Em números exatos, o estado já contabiliza 6.639 focos de calor. Com esse número, o Acre tem o pior setembro de queimadas dos últimos 24 anos
O Acre registrou mais de 6,6 mil focos de queimadas nos 29 primeiros dias de setembro. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora o avanço do fogo em todo país. O total de queimadas neste ano em todo o estado é de 9.727.
Em setembro, em números exatos, o estado já contabiliza 6.639 focos de calor. Com esse número, o Acre tem o pior setembro de queimadas dos últimos 24 anos.
O número de queimadas neste período representa um aumento de 67,4% em relação aos 29 dias de setembro do ano passado, quando foram contabilizados 3.966 focos de incêndio no estado.
O dia que mais teve focos de calor foi 8 de setembro, dois dias após o Dia da Amazônia. Na data em questão, o Acre chegou a registrar 788 queimadas. No dia 6, foram 694.
O Acre ficou em 6º lugar no ranking entre os que mais queimaram no mês de setembro. Entre os 10 municípios que registram os maiores números de focos de calor durante este mês em todo país, um é do Acre. Feijó está na oitava posição, com 2.282 queimadas.
Resgate de animais
Com as queimadas no estado, cresce o número de animais feridos e até mortos pelas chamas. Animais resgatados de áreas queimadas estão sendo levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, o Cetas. Lá, eles tentam salvar a vida desses animais e também fazem o trabalho de reabilitação.
“Eles chagam aqui por apreensões da polícia ou do Ibama, entregas voluntárias, que é aquela pessoa que tem um animal em casa e quer entregar. E nosso trabalho é tratar, reabilitar se necessário, e fazer a destinação correta do animal”, diz Elaine Oliveira, analista ambiental do Ibama.
No local tem um filhote de papagaio que foi encontrado em uma área de incêndio por um grupo de brigadistas. “Ele estava dentro do ninho, mas o irmão já tinha vindo a óbito, estava em uma situação complicada, tinha inalado muita fumaça, não tinha nem uma pena quando chegou, mas agora as peninhas estão começando a aparecer. Uma coisa que é importante que se diga é que não é um trabalho imediato. A partir desse animal aqui, são 8 meses de reabilitação para devolver à natureza, e ainda vamos fazer o recrutamento que é quando escolhemos os animais para soltura na natureza para ver se tem capacidade de voo, de procurar alimento, enfim, ele tem que ter condições de ter uma vida plena na natureza.”
Outro animal é a paca de rabo, também conhecida como pacarana. O bicho também foi resgatado de uma área de queimada e o Cetas do estado é único do país que tem essa espécie.
De acordo com dados do Corpo de Bombeiros, este ano, já foram registrados 365 casos de animais que sofreram com as queimadas no estado. Atualmente, cerca de 150 animais estão no Cetas, entre répteis, mamíferos e aves. Animais de diferentes espécies e com dietas específicas. Alguns, são resgatados de cativeiro.
Cobras, preguiças, tamanduás e jabutis são os animais que mais chegam no Centro, principalmente no período de queimadas. Todos os animais que chegam, ficam em um período de quarentena, são vermifugados, identificados com microchips ou anilhas, no caso de aves, e em seguida vão para um prédio principal com os outros animais. Após a recuperação, aqueles que têm condições, voltam para a natureza e os que não conseguem se readaptar à natureza, são encaminhados para zoológicos.
O g1 tem contado histórias de animais que tentam sobreviver em meio às chamas. O último foi de um macaco que chegou a se agarrar em um dos combatentes para tentar se salvar de um incêndio florestal de grandes proporções no bairro Guarani, em Mâncio Lima, interior do Acre. O animal não resistiu.
Outro caso em Feijó foi de uma cobra-cipó, de cerca de 40 centímetros, que foi achada tentando fugir das chamas e desorientada e aceitou receber água na boca entregue por um dos brigadistas que atuava no combate às chamas.
No último dia 14, um grupo tentava controlar um incêndio de grandes proporções às margens do Rio Envira, no km 2 da BR-364, em Feijó, no interior do Acre, quando um bicho-preguiça caiu de uma árvore em chamas e tentava subir em outra que também pegava fogo.