Região também foi a que teve média de preço dos combustíveis mais alta do país. No estado, maioria dos preços ficou acima de R$ 6
O Acre teve a gasolina mais cara da região Norte no mês de novembro, com média de R$ 6,64 por litro, de acordo com o levantamento IPTL Ticket Log. O estado ocupa a primeira colocação na média de preços junto com Roraima, que teve o mesmo índice.
A pesquisa conta com um painel mensal que calcula a média de preços de combustíveis em todo o país e mostrou que nesse mês a região Norte teve a maior média de preços do país, com R$ 6,40.
Ainda segundo o monitoramento, a maioria dos preços de combustíveis ficou acima dos R$ 6 no Acre. Além da gasolina, o diesel chegou a R$ 6,95 e o diesel S-10 a R$ 7,15. Já o etanol ficou em R$ 4,79.
Em abril, o etanol combustível havia alcançado o maior aumento da região Norte no Acre, saindo de R$ 4,36 em março para R$ 4,55. Porém, naquela época, a média acreana era a menor da região. Em novembro, a média colocou o estado na quarta posição.
Já a média de preços do diesel do Acre é a segunda maior do Norte, atrás de Roraima, que chegou a R$ 7,11. No caso do diesel S-10, o estado teve a terceira maior média.
“O Norte segue se destacando como a região com as maiores médias de preço do país para todos os combustíveis. O etanol, por exemplo, foi encontrado nas bombas a R$4,68, a maior entre as regiões, bem como os dois tipos de diesel, que com médias de R$6,77 no diesel comum e R$6,76 no S-10 também são as maiores cifras do Brasil”, ressalta Douglas Pina, diretor-geral da empresa de mobilidade responsável pelo painel.
Preços altos são rotina
Francisco Benedito Guanabara de Queiroz é mototaxista há mais de 10 anos, e, ultimamente, sua maior reclamação tem sido o custo da gasolina. O aumento do preço da gasolina em agosto levou o custo do litro do combustível a R$ 7,48 em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre.
Já o diesel, subiu a R$ 7,75. Antes do aumento, o litro dos combustíveis chegava a R$ 7,08 e R$ 7,77 , respectivamente, nos postos do município.
“Nós que somos mototaxistas e todo dia precisamos abastecer. A gasolina aumenta, mas as nossas viagens não podem aumentar. O menor preço de viagem está R$ 10 e a gasolina está R$ 7,48. Uma viagem daqui para o Hospital do Juruá, por exemplo, até a gente acha barata. É difícil, porque não podemos aumentar a viagem, e não podemos aumentar a viagem, e aumenta a gasolina, aumenta pneu, aumenta tudo da moto”, avalia Queiroz.
Na capital, o preço do litro da gasolina que estava em uma média de R$ 6,20 chegou a cerca de R$ 6,80, somando assim um aumento de R$ 0,60. Já o diesel, teve um aumento mais expressivo, saindo de uma média de R$ 5,60 para R$ 6,60 - tendo assim uma subida de até R$ 1 real.
Postos seguem o mercado
O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Acre (Sindepac) informou que cada estabelecimento pratica os valores de acordo com o livre mercado.
“O preço final depende de uma série de fatores, como valor repassado pelas distribuidoras, frete, custo de operacionalização, entre outras situações. A Petrobras divulgou que a gasolina vai reajustar 16,63% e o diesel 25,8%, a partir desta quarta-feira (16). O Sindepac já havia alertado sobre a nova política da estatal, que isso não tinha impactado de forma positiva nos preços, uma vez que as refinarias e distribuidoras estavam repassando valores alternados para os postos. Esse reajuste evidencia que a situação, até agora, não mudou”, destaca a nota.
Ainda em Cruzeiro do Sul, Pedro Oliveira, que é proprietário de um posto de combustíveis, alega que os reajustes não tem relação com possível aumento de lucro. Na verdade, segundo ele, com o aumento do custo, os clientes passam a levar menos produto, o que reduz as vendas.
“Com certeza é só um repasse, a gente tá só repassando algo que foi repassado pra gente. A gente se encarrega de repassar ao consumidor final. Infelizmente, as vendas caem, e mais de 80% dos consumidores não chegam ao posto para completar, ele abastece R$ 50, R$ 100. Consequentemente, ele vai estar comprando menos produto, e a gente vende menos. Sem contar que a gente compra esse produto mais caro, isso afeta diretamente o capital de giro da empresa”, explica.
Enquanto o aumento chega ao consumidor final, Queiroz lamenta, e diz que os reajustes deixam o consumidor sem opções, já que é preciso continuar trabalhando.
“A gente se sente sem saída, humilhado, numa prisão. Não tem pra onde correr, é o nosso meio de vida. A gente fica num beco sem saída, uma sinuca de bico. É esperar, sair pra trabalhar todos os dias, pedir proteção, porque todo dia tem acidente. É trabalhar enquanto der, em nome de Jesus”, acrescenta.