Por 42 votos a favor e 37 contrários, os senadores aprovaram ontem, quinta-feira (17), o texto-base do projeto de lei que permite a privatização da Eletrobrás, estatal lucrativa e que representa 30% da geração de energia elétrica do Brasil.
Lesa pátria
A medida é “um crime contra a nação”, segundo a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). “A energia produzida pelas grandes hidrelétricas cujo investimento os brasileiros já pagaram vai ser privatizada. Vamos pagar outra vez essa energia em nossas contas de luz”, disse ela no Facebook.
Consequências
Especialistas de diversas áreas e trabalhadores do setor elétrico denunciam que a privatização da Eletrobrás resultará na perda da soberania no setor elétrico, no aumento considerável da tarifa de luz e na abertura de mais espaço para as térmicas, em detrimento de fontes renováveis.
Aval
A Eletrobras é responsável por pelo menos 30% da energia do país e gerou R$ 30 bilhões de lucros nos últimos três anos. Os senadores acreanos Mailza Gomes (PP-AC), Márcio Bittar (MDB-AC) e Sérgio Petecão (PSD-AC), aquiesceram com o voto ‘sim’, permitindo que o patrimônio de cada brasileiro escorregue para as mãos do capital privado, quiçá estrangeiro.
Mil motivos
Entre os motivos para refutar a privatização da Eletrobrás, consta o fato de que a venda da empresa resultará em aumento de tarifas; os preços da indústria repassados aos consumidores; apagões e serviço ruim; demissão de trabalhadores e trabalhadoras; riscos ao meio ambientem; Eletrobras é lucrativa; Eletrobras tem recursos em caixa para investir e, por fim, vender a Eletrobras significa também perder a soberania nacional no campo da energia.
Corredor
A BR-364 é uma rodovia diagonal do Brasil que se inicia em Cordeirópolis-SP, no Km 153 da SP-330, adentrando no início da SP-310 até o km 292, onde entra na SP-326 e segue até a divisa com Minas Gerais; depois, passa por Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, acabando em Mâncio Lima, no extremo oeste do estado acreano. Logo, trata-se de uma rodovia de grande importância para o escoamento de produções das regiões Norte e Centro-Oeste do país.
Terra do sem fim
Apesar da importância que tem a BR-364 para o país, quando ela chega no estado do Acre se torna esquecida. Os 635 km entre os municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul parecem serem pertos, mas para quem precisa utilizar a rodovia, tanto para viajar ou até mesmo para trabalhar, essa distância se torna cansativa devido os inúmeros buracos que há ao longo do trajeto.
Caos
A cada ano, as condições de pista da BR 364, entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul, só pioram. De acordo com o superintendente do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) do Acre, Carlos Henrique, o trecho mais danificado fica entre Feijó e Sena Madureira; onde buracos se acumulam e inúmeras áreas de desbarrancamento têm se formado devido a erosão, aumentando o risco de acidentes e atrasando ainda mais a viagem para quem deseja chegar a seu destino final.
A força da natureza
Sobre a atual situação da rodovia Carlos Henrique tem diagnóstico: “Ano passado foi realizado um grande trabalho nesse trecho. Em meados de novembro, a rodovia estava em uma condição bastante confortável; porém, com o inverno, a estrada ficou danificada, pois não tem estrutura para chuva”, afirmou o superintendente.
Politicamente incorreto
O ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu oportunidade de ficar calado ao emitir opinião a respeito de oferecer aos brasileiros pobres sobras de comida das mesas dos ricos e de restaurantes. Ontem, 17, ao participar de um fórum da Associação Brasileira dos Supermercados, Guedes comparou o tamanho do prato de um brasileiro de classe média ao de um europeu para ilustrar o problema do desperdício de alimentos no país. Uma alternativa que sugeriu foi a distribuição das sobras de alimentos de restaurantes aos mais pobres e vulneráveis.
