O agora candidato a deputado estadual, o autodenominado metereologista Davi Friale ou Davi Fiala Cheremeta, enfrentará tempo quente frente à justiça eleitoral. O procurador regional eleitoral Fernando Piazenski encaminhou ao desembargador Luiz Camolez, do Tribunal Regional Eleitoral, um requerimento informando que há inconsistências quanto à identificação civil do candidato.
Dois em um
O procurador está intrigado, por exemplo, com os dados cadastrais do cidadão Friale. Consultando a base de dados de contribuintes da Prefeitura de Rio Branco, constatou-se à referência “Davi Friale” no cadastro de “David Fiala Cheremeta”, mas quando consultado como “Davi Friale Assis Melo” (nome do registro da candidatura), existem apenas referências quanto ao registro no TRE.
Falsidade ideológica
Ainda de acordo com o procurador, Friale apresentou para registro de candidatura um documento de identificação expedido pela Polícia Civil do Estado do Acre em 29 de março de 2022 com o nome civil de Davi Friale de Assis, data de nascimento 20 de julho de 1971 (contando, atualmente, com 51 anos), natural de Barreiros – PE. Chamou a atenção a autoridade judiciária o fato de a carteira de identidade ter sido expedida como primeira via.
Mil faces
O procurador relatou que em consulta à situação cadastral do CPF de Friale, verifica-se que o requerente foi inscrito no cadastro em 4 agosto de 2022, há exatamente 36 dias, incomum para uma pessoa de 51 anos. Também há inconsistência sobre o lugar de nascimento de Friale.
Conhecido como Mago do Tempo por previsões a partir de pesquisas meteorológicas na internet, Friale está em plena campanha eleitoral pelo PMN, Partido da Mobilização Nacional, a quem o procurador eleitoral intimou para esclarecimentos.
Antecedentes
No início dos anos 90 – época em que a inflação no Brasil chegou a 80% ao mês -, o autodenominado metereologista foi demitido do Banco do Brasil por crime financeiro e passou uma temporada na Penitenciária Francisco de Oliveria Conde, por conta do golpe aplicado na agência da instituição em Xapuri, unidade então gerenciada por ele.
Modus operandis
O crime consistia na recepção fictícia em uma plataforma de investimento de vultoso depósito bancário, cujos valores eram aplicados em operação com rendimento diário (overnight) e, após dois, três e até cinco dias, em conluio com outro funcionário da Casa Bancária, ele procedia a contabilização do saque dos valores fictícios depositados, ficando o rendimento da aplicação financeira na conta fantasma que era movimentada por ele, o gerente, em proveito próprio e do comparsa.
Datafolha
Pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha nesta sexta-feira (9/9) mostra que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 45% das intenções de voto no primeiro turno das eleições, contra 34% de Jair Bolsonaro (PL).
Temperatura
Esta é a primeira pesquisa de intenção de voto publicada pelo instituto após os atos políticos realizados em 7 de setembro, data em que foi comemorado o Bicentenário da Independência. Na ocasião, manifestantes saíram às ruas em apoio à reeleição de Bolsonaro.
Corrida
O resultado do levantamento representa queda na distância entre os dois primeiros colocados em relação à última sondagem, divulgada em 1º de setembro. Antes, Lula aparecia com os mesmos 45%, enquanto Bolsonaro tinha 32%. A diferença entre os dois caiu dois pontos, de 13 para 11 pontos.
Dados técnicos
O Datafolha ouviu 2.676 pessoas, nos dias 8 e 9 de setembro, em 191 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE com o número BR-07422/2022.
