Diretora do FMI afirma que guerra está “enviando ondas de choque em todo o mundo” e causando um grande revés para países que lutam para se recuperar da pandemia
A guerra na Ucrânia está levando o Fundo Monetário Internacional a cortar as estimativas de crescimento global para 2022 e 2023, uma vez que os preços mais altos de alimentos e energia pressionam economias frágeis, disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, nesta quinta-feira.
Ela acrescentou que as consequências da invasão da Rússia estão contribuindo para rebaixamentos econômicos em 143 países, embora a maioria deles deva continuar crescendo, mas não tão significativamente. A guerra interrompeu o comércio global de energia e grãos e ameaça causar escassez de alimentos na África e no Oriente Médio.
“Estamos enfrentando uma crise em cima de uma crise”, disse ela em um discurso antes da reunião de primavera do FMI na próxima semana. Georgieva analisa que o mundo enfrentou um “perigo claro e presente” da alta inflação pela primeira vez em muitos anos.
A invasão da Ucrânia pela Rússia no final de fevereiro causou ondas de choque em toda a economia global, alimentando as maiores taxas de inflação em quatro décadas nas economias avançadas em meio a preocupações com o fornecimento de petróleo e gás.
Os dois países juntos fornecem 28% das exportações globais de trigo, enquanto a Rússia e a parceira Bielorrússia fornecem 40% do potássio, um fertilizante importante para as lavouras mundiais. Os preços de grãos e milho dispararam como consequência do conflito, alimentando preocupações sobre o impacto para os países mais pobres dependentes de importações.
“Em um mundo onde a guerra na Europa cria fome na África; onde uma pandemia pode dar a volta ao mundo em dias e reverberar por anos; onde as emissões em qualquer lugar significam o aumento do nível do mar em quase todos os lugares – a ameaça à nossa prosperidade coletiva de um colapso na cooperação global não pode ser exagerada”, disse a diretora.
A autoridade reforçou que o foco deve ser reforçar a segurança alimentar, especialmente para “países que lutaram para escapar da fragilidade e do conflito por muitos anos”.
Georgieva pediu ao mundo que apoie os ucranianos e ressaltou que o FMI entregou US$ 1,4 bilhão em financiamento de emergência para ajudar a Ucrânia a atender suas necessidades imediatas de gastos. O FMI também está oferecendo assistência aos vizinhos da Ucrânia, incluindo a Moldávia, que aceitou mais de 400.000 refugiados de guerra.
O FMI, que deve divulgar novas previsões econômicas na terça-feira, antecipa que a inflação, agora um “perigo claro e presente” para muitas economias, permanecerá elevada por mais tempo do que o esperado anteriormente.
Georgieva não forneceu uma meta específica para o crescimento global, mas disse anteriormente que seria inferior aos 4,4% que o FMI previu em janeiro, um número já reduzido em meio ponto percentual devido a interrupções persistentes na cadeia de suprimentos causadas pela pandemia.