Bucho dilatado
“Você vê um prato de um classe média europeu, que já enfrentou duas guerras mundiais, são pratos relativamente pequenos. E os nossos aqui, nós fazemos o almoço onde às vezes há uma sobra enorme, e isso vai até o final, que é a refeição da classe média alta, até lá há excesso.”
Ração
E foi adiante, empolgado com a ideia: “Com a alimentação que não foi utilizada durante o dia no restaurante, dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É melhor do que deixar estragar essa comida, que estraga diariamente na mesa das classes mais altas brasileiras, e também o desperdício ao longo de toda a cadeia produtiva”.
Fugindo da cena
Seduzido pela própria voz, o ministro é useiro e vezeiro em fazer declarações polêmicas que acabam se voltando contra ele. Quando isso acontece, ele diz que foi mal interpretado, ou que tiraram suas palavras do contexto, ou simplesmente culpa a imprensa.
Horizonte sombrio
O Brasil caminha para superar os Estados Unidos em número de mortos por covid-19, fazendo com que Jair Bolsonaro consiga um recorde internacional. Será o presidente que mais contribuiu para a morte de seus concidadãos, em todo o mundo. A previsão é do cientista Miguel Nicolelis.
Omissão
“No dia 15 de junho do ano passado, nós tínhamos cerca de 50 mil mortos, e, nos próximos dias, vamos atingir 500 mil. Então, em 12 meses, tivemos um aumento de dez vezes nas mortes, algo explosivo. Isso basicamente mostra que o Brasil não olhou essa pandemia com a seriedade e a gravidade que ela deveria ter sido encarada. A segunda onda produziu a maior mortalidade da História do Brasil para os meses de março e abril. São os dois meses mais letais da nossa História. Tudo isso porque não fizemos o que países que entenderam um pouco melhor a dinâmica desse vírus fizeram”, disse Nicolelis, em entrevista à jornalista Evelin Azevedo, na edição de hoje do jornal O Globo.
O caos nos aguarda
“Estamos em um cenário de uma pandemia novamente fora de controle, ocorrendo no meio de um colapso hospitalar que não foi corrigido, nós nunca saímos desse colapso hospitalar de março e abril, fomos empurrando com a barriga. E nós temos múltiplas variantes novas entrando no país, uma vez que nem as fronteiras nem o espaço aéreo foram controlados. E, no meio de tudo isso, o Brasil joga futebol. A Copa América já tem mais de 50 pessoas infectadas, só as diretamente envolvidas. Não temos a menor ideia de pessoas que trabalham em hotéis e outros serviços, que têm contato com essas delegações. É uma marca terrível sem uma luz no fim do túnel”, alerta.
Retrato degradado
“Já somos, de novo, o país com mais mortes por dia, com aproximadamente 25% das mortes (por Covid) do mundo. A pandemia do coronavírus expôs toda a nossa falta de preparo político para lidar com as catástrofes do século XXI, como questões ambientais e de saúde. Os interesses políticos e econômicos parecem ser superiores ao interesse na vida humana. A expectativa é que, com o inverno, com o relaxamento do isolamento, o não crescimento adequado da aplicação da segunda dose da vacina, a gente possa voltar aos níveis que tivemos em março nas próximas semanas, ou então chegar bem perto disso. É como se o Brasil tivesse desistido de combater a pandemia neste momento.”, aponta.
Horizonte
“Vamos passar os EUA e ser o país com o maior número de mortes por Covid no mundo, apesar de termos uma população menor. Só que lá, a campanha de vacinação em massa que está sendo feita desde janeiro deu resultado, eles já conseguiram alcançar cerca de 44% da população com as duas doses, e tiveram uma queda abrupta de 4 mil mortes por dia para 350, reduziram dez vezes, e reduziram mais de vinte vezes o número de casos por dia”, aponta. “Daqui a 50 anos, quando a pandemia for contada na História do Brasil, ninguém vai acreditar.”