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Amazônia

Bolsonaro propaga a devastação da Amazônia no resto do mundo

Depois de brigar com a Europa toda por incentivar o aumento das derrubadas e queimadas na Amazônia, em números e percentuais recordes nos últimos anos, o presidente Jair Bolsonaro segue para outras partes do mundo

propagando a sua sanha de transformar a maior floresta tropical do planeta em gigantescos campos de gado, soja e mineração, ampliando ainda mais o desequilíbrio climático da Terra.

Desta vez, logo depois de pisar no Japão, na primeira parada de uma turnê de 10 dias que está fazendo pela Ásia e Oriente Médio, onde visitará ainda a China, Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita acompanhando de uma reca de ministros e assessores, Bolsonaro foi logo dizendo que o Brasil é um país que tem um grande potencial com sua gigantesca floresta.

“Temos nossa Amazônia, que tem que ser explorada”, disse o presidente brasileiro, ao ser questionado por jornalistas se o tema Amazônia estava na sua pauta no Japão. “É nossa a Amazônia, não abro mão disso. Esse foi meu discurso, tem que ser explorada. Tem mais de 20 milhões de pessoas que não podem ser tratadas como alguns países no mundo querem”, afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro só não teve coragem, no entanto, de citar as dezenas de milhares de pessoas, entre crianças e idosos, que tiveram de ser internadas, entre agosto e setembro deste ano, em hospitais de diversas cidades amazônicas sufocadas pelas extensas fumaças das grandes queimadas ocorridas nestes dois meses, em números e em percentuais recordes em relação aos anos anteriores. Da mesma forma, ele não citou o desmatamento, também recorde, que se deu na região nos primeiros oito meses deste ano em relação aos mesmos períodos dos últimos anos.

Impulsionados pelo discurso devastador de Bolsonaro em toda a mídia nacional, onde defendeu por várias vezes o uso até de terras indígenas para ampliar a agropecuária e a mineração, pecuaristas, madeireiros, grileiros, mineradores e outros velhos devastadores regionais se sentiram à vontade para desmatar e queimar ainda mais este ano a grande floresta, que produz mais de 20% da água doce do planeta, entre outros valiosos ativos ambientais que geram bem-estar para a humanidade.

Da mesma forma, Bolsonaro e seu bando de ministros nada falaram no Japão sobre o que vão representar de acréscimo as enormes derrubadas de florestas em seu primeiro ano de governo no cômputo geral da devastação ocorrida até aqui na Amazônia, que já supera os 20%. E que, ao alcançar os 25%, deve começar a se transformar, segundo os cientistas, numa gigantesca savana que deixará de enviar chuvas e água para beber e plantar até ao Centro-Sul do país, com abrangência do desastre ambiental também nos vizinhos Argentina, Uruguai e Paraguai.

É claro que o resto do mundo, onde Bolsonaro está propagando agora a devastação amazônica, que pretende executar em parceria com os Estados Unidos, conforme ele mesmo já disse ter combinado com o presidente Donald Trump, não vai cair no “conto infernal” bolsonarista, que só tende a aquecer ainda mais o planeta, trazendo mais catástrofes ambientais numa era de explosivas emissões de gases de efeito estufa que correm soltas por todo o globo terrestre.

O resto do mundo deve reagir negativamente ao plano demoníaco que Bolsonaro planeja executar na região onde está localizada a maior, mais rica e mais bonita floresta tropical do mundo. Como, aliás, fizeram recentemente, na Europa, países como a França, a Irlanda, a Finlândia e outros, que já colocaram em xeque a aprovação do acordo de livre comércio, firmado em junho passado, entre a União Europeia e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), que custou 20 anos de negociações entre os dois blocos econômicos, sendo o primeiro considerado o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

Bolsonaro certamente voltará de mãos vazias por tentar também leiloar comercialmente um tesouro tão valioso e essencial para o bem-estar dos brasileiros e do resto da população mundial.

*Editor do site www.expressoamazonia.com.br.