Vice-presidente disse que demissão do presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, substituído pelo economista Adriano Pires, não vai alterar política de preços
O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira (30) que demissão do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, substituído pelo economista Adriano Pires, não vai alterar política de preços da estatal.
“Esse novo presidente da Petrobras que vai ser nomeado, o Adriano Pires, se você ler tudo o que ele escreve vai continuar tudo como dantes no quartel de Abrantes. Não vai mudar nada”, disse Mourão, ao chegar em seu gabinete no complexo do Palácio do Planalto, em Brasília.
“A Petrobras é uma empresa com ação em bolsa, tem conselho de administração, tem toda uma governança. Ela não pode voltar aos fatos que ocorreram no período dos governos do PT, onde um misto de incompetência, má gestão e corrupção deixou a empresa praticamente na lona. A empresa está recuperada, então esse assunto tem que ser discutido bem.”
Nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro classificou o episódio como “de rotina” .
Mourão elogiou Silva e Luna e minimizou o descontentamento do general com a forma como sua demissão foi anunciada.
“O Silva e Luna é um dos oficiais mais completos e preparados da nossa geração, digo o pessoal formado na Academia Militar na primeira metade dos anos 70. Ele já foi ministro da Defesa, foi presidente de Itaipu; agora estava na Petrobras, fez um excelente trabalho na Petrobras, então ele está tranquilo, ele é um cara muito tranquilo”, disse o vice.
Em 11 meses da gestão do general Joaquim Silva e Luna à frente da presidência da Petrobras, os preços da gasolina e do gás de botijão subiram em média 27%. O diesel teve alta de 47% e o GNV (gás veicular) aumentou em 44%.
Bolsonaro decidiu demitir Silva e Luna em meio à disparada nos preços dos combustíveis. O contexto é parecido com a demissão de seu antecessor, Roberto Castello Branco, que também saiu em meio a críticas de Bolsonaro sobre o preço dos combustíveis.
Adriano Pires, especialista do setor de óleo e gás, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e com interlocução com políticos em Brasília, já se manifestou diversas vezes a favor da política de preços da Petrobras , que repassa flutuações nas cotações do dólar e do petróleo. Classificou tentativas de controle de preços como populistas.
Ao mesmo tempo, já endossou propostas de concessão de subsídios temporários para cobrir o “efeito guerra”. Em artigo recente, reiterou que não se deve ceder à tentação de intervir nos preços, mas sugeriu a criação de um fundo com uso de dividendos pagos pela Petrobras à União ou vindos de royalties e participações especiais.
Mercado confiante
A decisão de trocar novamente o comando da Petrobras afetou o desempenho das ações da companhia. Os papéis da estatal começaram o dia operando em baixa em razão da queda do petróleo, mas intensificaram o movimento após a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro demitiria Joaquim Silva e Luna diante da pressão por causa do reajuste dos combustíveis. Na segunda, as ações ordinárias (com voto) caíram 2,63%, negociadas a R$ 34,08, e as preferenciais (sem voto) recuaram 2,17%, a R$ 31,60.
Segundo analistas, a queda dos papéis só não foi mais intensa porque a demissão de Silva e Luna já era esperada desde que ele anunciou reajuste de 18,77% na gasolina e de 24,9% no diesel após a alta do petróleo no mercado internacional com o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Ontem, os papéis ordinários (PETR3) subiam 1,76%, negociados a R$ 34,68 e os preferenciais (PETR4), 2,78%, cotados a R$ 32,45.