresentado inicialmente pela Associação dos Docentes da Ufac (Adufac) elencava 37 itens. Eram exigências administrativas, educacionais e sociais.
Entre elas, os docentes pediam que fosse revisto o plano diretor da universidade, que fossem revogadas resoluções que implementam cobrança de taxas para alguns serviços na instituição, cobram a construção de creche para receber os filhos de docentes e técnicos, melhoria da conexão de internet nos campi, contratação de mediadores para auxílio a estudantes com deficiência, contratação de cuidadores para atuar no Colégio Aplicação e outras.
O documento não foi assinado por conta do formato do documento. Diante da negativa, o comando de greve reformulou o termo e entregou novamente na última segunda com as seguintes pautas:
- Melhorias na alimentação no almoço e lanche da tarde dos alunos
- Melhorias na segurança
- Transporte para a educação física em outros locais
- Apuração das denúncias de assédio sexual feitas pelos estudantes