Diante do compromisso assumido pelo presidente Jair Bolsonaro com o presidente norte-americano Donald Trump, de transformar a floresta amazônica em grandes campos de soja, de gado e de mineração, inclusive em terras indígenas,
os governadores da Amazônia começam a correr o mundo atrás de ajuda internacional para preservar a maior floresta tropical do planeta, considerada essencial para o seu equilíbrio climático.
Foi o que fizeram nesta segunda-feira (28/10) os governadores do Pará, Helder Barbalho (MDB); do Amazonas, Wilson Lima (PSC); do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); e do Amapá, Waldez Góes (PDT), presidente do Consórcio de Governadores da Amazônia Brasileira, ao irem ao Vaticano, em Roma, para debater com religiosos e cientistas formas de preservar a floresta e combater o seu desmatamento, no dia seguinte ao fim do Sínodo da Amazônia, realizado pela Igreja Católica.
Contando com representantes de outros países da América Latina, a reunião no Vaticano se destinou a mostrar no cenário internacional que os governos locais da Amazônia querem se aproximar de quem está disposto a dar dinheiro para manter a floresta em pé, que vale muitas vezes mais do que transformada em agronegócios bilionários, que enriquecem apenas algumas empresas nacionais e internacionais, sem distribuir renda e gerar empregos dignos aos seus guardiões seculares, como são os índios, os seringueiros, os ribeirinhos e outros povos amazônicos.
“Queremos reafirmar o compromisso com o desenvolvimento sustentável, que diminua a emissão de CO2 (gás carbônico) e o desmatamento, com respeito aos povos tradicionais", disse o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), representando os governadores do Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins e do Acre, este último (Gladson Cameli), o único a participar da comitiva da viagem de Bolsonaro ao Oriente Médio, onde tratou, inclusive, da exploração de negócios na Amazônia. O governador Wellington (PT), do Piauí, também participou do evento em Roma, na Itália.
Bolsonaro quer até mineração invadindo florestas indígenas
Segundo o Portal Terra, no encontro, os governadores reconheceram que a imagem que tentam reforçar contrasta com o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro em questões ambientais, pois desde a sua posse tem defendido a exploração econômica da Amazônia e a liberação da mineração em terras indígenas. Bolsonaro também vem sendo acusado de incentivar, com o enfraquecimento da fiscalização, o aumento de ocupações ilegais e do desmatamento.
“Os governos estaduais, de forma legítima, estão discutindo soluções para seus territórios”, disse o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Sobre o governo federal, Barbalho afirmou que não está preocupado em discutir ideologia. “Estamos procurando parceria da Igreja após a sinalização do papa (Francisco) e conclamando todos que queiram colaborar com a Amazônia, sem que isso signifique questionamento em torno da soberania nacional”, completou Barbalho.
O Portal Terra (ver AQUI íntegra da matéria) também assinala que, para conservar a floresta, o grupo de governadores está em busca de dinheiro no exterior. Nos últimos meses, novos repasses do Fundo Amazônia, criado em 2008 para financiar projetos com foco na redução do desmatamento e que contava com recursos doados pela Noruega e pela Alemanha, foram suspensos.
“Defendemos o retorno imediato do Fundo", afirmou o governador Flávio Dino, ao enfatizar que seus colegas governadores da Amazônia Legal querem “participar da implementação desses projetos que estão associados a metas, não querendo dinheiro distribuído graciosamente”.
*Editor do site www.expressoamazonia.com.br.