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Economia

UE, EUA e Reino Unido acertam exclusão de bancos russos do Swift

Países devem ratificar ainda neste domingo novas sanções

Na noite deste sábado (26), após dias de negociações, os países-membros da União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram que chegaram a um acordo para excluir “alguns bancos russos” do sistema financeiro Swift e para congelar ativos e bens do Banco Central da Rússia.

A medida deve ser formalizada ainda neste domingo (27) pelo bloco e pelos países no mais duro pacote de sanções anunciado até o momento. O documento ainda deve conter o fechamento do espaço aéreo de toda a União Europeia.

Além disso, o bloco europeu vai restringir os chamados “passaportes de ouro”, que concedem cidadania europeia para oligarcas ricos que compram residências caríssimas em países do bloco. As sanções visam isolar cada vez mais os russos no cenário internacional e se somam às já aplicadas ao presidente Vladimir Putin, ao ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, além de oligarcas, empresários e instituições.

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Em nota conjunta, os aliados “condenam a guerra escolhida” por Vladimir Putin e reforçam seu apoio ao governo e à população ucraniana “no heroico esforço de resistir à invasão russa”.

“Essa guerra representa um ataque às normas internacionais fundamentais e aquilo que prevalecia desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Nós asseguramos que essa guerra será uma falência estratégica de Putin e continuaremos a impor custos à Rússia para isolá-la ainda mais dos sistemas financeiros e das nossas economias”, diz o comunicado.

A lista de bancos russos que serão excluídos do Swift será ainda formalizada. O sistema é o mais importante do mundo e conecta mais de 11 mil bancos em 200 países. Ele permite a troca de mensagens instantâneas e de ordens de pagamento (cerca de 40 milhões por dia) que padronizam e facilitam o pagamento nas compras internacionais. O bloqueio impactará, especialmente, os setores de petróleo e gás.

A Alemanha e os Estados Unidos eram os mais relutantes a aceitar a exclusão porque os efeitos não são sentidos apenas na Rússia, mas em todo o mundo.

Neste domingo (27), o chanceler alemão, Olaf Scholz, fez um discurso na Bundestag (Parlamento) e afirmou que a posição histórica do país mudou em “180 graus”. Reconhecendo que a exclusão da compra de gás russo terá impacto na nação, o político afirmou que já está sendo negociada a compra do combustível de outros fornecedores.

“Vivemos uma época histórica e o mundo do depois não será mais como conhecíamos. Ao lado da Ucrânia, estamos do lado certo da história e precisamos apoiar a Ucrânia nessa situação desesperada”, disse Scholz lembrando que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o país aprovou o envio de armamentos para uma nação em área de conflito.

“A guerra é uma catástrofe para a Ucrânia, mas também mostrará ser uma catástrofe para a Rússia. Putin não mudará suas atitudes da noite para o dia, mas já há efeitos das sanções”, acrescentou, reforçando que o governo irá fazer uma mudança nos recursos aplicados na segurança também dos alemães.

Já sobre o Banco Central russo, a ideia é impedir que a instituição “use suas reservas internacionais” para conseguir atenuar os efeitos das sanções econômicas. Segundo estimativas de fontes ligadas aos governos, há cerca de US$ 643 bilhões em reservas que Putin ordenou acumular antes da invasão planejada.

“Nos comprometemos a agir contra as pessoas e as entidades que facilitam a guerra na Ucrânia. Em particular, nos comprometemos a tomar medidas que limitem os passaportes de ouro, que permitem que os russos ricos ligados a Moscou virem cidadãos dos nossos países e tenham acesso aos nossos sistemas financeiros”, ressaltam os líderes.

“Haverá uma força-tarefa transatlântica para assegurar a efetiva implementação das sanções financeiras identificando e congelando os ativos dos indivíduos e das sociedades sobre os quais impusemos sanções. Estamos com o povo ucraniano nesse momento escuro e estamos prontos a tomar novas medidas”, diz ainda o comunicado.

Neste domingo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu a “formação de uma coalizão internacional” para ajudar o país e combater a Rússia.

“Estamos recebendo armas, remédios, comida, combustíveis e dinheiro. Formou-se uma coalizão internacional para apoiar a Ucrânia, uma coalizão contra a guerra”, disse em vídeo divulgado nas redes sociais.

O que é Swift?

 Após a invasão da Rússia na Ucrânia, cada vez mais países concordam que Moscou deve ser punida com a exclusão do sistema financeiro Swift, o que seria um duríssimo golpe na indústria do país, especialmente, nos setores de petróleo e de gás.

Mas, o que é o Swift? A Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais - que forma a palavra Swift em inglês: Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication - é um sistema financeiro que permite transações e pagamentos internacionais de maneira padronizada. É muito usado para importações e exportações, pois simplifica todos os processos de compra e venda.

Esse é o principal mecanismo de financiamento do mundo, tendo sido criado em 1973 na Bélgica. Atualmente, 11 mil bancos de cerca de 200 países fazem parte do sistema.

Além de facilitar as transferências e emissão de ordens de pagamentos, o Swift tem uma alta capacidade de troca de mensagens simultâneas - cerca de 40 milhões por dia, segundo dados divulgados em 2020. Também é bastante fácil localizar os bancos participantes, pois todos são identificados por siglas.

O Swift não faz o pagamento em si, mas permite que as quitações sejam feitas diretamente entre instituições financeiras de todo o mundo. As informações são trocadas em tempo real e embaralhadas por criptografia para manter a segurança da transação. O sistema em si ganha até 5% em taxas de acordo com o valor da operação.

Caso sejam excluídos, os russos perderiam essa capacidade de negociar duas das principais fontes de renda do país, o que traria resultados catastróficos para sua economia. No entanto, muitos governos ainda não apoiam a decisão porque isso também prejudicaria seus próprios territórios por conta da interrupção de fornecimento, especialmente, do gás russo.

Mesmo que fossem retirados do Swift, os russos ainda poderiam processar esse pagamento de outras formas próprias, mas é natural que o volume de transações despenque por conta das dificuldades logísticas e do aumento de custos por estar fora do sistema.