Preocupação do mercado acontece após ministro admitir saída da pasta para se candidatar ao governo de SP
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, negou nesta sexta-feira (4) haver riscos de descumprimento do cronograma de concessões do governo federal com sua saída do Ministério da Infraestrutura. Freitas deverá deixar o cargo em abril para concorrer ao governo de São Paulo.
O atual secretário-executivo da pasta, Marcelo Sampaio, deve assumir o cargo de ministro. Freitas disse que os projetos vão sair do papel e que a prioridade maior da pasta é a desestatização do Porto de Santos, que está em fase de consulta pública.
“Claro que vai sair (neste ano). Já debatemos com a sociedade, está neste momento em consulta pública recebendo contribuições, entendendo os desafios regulatórios. (...) Tenho certeza que Santos vai andar bem”, disse o ministro.
Freitas e o presidente Jair Bolsonaro (PL) participaram de um evento com contornos eleitorais em São José dos Campos realizado para inaugurar a nova concessão da rodovia Presidente Dutra. O evento foi precedido de uma motociata do presidente com apoiadores que gerou engarrafamento nas imediações da rodovia.
“Eu estou indo embora, o time não. E o time (equipe do ministério) é muito bom, de ponta. A gente sempre fez reuniões de acompanhamento estratégico, eu sempre levei meu secretário-executivo, a informação sempre foi compartilhada”, afirmou Freitas a jornalistas.
O ministro destacou ainda como prioridades a sétima rodada de concessão dos aeroportos, que contém Congonhas e da qual foi excluído recentemente o aeroporto de Santos Dumont, e a licitação de trecho da BR-381 em Minas Gerais. Este projeto teve data do leilão suspensa a pedido do próprio ministério em razão da iminência de falta de interesse de investidores pelo ativo. O projeto deve ser reformulado.
“O leilão de Congonhas é super importante e vai andar. Nós temos a BR 381-MG da qual nós não abrimos mão e quem vai entrar (como ministro), o Marcelo Sampaio, sabe exatamente que a BR-381 é super importante e que ele vai ter que dar prioridade. O pipeline (cronograma de projetos) está preservado”, salientou o ministro.
Freitas disse não acreditar que o cronograma eleitoral impeça a realização dos leilões e afirmou que “quer ser convidado” para os certames.
Em suas falas, o presidente Bolsonaro e o ministro destacaram que a nova concessão da Dutra concede isenção de pedágio a motos, medida que tem sido criticada pelo setor privado. Segundo a própria CCR, o fluxo de motocicletas na rodovia tende a aumentar.
O evento do qual Freitas e Bolsonaro participaram foi realizado em uma tenda montada às margens da Dutra e aglomerou cerca de 300 apoiadores do presidente, a maioria sem máscara.
No palanque subiram mais de 30 pessoas, entre elas o presidente da CCR, Marco Cauduro, outros executivos da concessionária e políticos próximos ao bolsonarismo como os ex-ministros Ricardo Salles e Eduardo Pazuello, os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli e o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf. De todos, apenas o prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, usou máscara.
Ramuth, ex-tucano que recentemente se filiou ao PSD de Gilberto Kassab e é também pré-candidato ao governo paulista, foi vaiado pelo público bolsonarista. Ele foi hostilizado durante todo o seu discurso, que durou menos de cinco minutos.
O prefeito elogiou o ministro Freitas por ter realizado o leilão de uma nova concessão em vez de prorrogar o contrato inicial com a CCR, o que teria permitido a realização de mais investimentos. Em sua fala, Ramuth criticou o governo de São Paulo por ter prorrogado concessões rodoviárias.