Números
O resultado da pesquisa estimulada do 1° turno aponta: Lula (PT): 45% (45% no Datafolha anterior, de 1º de setembro); Jair Bolsonaro (PL): 34% (32% na pesquisa anterior); Ciro Gomes (PDT): 7% (9% na pesquisa anterior); Simone Tebet (MDB): 5% (5% na pesquisa anterior) Soraya Thronicke (União Brasil): 1% (1% na pesquisa anterior); Pablo Marçal (PROS): 0% (1% na pesquisa anterior); Felipe d’Avila (NOVO): 0% (1% na pesquisa anterior); Vera (PSTU): 0% (0% na pesquisa anterior); Sofia Manzano (PCB): 0% (0% na pesquisa anterior); Constituinte Eymael (DC): 0% (0% na pesquisa anterior); Léo Péricles (UP): 0% (0% na pesquisa anterior); Padre Kelman (PTB): 0% (não estava na pesquisa anterior); Em branco/nulo/nenhum: 4% (4% na pesquisa anterior); Não sabem: 3% (2% na pesquisa anterior); Pablo Marçal (Pros), Felipe d’Avila (Novo), Vera (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP) e Padre Kelman (PTB) não pontuaram.
Investigação
O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Benedito Gonçalves abriu investigação eleitoral contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o candidato à vice na campanha bolsonarista, Braga Netto (PL), pelas condutas de ambos no feriado de 7 de Setembro, que comemorou o bicentenário da Independência do Brasil.
Reclamante
A investigação irá apurar a “suposta prática de abuso de poder político e econômico” pelos políticos e atendeu o pedido do PDT, partido do também presidenciável Ciro Gomes.
Fundamentação
Na solicitação, o PDT apontou o “uso do cargo com o fito de desvirtuar o evento para promoção de sua candidatura” de Jair Bolsonaro à reeleição e acusou o candidato do PL de usar a estrutura da Administração Pública, no valor de R$ 3.380.000,00. Além disso, a sigla de Ciro Gomes pediu a cassação do registro de candidatura ou a declaração da inelegibilidade dos citados.
Defesa prévia
Gonçalves, que assumiu ontem como corregedor-geral eleitoral, acolheu a solicitação e determinou que Bolsonaro e Braga Netto apresentem defesa no prazo de 5 dias.
Profissão de risco
A cúpula da Polícia Federal (PF) avalia que uma eventual vitória de Lula na eleição de outubro não reduzirá os riscos à segurança do ex-presidente. Atualmente, a vulnerabilidade do candidato petista já está fixada no grau máximo da corporação.
Perigo constante
A avaliação é que um triunfo de Lula sobre Jair Bolsonaro, como as pesquisas têm apontado até agora, não seria o suficiente para baixar a temperatura da arena política. Para isso, seriam necessários muitos meses de pacificação.
Vigilância
Nas viagens que vem fazendo como presidenciável, Lula tem o maior número de policiais envolvidos na sua segurança: pelo menos 27. Não há limite para o máximo.
Violência
A propósito do clima de violência, na noite da última quarta-feira (7), em uma chácara do município de Confresa, interior do Mato Grosso, Rafael de Oliveira, 22 anos, desentendeu-se com Benedito Cardoso dos Santos, de 44 anos. Rafael é bolsonarista, Benedito era petista. Cada um defendia seu candidato. Rafael exaltou-se, puxou uma faca e atingiu Benedito nas costas, nos olhos, na testa e no pescoço.
Selvageria
Com a primeira facada, Benedito caiu no chão. A partir daí, Rafael aplicou-lhe 15 facadas, todas no rosto. Não satisfeito, usou um machado para tentar decapitá-lo. Depois, fez um vídeo do corpo.
Beligerância
Jair Bolsonaro foi o único candidato a presidente que não falou nada até agora sobre o bárbaro assassinato no Mato Grosso do trabalhador petista por outro bolsonarista. Ou melhor: em comício no Tocantins, chamou os petistas de “praga”: “Essa praga sempre está contra a população. Esse pessoal só gera desgraça para o povo. Com a nossa reeleição, varreremos para o lixo da história esse partido dito dos trabalhadores, que na verdade é composto por desocupados”.
Incentivo
Ainda: “Não podemos errar, sabemos que é uma luta do bem contra o mal. O lado de lá quer o comunismo, quer desarmar o povo de bem, quer a ideologia de gênero, quer liberar as drogas, quer legalizar o aborto e não respeita a propriedade privada”. No comício-militar de 7 de setembro, na praia de Copacabana, Bolsonaro referiu-se a Lula como “o quadrilheiro dos nove dedos” e afirmou que é preciso “extirpar essa gente”.