Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura Elias Mansour fez o registro do sítio no Iphan. Indícios podem apontar que indígenas ocupavam a região
A Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura Elias Mansour (DPHC/FEM) encontrou, no último sábado (21), às margens do Rio Juruá, em Rodrigues Alves, um sítio arqueológico que pode dar grandes contribuições para o estudo no sentido de revelar ocupação de indígenas que viveram na região há algum tempo.
O achado foi feito durante a capacitação de um projeto de articulação institucional para o reconhecimento, fortalecimento e valorização do patrimônio histórico e cultural do estado, que está percorrendo 21 cidades do Acre capacitando gestores municipais justamente para reconhecer e preservar artigos e locais que possam ter contribuição histórica importante.
A chefe do DPHC, Jane Coelho, diz que o achado foi logo após uma aula aos gestores. Um deles, ao ouvir a palestra, indicou o local onde poderia ser encontrado o material - que é uma peça de cerâmica, que pode ser um sinal de ocupação indígena no leito do rio.
“A gente estava em uma aula a céu aberto e em diálogo com um dos gestores, ele percebeu que em determinado lugar da cidade tinha esse material que podia apontar um possível sítio arqueológico. Então, saímos da comunidade Nova Cintra até a área central, que é uma comunidade de pescadores chamada Beira Rio, e atestei que era um sítio arqueológico inédito”, destaca.
Jane explica que só é possível detectar o tipo de ocupação e modo de vida naquele local após um estudo aprofundado, mas que inicialmente os sinais é de que indígenas ocupavam também todo o leito do Rio Juruá.
“Foi encontrado material cerâmico que deve ter uma contribuição riquíssima com aprofundamento do estudo. Foi feito o registro no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e agora estamos analisando como podemos fazer o estudo no local”, explica.
Enquanto isso, o local foi isolado e sinalizado como sítio arqueológico, segundo Jane. “O que sabemos, hipoteticamente, já que não há estudo, é que seriam indígenas, porque próximo tem sítios semelhantes. A gente acredita que eles ocupavam todo o leito do Rio Juruá, mas isso só pode ser confirmado após uma investigação profunda”, enfatiza.
Em todo o estado, são mais mil sítios arqueológicos que contribuem para a história e cultura. Esse projeto tem o intuito de capacitar gestores municipais para se atentarem a espaços que possam ter algum sinal de arqueologia.
Por enquanto, apenas Rio Branco não está no projeto, mas deve ser incluído até o final do ano. “Agora estamos decidindo como ele vai ser estudado, traçar um projeto, precisa ter um investimento nesse estudo, porque gera custo, e estamos decidindo como vamos fazer até mesmo para dar uma resposta ao público, porque deu uma repercussão positiva”, finaliza.