O flagrante descompromisso com a floresta amazônica por parte do governo de Jair Bolsonaro, que já declarou querer, em parceria com os Estados Unidos, transformá-la em gigantescos campos de soja, gado, cana de açúcar e mineração,
compromete e desgasta cada vez mais a imagem do Brasil por todo o planeta.
Uma análise feita pela empresa brasileira Curado & Associados sobre as notícias publicadas por dez grandes jornais do mundo sobre os desmatamentos e as queimadas ocorridos na Amazônia, entre julho e setembro deste ano, aponta que o Brasil foi considerado um país vulnerável, irresponsável e impulsivo, sobretudo nas declarações sobre os dois imensos desastres ambientais.
Usando metodologia desenvolvida há 15 anos junto com estatísticos da Universidade Federal de São Carlos (SP), a análise da empresa abrangeu as notícias e reportagens publicadas entre 1º de julho e 30 de setembro nos jornais New York Times, Washington Post, Wall Street Journal (EUA), The Guardian, Financial Times, The Economist (Inglaterra), El Pais (Espanha), Le Monde (França), Bild (Alemanha) e Corriere della Sera (Itália).
Índices negativos em valor, gestão e relacionamento
Segundo publicou o jornal Folha de São Paulo, três índices foram utilizados para se chegar às conclusões quantitativas e qualitativas sobre a imagem do Brasil nas reportagens estudadas, quais sejam os de valor, gestão e relacionamento. Esses índices variam entre +5 (quando a análise constata que o objeto de estudo é referência, um modelo a ser seguido) e -5 (quando a sobrevivência do objeto analisado está em risco devido à crise).
Segundo o jornal paulista, no geral, todos os dez jornais que tiveram suas notícias analisadas projetaram quadros negativos para o Brasil. Os ingleses The Guardian e The Economist, entretanto, foram os mais críticos. Levando em consideração apenas esses dois veículos, o país apresenta índice geral superior a -4, ou seja, está em crise com necessidade de resgate de terceiros.
Mesmo os jornais que tiveram índices menores, como o Wall Street Journal (-2,99) e o Financial Times (-2,11), o valor ainda é expressivo, com os resultados mantendo o país na zona de crise. Segundo a Folha, apesar disso, dos dez veículos analisados, os que mais publicaram notícias sobre a crise do desmatamento e das queimadas foram El Pais, com 22,16% do total, e Washington Post, com 18%; os índices desses jornais foram, respectivamente, -3,30 e -3,34, o que sugere ocorrência de uma crise que demanda ações emergenciais (ver AQUI matéria completa da Folha de SP).
*Editor do site www.expressoamazonia.com.br