Ativos domésticos voltam a ser pressionados por exterior negativo, após dados da balança comercial chinesa indicarem desaceleração
A Bolsa tem forte queda enquanto o dólar opera com alta ante o real no início desta segunda-feira (9). Os ativos domésticos seguem pressionados pelo ambiente negativo no exterior, com os investidores temendo um cenário de desaceleração do crescimento global em meio a um processo de altas de juros em várias economias desenvolvidas.
No mesmo horário, a moeda americana tinha alta de 1,01%, negociada a R$ 5,1266 após atingir a máxima de R$ 5,1571.
A adoção de uma política monetária mais rígida nos Estados Unidos e a aversão ao risco provocada pelas medidas de restrição impostas na China e pela continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia promovem uma valorização da divisa nas últimas semanas.
“Por trás do mau humor de investidores seguimos encontrando preocupações com um cenário de economia robusta de um lado, e pressões inflacionárias e elevação de juros, do outro”, destaca a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá.
Para Rachel, o receio de uma potencial recessão adiante na economia americana, em meio ao conflito no Leste Europeu sem um fim aparente e os lockdowns ainda vigentes na China acabaram ofuscando parte dos resultados positivos divulgados por empresas no primeiro trimestre do ano.
Receios com crescimento e juros
No pregão, dados da balança comercial chinesa de abril, que indicaram desaceleração, serviram para intensificar os receios dos agentes de mercado.
As exportações no país asiático cresceram 3,9% em abril em comparação ao mesmo mês do ano anterior, depois de avançar 14,7% em março também na base de comparação anual.
Apesar de negativo, o número veio em linha com as expectativas. No entanto, os dados elevam os receios sobre os efeitos negativos do lockdown para a economia chinesa, polo importante da rota de comércio global.
“Vale ainda dizer que essas variações superaram as expectativas, dado que projeções estavam incorporando resultado muito fraco refletindo os lockdowns em diversas províncias do país no mês passado”, destacaram os analistas do Bradesco sobre os números chineses, em boletim matinal.
Os gargalos na cadeia global de suprimentos, que ainda se recuperava dos efeitos dos dois últimos anos de pandemia, tendem a se intensificar, alimentando uma inflação já alta e persistente.
E isso ocorre em um ambiente com revisões de expectativas de crescimento global para baixo e com bancos centrais importantes elevando os juros.
Na semana passada, além do Federal Reserve, Banco Central americano, e do nosso Banco Central (BC), autoridades monetárias da Inglaterra e Austrália também elevaram suas taxas.
Na cena interna, os investidores ainda repercutem a divulgação de novos balanços corporativos do primeiro trimestre.
Itaú: lucro de R$ 7,361 bi
O Itaú Unibanco reportou lucro líquido recorrente de R$ 7,361 bilhões no primeiro trimestre, alta de 2,8% ante o trimestre imediatamente anterior e avanço de 15% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O lucro contábil do Itaú ficou em R$ 6,743 bilhões no primeiro trimestre, alta de 8,2% ante o mesmo período de 2021 e queda de 24,5% na margem.
As despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD) registraram alta de 7,8%, devido a expansão da carteira de crédito do varejo.
As ações preferenciais do Itaú (ITUB4, sem direito a voto) cediam 0,63% e as do Bradesco (BBDC4), 0,50%.
Vale e siderúrgicas caem
As ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) caíam 1,33% e as preferenciais (PETR4), 1,24%.
As ordinárias da Vale (VALE3) caíam 3,40% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 4,36%.
As preferenciais da Usiminas (USIM5) tinham queda de 3,10%.
Petróleo tem queda
Os preços dos contratos futuros do petróleo operavam com queda pela manhã. O movimento é influenciado pelos temores com a demanda devido aos lockdowns na China, importante importador de petróleo no mundo.
Do lado da oferta, a Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, baixou os preços da commodity para a Ásia e a Europa em junho.
Por volta de 10h20, o preço para o contrato de julho do petróleo tipo Brent caía 1,58%, cotado a US$ 110,61, o barril.
Já o preço para o contrato de junho do tipo WTI cedia 1,78%, negociado a US$ 107,82, o barril.
Bolsas no exterior
Na Europa, as bolsas operavam com quedas. Por volta de 10h30, em Brasília, a Bolsa de Londres caía 1,60% e a de Frankfurt, 1,24%. Em Paris, ocorria baixa de 1,54%.
As bolsas asiáticas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 2,53%. Na China, houve leve alta de 0,09%, enquanto em Hong Kong, o mercado permaneceu fechado.