Estatal já sinalizou problema há dois meses, mas não vem obtendo resposta
A Petrobras já vinha alertando a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministro das Minas e Energia (MME) há dois meses sobre o risco de faltar diesel no Brasil. Como não obteve resposta, disse uma fonte, a estatal decidiu nessa última semana enviar ofícios de forma oficial tanto para ANP quanto para o MME.
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o perfil geral do Portal iG
No documento, ao qual o GLOBO teve acesso, datado da última quarta-feira (25), a estatal diz para ANP que “há elevado risco de desabastecimento de diesel no mercado brasileiro no segundo semestre de 2022”. Uma fonte do setor lembrou que o ofício foi uma forma de exigir um posicionamento sobre o tema.
O GLOBO já vem relatando o risco ao longo da última semana. Antes de ser demitido do cargo de presidente da Petrobras, José Mauro Coelho já havia apresentado ao MME documento em que alertava para a possibilidade de falta do combustível no auge da safra de soja, se não houvesse sinalização clara de que os preços cobrados pela empresa seguirão os do mercado internacional.
A estatal cita que a guerra na Ucrânia vem gerando uma falta do produto em todo o mundo, com estoques no nível mais baixo em dez anos na Europa e Ásia. “A Petrobras manifesta a sua preocupação e propõe ao MME e ANP que, no uso de suas atribuições e competências, avaliem ações estruturadas visando à segurança do abastecimento nacional de óleo diesel no diesel no segundo semestre de 2022”, informou o ofício.
Uma fonte da alta administração da empresa lembrou ainda que a estratégia do governo é deixar o tema em segundo plano, já que se optou por mudar o comando da estatal de forma a evitar novas altas, estimulando a importação por parte de outras empresas.
Além da Guerra na Ucrânia, com menor exportação da Rússia, a estatal cita o risco de indisponibilidade de refinarias no Golfo do México por conta da temporada de furacões. Analistas lembram ainda do início da safra e aumento da demanda no segundo semestre.
A companhia destacou ainda que haverá mais parada programada nas refinarias no segundo semestre, o que impossibilita aumento de produção de diesel e gasolina no país.