O mundo reage aos ataques e insinuações do presidente Jair Bolsonaro contra as ONGs que lutam, há décadas, ao lado do povo da floresta, pela preservação da Amazônia.
No Twitter, a hastag #PrayForAmazonas alcançou rapidamente o topo (TT).
Bolsonaro insinuou, mas já acusando, que as ONG podem estar por trás das queimadas na Amazônia. Ele disse que os "fatos coincidem com o fim da boquinha", uma ligação direta com o congelamento dos repasses da Alemanha e Noruega para Fundo da Amazônia. O corte da verba de R$ 288 milhões foi uma represália à política ambiental do governo Bolsonaro. O presidente também acusa as ONGs de receber 40% da verba enviada pelos países.
Mesmo sem ter provas, parte pra cima das ONGs. "Parece que o fogo foi tocado, me parece, em lugares estratégicos. Há (?) imagens na Amazônia toda, como é que pode? Nem vocês teriam condições de colocar fogo e filmar!”
Logo que os ataques foram divulgados nas redes sociais, a reação foi imediata.
A deputada federal do PSOL-SP, Luiza Erundina, questionou Bolsonaro, no Facebook.
"É sério isso, presidente?” Bolsonaro, instruído pela assessoria, tem se destacado a, já no começo do dia, destilar um sem número de acusações, para todos os lados. O mais novo absurdo é, sem prova nenhuma, dizer que as ONGs podem ser responsáveis pelas queimadas na Amazônia. “Menos, presidente... Se não sabe, não fala nada”.
Alexandre Padilha, deputado federal do PT-SP, também fez duras críticas às acusações, pelo twitter. "Bolsonaro leviano/limites. Desrespeita milhares de brasileiros que trabalham p/ONGs, Univ e Centros de Pesquisas. 1º Nega existência de queimadas, 2º Nega evidências, 3º Quando a peneira não tampa mais as chamas, acusa quem luta pela Floresta".
Guilherme Boulos também contra-atacou. "Inacreditável! Bolsonaro acusou ONGs de terem feito queimadas na Amazônia para 'chamar atenção'. Quem podia imaginar que eram diretores de ONGs que grilavam terras, destruíam florestas e agora estão planejando queimadas? É um escárnio! Bolsonaro rebaixa e envergonha o Brasil".
As acusações também bateram na porta dos governadores da Região Norte. "Olha só, tem governador, não quero citar nome, que está conivente com o que está acontecendo e bota a culpa no governo federal. Tem Estados aí, que não quero citar, na região Norte, que o governador não está movendo uma palha para ajudar a combater incêndio. [Tem governador que] está gostando disso daí. Não quero criticar porque vem um contragolpe", alfinetou Bolsonaro.
Ele admitiu que o governo não está "insensível" às queimadas e que deve enviar as Forças Armadas para a região. "É a pior onda. É um crime. O governo não está insensível para isso, mas temos uma guerra acontecendo no mundo contra o Brasil. Uma guerra de informação.
Guerra que o próprio Bolsonaro ajuda a ficar mais grave. Logo depois dessa conversa com os jornalistas, também em Brasília, o alvo foi o Acordo de Paris. Mostrando pouco interesse, ele disse que "não tem todo o poder que alguns imaginam. Se o acordo do clima fosse bom, americano não teria saído. Nós por enquanto estamos lá", ameaçou Bolsonaro.
Como será que a França, Alemanha e outros países reagiram a essa ameaça do presidente do Brasil? Como fica a adesão final ao acordo comercial UE-Mercosul?
*Blogueiro