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Amazônia

Incêndios fortalecem debate sobre o valor da Amazônia, dizem especialistas

O desmatamento crescente e o aumento de incêndios na Amazônia brasileira jogaram a região no centro do debate público, no Brasil e internacionalmente.

Para organizações, ativistas e líderes de comunidades locais, o país está em um momento chave para impulsionar as discussões sobre a preservação da região – e mostrar que a floresta vale mais em pé que derrubada.

“Nunca se falou tanto de Amazônia, e também nunca vi tamanha mobilização em torno do tema”, diz Caetano Scannavino, do Projeto Saúde e Alegria (PSA), ONG criada na década de 1980 na no Pará, durante o evento Floresta de Valor em Alter do Chão, PA.

De acordo com ele, é necessário aproveitar o momento para discutir ações de preservação, antes que as atenções nacionais e internacionais se voltem a outros assuntos. “É uma oportunidade para refletir e reunir pessoas e instituições que estavam dispersas, entre ONGs, indígenas, ribeirinhos, quilombolas e assentados”, diz.

Mais do que intensificar o debate sobre a proteção da floresta amazônica, é essencial ampliar o valor da mata de pé, avaliam especialistas ouvidos por EXAME. No entanto, a maior parte das receitas da região vêm de atividades que causam impacto no ambiente.

Cerca de 98% do faturamento vem de pecuária, mineração, produção de soja e extração de madeira. Segundo pesquisas do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), as receitas de produtos florestais não madeireiros representam apenas 0,03% do PIB brasileiro.

Porém, de acordo com o biólogo Ismael Nobre, pós-doutor em estudos sobre a Amazônia pela Unicamp, o crescimento do PIB da Amazônia não está relacionado ao desmatamento. O açaí, uma das maiores produções da região, gera oito vezes mais receitas por hectare que a produção de soja. Já a produção de cacau vale cerca de sete vezes mais por área que a pecuária, diz ele. Por isso, ele acredita que é essencial desenvolver a economia da região e aumentar o valor das produções locais.

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