Terra natal do ambientalista Chico Mendes, o Acre foi a surpresa mais desagradável nos novos números do desmatamento da Amazônia
anunciados nesta sexta-feira, 16, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que revelou aumento de 66% em julho passado e 15% no desmatamento ocorrido entre agosto de 2018 e julho de 2019 na região da maior floresta tropical do mundo, essencial para o equilíbrio climático do planeta.
Segundo os dados do Imazon, o Acre apresentou aumento de 257% no desmatamento entre agosto de 2018 e julho deste ano, quando desmatou 37,1 mil hectares, contra os 10,4 mil hectares de floresta derrubada entre agosto de 2017 e julho de 2018.
Tradicionalmente sem parecer na lista dos estados mais devastadores da Amazônia, o Acre também surpreendeu com a inclusão de Feijó como o quinto município que mais devastou a Amazônia, derrubando 4,6 mil hectares de floresta. Além disso, o instituto incluiu a Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, situada no Vale do Alto Acre, como a quarta unidade de conservação mais desmatada na região amazônica, com 1,6 mil hectares.
O Imazon também mostrou que, além do Acre, ampliaram seus desmatamentos florestais os estados do Amapá, que aumentou de 200 hectares entre agosto de 2017 e julho de 2018 para 400 hectares entre agosto de 2018 e julho deste ano (aumento de 100%); do Amazonas, de 83,6 mil para 101 mil hectares (aumento de 21%); de Rondônia, de 64,1 mil para 76 mil hectares (aumento de 19%); e do Pará, de 148,2 mil para 179,2 mil hectares (aumento de 21%), que foi quem mais desmatou na Amazônia entre os dois períodos.
Na posição de segundo maior devastador da região, o Estado do Mato Grosso reduziu, nos mesmos períodos analisados, de 115,7 mil para 95,5 mil hectares de florestas derrubadas (redução de 17%); o Estado de Roraima diminuiu de 16,1 mil para 16 mil hectares (queda de 1%); e o Estado do Tocantins reduziu de 400 para 200 hectares (redução de 50%) a quantidade de florestas que colocou abaixo.
Governo acreano condena desmates ilegais no estado
Falando à edição de ontem do Jornal Nacional, da TV Globo, o governo do Acre condenou o desmatamento ilegal e prometeu a adoção de políticas de desenvolvimento sustentável para o estado nos próximos anos.
Com monitoramento através de imagens de satélites, o Imazon apontou que apenas em julho deste ano, a destruição da floresta amazônica foi de 128,7 mil hectares, com aumento da ordem de 66% em relação ao mesmo mês do ano passado. O instituto funciona com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que é uma ferramenta de monitoramento desenvolvida para reportar mensalmente o ritmo do desmatamento e da degradação florestal da Amazônia.
O Imazon é um instituto nacional de pesquisa sem fins lucrativos, que é composto por pesquisadores brasileiros, tendo sido fundado em Belém há 29 anos. Na última semana, a questão do desmatamento na Amazônia teve como agravante o fato da Alemanha e Noruega, os dois grandes doadores para projetos de conservação da região através do Fundo Amazônia, terem congelado os recursos com estes fins.
Os dois países suspenderam os repasses dos recursos diante da explosão dos desmates que a região vem sofrendo nos últimos sete meses, a partir da decisão do governo Bolsonaro relaxar a fiscalização e ampliar os negócios da mineração, da pecuária e da produção de soja na região, inclusive em terras indígenas e unidades de conservação.
(*) Editor do site www.expressoamazonia.com.br