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Vídeo da discórdia

Vídeo da discórdia

Um vídeo veiculado nas redes sociais na quarta-feira, 6, pelo senador Márcio Bittar (UB), em sua conta no facebook, onde o governador Gladson Cameli (PP), em uma agenda em Xapuri, anuncia que Bittar (União Brasil) deverá ser o nome que trabalhará para sua sucessão nas eleições de 2026 – caso seja reeleito no pleito eleitoral deste ano – tem gerado desgastes nas hostes governistas. É que alguns dos aliados não concordam com o desenho formatado com tanta antecedência e também discordam da nomeação de Bittar como sucessor natural. 

Alvíssaras 

Na peça, Gladson se diz satisfeito com a escolha de Márcia Bittar (PL), ex-esposa de Márcio, para compor a chapa majoritária como sua vice. “Esse projeto não vai acabar nessa eleição e sim na minha sucessão que é você. Estou bem com o anúncio de aceitar a Márcia como vice”, declarou. 

Controvérsias

Ocorre que até a mãe do governador, D. Linda Cameli, também foi às redes sociais opinar que a ex madame Bittar, agregada a chapa da reeleição, tira votos do filho na corrida eleitoral.  Fato é que o comentário de D. Linda é o resumo da insatisfação expressa nas redes sociais por apoiadores de Gladson conquanto a escolha de Márcia na condição de vice.

O pai da matéria 

Ainda na gravação, Cameli agradece a Bittar pelo pacote da bondade articulado entre Governo Federal e o Congresso – deixando a entender que enxerga as digitais do senador nas medidas -, pação que promete “turbinar” o valor dos benefícios sociais para atender a população brasileira desassistida de salário e renda, segmento que padece com o dilema de, ao menos, se alimentar uma vez ao dia. Resta lembrar que a ação é tida por todos que analisam a política nacional como prática eleitoreira, vez que mira tão somente a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), posto que o programa acaba após as eleições. 

Tal e qual 

A propósito da estratégia do governo federal em criar benefícios pecuniários para a população de baixa renda no período eleitoral, o jornalista Josias de Souza, na edição de hoje, 08, do jornal Folha de São Paulo, fez comparação supimpa. Escreveu que, mal comparando, Bolsonaro utilizou a mesma tática dos bandidos que assaltam cidades do interior nas incursões batizadas de novo cangaço. Para inibir a repressão policial, os neocangaceiros utilizam moradores das cidades como reféns. 

Estratégia 

Seguindo a analogia, Josias constata que Bolsonaro invade os cofres do Tesouro usando o brasileiro pobre como escudo humano. A pretexto de socorrer os famintos, toda a oposição, inclusive o PT, se vê na contingência de votar a favor das medidas que têm potencial para levar o seu principal rival até o segundo turno da corrida presidencial.   

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Vergonha nacional 

A propósito da subalimentação, o Brasil voltou de vez ao mapa da fome e nada indica que se livrará dessa vergonhosa marca tão cedo. Dados do relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2022, divulgado por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU), apontam que 15,4 milhões de pessoas estavam sob insegurança alimentar grave no País entre 2019 e 2021, um contingente que representa hoje 7,3% de toda a população – são 3,9 milhões a mais do que o contingente observado entre 2014 e 2016, época em que o índice não chegava a 2%.

Aviltante 

Para idéia, números que muitas vezes parecem frios ganham outra dimensão quando traduzidos em exemplos mais claros: 15,4 milhões de brasileiros não sabem se comerão um prato de comida ao longo do dia de hoje. É estarrecedor!

Falta de empatia 

A essas pessoas, o comandante mor do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL), nunca ofereceu nada, nem mesmo uma palavra de solidariedade. Sem qualquer planejamento nem foco nos mais necessitados, o governo a toque de caixa institui um programa de auxílio humanístico, com data marcada para acabar (após as eleições) onde busca distribuir benefícios de forma indiscriminada a todos que conseguirem passar pelos parcos e confusos controles de acesso do Auxílio Emergencial.

Mal crônico

Essa tragédia não é fruto do acaso, mas de escolhas feitas por um País que sempre virou as costas para os mais necessitados. É verdade que Bolsonaro destruiu as bases do Cadastro Único para Programas Sociais, um consistente banco de dados de mais de 20 anos de história; que extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), cujo papel nas políticas de combate à fome ao longo dos últimos anos foi fundamental; que praticamente zerou as verbas do programa de aquisição de alimentos Alimenta Brasil, que priorizava regiões com maior índice de pobreza. Também é inegável que o aumento na quantidade de famintos não é exclusividade brasileira. A pandemia, a guerra na Ucrânia e os preços de alimentos e combustíveis agravaram a pobreza em diversos países do mundo. 

Tarefa de todos 

Ocorre que também é fato que a incompetência nacional para resolver gargalos históricos não vem de hoje e atravessa administrações de diferentes matizes políticas. Não se trata de diminuir a incontestável contribuição do governo Bolsonaro em levar o Brasil à ruína, mas de chamar a sociedade a assumir a responsabilidade pela solução de questões que têm raízes na nossa história.

Urgência

Se a fome havia deixado de ser um problema crônico no passado recente, a desigualdade social era e continua sendo uma marca obscena do País – inabalável mesmo quando o PIB cresce de maneira mais vigorosa. A desigualdade sempre foi vista como uma característica inerente ao Brasil, algo que deveria ser inaceitável sob qualquer ponto de vista. Atacar a mazela da fome é urgente e passa por uma articulação entre governo e entidades da sociedade civil, além de parcerias entre o setor público e privado. Mas ações emergenciais não substituem respostas estruturais, e compensações, ainda que fundamentais, não levam à emancipação. 

Planejamento 

Não há como oferecer uma solução definitiva para a miséria sem que o País retome o caminho do crescimento, algo que passa pelo resgate dos fundamentos macroeconômicos devastados por Bolsonaro. É essencial a aprovação de uma reforma tributária para acabar com a regressividade e para deixar de castigar a produção. Não haverá empregos de qualidade enquanto não houver uma política industrial que incentive a inovação e a produtividade e abandone a proteção de setores com amigos em Brasília.

Nau sem rumo

Será impossível oferecer melhores oportunidades aos mais pobres enquanto a Educação Básica não for uma prioridade real. O Brasil está à deriva e, em suma, precisa voltar a ter um governo de fato. Do contrário, mesmo que o País consiga sair do mapa da fome, basta aguardar a próxima crise para que volte para lá.