O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou nesta quarta-feira (20) a intenção de reduzir o desmatamento em 2020 e eliminar o desmate ilegal. Não foram divulgadas metas para a diminuição progressiva, nem um prazo final para a queda dos crimes ambientais.
O anúncio ocorre dois dias depois da divulgação da taxa oficial de desmate relativa ao período de agosto de 2018 a julho de 2019, quando a devastação da floresta teve um crescimento de 29,5% em relação ao período anterior. Foram 9.762 km² desmatados na Amazônia no período que se encerra em 2019, contra 7.536 km² no período anterior.
Em Brasília, Ricardo Salles falou em "ambientalismo de resultados" e apresentou diretrizes que devem guiar as ações do governo federal. "Mais importante do que estabelecer metas é estabelecer estratégias", disse o ministro.
Os principais eixos da proposta do ministro para reduzir o desmatamento são:
Regularização fundiária
Monetização da preservação
Zoneamento econômico e ecológico
Bioeconomia
Fundo Petrobras
Segundo ele, as ações dos quatro eixos podem ser financiadas pelo Fundo Petrobras. Até agora, está definido que R$ 430 milhões serão destinados aos estados para a preservação da Amazônia, mas ainda não há detalhes sobre como esse dinheiro será encaminhado.
Parte desses recursos, de acordo com o ministro do Meio Ambiente, será investida no restabelecimento do TerraClass para os anos de 2016, 2018 e 2020, programa do Inpe que qualifica o desflorestamento da Amazônia Legal.
O Prodes faz o mapeamento das áreas, mas é o TerraClass que investiga os motivos e aponta as possíveis causas da derrubada de árvores.
Antes do evento, o ministro se reuniu com governadores dos estados da Amazônia Legal, compostos por Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso, Tocantins e parte do Maranhão. Segundo Salles, todos estão de acordo com as diretrizes apresentadas.
Os governadores se reuniram durante a tarde para discutir a distribuição dos recursos do Fundo Petrobras. Salles acompanhou a discussão, mas deixou a reunião sem dar entrevistas.
A divulgação dos números preliminares sobre o desmatamento vem sendo alvo de críticas desde julho do governo Jair Bolsonaro ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério da Ciência responsável pelo monitoramento. Bolsonaro chegou a declarar que o então presidente do instituto, Ricardo Galvão, deveria estar "a serviço de alguma ONG", episódio que levou a sua exoneração.