O desmatamento da Amazônia explodiu em julho passado para 225 mil hectares,
o que implicou no estrondoso aumento da ordem de 278% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram derrubados 59 mil hectares de árvores na região, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta terça-feira, 06/08.
Ocorrendo no sétimo mês da gestão do governo Bolsonaro, o estrondoso aumento consta do alerta de desmatamento medido pela ferramenta do Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), do Inpe, cuja principal função é sinalizar as áreas de devastação da grande floresta para órgãos de fiscalização ambiental, como o Ibama.
Ao analisar a nova explosão do desmatamento amazônico, que já tinha aumentado 88% em junho deste ano em relação ao mesmo mês de 2018, o coordenador de Políticas Públicas da organização não governamental Greenpeace, Marcio Astrini, destacou que a Amazônia está sob a tutela do “crime organizado” na gestão do presidente Bolsonaro, que ironizou o aumento da devastação amazônica nesta terça-feira e se autoproclamou “capitão motosserra”.
“Não é um desmatamento realizado por pequenos agricultores. São grileiros que atingem grandes áreas, inclusive terras indígenas. O discurso do governo (Bolsonaro) está dando impulso para quem devasta a floresta. Nosso medo é que o desmatamento não só aumente, como esteja começando a explodir”, completou o coordenador do Greenpeace.
Segundo publicou nesta terça-feira o jornal O Globo, os especialistas consideram que está havendo uma escalada na devastação da Amazônia levando-se em conta o crescimento das áreas desmatadas na região nos últimos três meses deste ano. O jornal ressalta que embora o cálculo do desmatamento não esteja entre as funções do Deter, historicamente as tendências apontadas pelo sistema são refletidas no Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), calculado e divulgado anualmente pelo Inpe.
Desmatamento anual deve ser ainda maior
A publicação lembra que, em julho passado, o governo Bolsonaro demonstrou irritação com os números averiguados pelo Deter, com o presidente condenando o então presidente do Inpe , o físico Ricardo Galvão, por divulgá-los sem consulta prévia ao Planalto. Galvão foi exonerado na semana passada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
“Os número de alertas e áreas afetadas aumentaram substancialmente”, alertou o ex-presidente do Inpe, ao lembrar que, nos últimos 13 anos, o Prodes detectou índices de desmatamento ainda maiores do que os vistos pelo Deter. O que significa que o desmatamento anual da Amazônia, que normalmente é anunciado em outubro pelo governo, representará uma grande explosão em termos de devastação na maior floresta tropical do mundo, essencial para o equilíbrio climático de todo o planeta.
Ao falar ao jornal carioca sobre o assunto, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, disse acreditar que o desmatamento crescerá de uma forma “gritante”. “O Prodes tem imagens mais refinadas, e mostrarão que a área desmatada é maior do que conhecemos”, revelou ao jornal carioca o secretário Carlos Rittl.
Segundo a mesma autoridade, “até agora, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apontou eventuais falhas no Deter , mas não disse que operações serão feitas para conter o desmatamento, que resultados quer atingir e como fortalecerá o Ibama, que é o responsável por controlar o início do desflorestamento”. Segundo o jornal, o Ministério do Meio Ambiente não respondeu aos pedidos de entrevista sobre a explosão do desmatamento em julho.
(*) Editor do site www.expressoamazonia.com.br.