Galípolo votou a favor da manutenção da taxa Selic em 10,50% na última quarta-feira (19)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não definiu quem será o indicado para presidir o Banco Central, substituindo Roberto Campos Neto. Inicialmente, Lula considerou seguir a recomendação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), que indicou Gabriel Galípolo.
No entanto, há discordâncias dentro do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) em relação à indicação, devido à divergência quanto à política econômica adotada por Haddad.
Nas últimas semanas, o debate sobre o novo presidente do Banco Central se intensificou, especialmente após Galípolo votar a favor da manutenção da taxa Selic em 10,50% na última quarta-feira (19).
Essa decisão preocupou Lula, que teme que Galípolo possa continuar com a política monetária de Campos Neto, mantendo a taxa de juros elevada. Desde que assumiu a presidência, o petista tem afirmado que os investimentos no Brasil estão sendo prejudicados pela alta dos juros.
“O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu”, falou Lula na última sexta (21).
“Está chegando o momento de trocar o presidente do Banco Central. Então nós vamos ter que tirar ele e indicar outras pessoas, e eu acho que as coisas vão voltar à normalidade, porque o Brasil é um país de muita confiabilidade”, acrescentou.
Nos bastidores, aliados argumentam que Galípolo votou pela manutenção da taxa Selic para acalmar o mercado financeiro, evitando um aumento do dólar e uma queda no Ibovespa. Por outro lado, opositores à sua indicação temem que ele adote um modelo conservador similar ao de Haddad e da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS).
PT defende nome de André Lara Resende
Nos últimos dias, o nome de André Lara Resende ganhou força como possível candidato à presidência do Banco Central. Contudo, essa opção não é bem vista pelo mercado financeiro.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, investidores respeitam a trajetória de Resende, mas preferem alguém que já faça parte do cotidiano do Banco Central, como Galípolo.
Roberto Campos Neto deixará a presidência do Banco Central em 31 de dezembro. O nome indicado por Lula precisará passar por sabatina no Senado e receber aprovação dos parlamentares para assumir o cargo a partir de 2025.