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Súbita rebeldia

Súbita rebeldia

O governo de Gladson Cameli (PP), com a proximidade das eleições e com os parlamentares buscando a reeleição, experimenta a rebeldia de parte de sua base aliada que, por estratégia, busca simpatia dos servidores públicos. Exemplo disso é o caso do deputado Cadmiel Bonfim (PSDB) que durante todo o mandato esteve perfilado com o governo usufruindo das benesses administrativas do estado e agora se mostra crítico ao governo e ao governador. 

Novo discurso 

Pressionado a tomar posição pela categoria dos policiais militares que busca reposição salarial, hoje pela manhã, quarta-feira, 09, durante ato realizado defronte ao Palácio Rio Branco, Cadimiel tomou a palavra no evento patrocinado pelos servidores públicos e disse que já fez tudo que poderia ter sido feito para pressionar o governador Gladson Cameli a cumprir a palavra que acordou com a classe dos militares na campanha de 2018.

Palavras ao vento

“Eu não sei mais o que fazer. Já dialogamos, levamos as propostas para o Governador e seus secretários, mas ele não cumpre o que promete. O governador diz uma coisa aqui pela manhã, quando é de tarde fala outra, porque não tem conhecimento de causa. Portanto, agora é a hora de ir para o enfrentamento e eu ficarei ao lado da tropa”, esbravejou Cadmiel.

Mediação 

Ainda sobre o movimento reivindicatório dos servidores públicos estaduais, o deputado estadual Jenilson Leite (PSB), participou na manhã de hoje, quarta-feira (9), de uma reunião entre a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Acre, membros do Governo e servidores da Saúde, para tratar de pautas reivindicadas pelos servidores que estão em greve geral desde ontem.

Pauta 

Jenilson explicou que o Governo prometeu que vai encaminhar na quinta-feira (10) um projeto de lei que trata da etapa alimentação, que ficou pactuado no final do ano passado. “Hoje, em uma reunião com os mesmos personagens, sindicato, Governo e Assembleia Legislativa, se chegou ao encaminhamento para novas datas. Amanhã entrará o projeto que prevê o auxílio alimentação, que na sexta-feira entrará a partir de um anúncio do governador, a data acerca do reajuste linear. E na terça-feira que vem se resolverá também a questão do auxílio Saúde, que era chamado de auxílio Covid”, disse Jenilson.

Conversa mole 

Jenilson explica que sabe que é difícil se chegar aos percentuais pedidos, mas lembra que “no final do ano passado tinhamos conversado com a equipes de Governo e tinha ficado acertado que em janeiro teria um edital do concurso público e agora em março, o pagamento da etapa alimentação e reajuste, as datas não foram curmpridas e nós aguardamos que agora o Governo cumpra com os prazos”, explicou.

Movimento paradista 

A greve dos servidores da Saúde está mantida até o cumprimento dos prazos e ocorre em todo estado do Acre. O movimento cobra do Governo o cumprimento das promessas feitas aos servidores da categoria ainda durante a campanha eleitoral de Gladson, entre elas a realização do concurso público, reformulação do PCCR que está há 22 anos defasado, a criação da etapa alimentação e a reposição de perdas salariais que desde 2020 não é reposto.

Mais desgaste 

Seguindo a pauta negativa do governo junto aos parlamentares, ontem, terça feira, 03,  o deputado Daniel Zen (PT-AC) usou a tribuna da Aleac para repudiar a fala do governador Gladson Cameli, por ocasião da cerimônia de assinatura da ordem de serviço para a construção da chamada Ponte da Sibéria, que pretende interligar o primeiro ao segundo distrito na cidade de Xapuri. 

Afronta 

Na cerimônia, ocorrida no sábado, 06/03, o governador teria dito que “usaria uma saia” caso não cumprisse com a promessa de inaugurar a ponte no ano de 2023. No dizer de Zen, “o governador cometeu dois equívocos: o primeiro, ao contar que já está reeleito e que estará governador em 2023. O segundo porque, as vésperas do Dia da Mulher, utilizou da mesma forma sexista e repugnante que o deputado Arthur do Val, de São Paulo, ao se referir às mulheres refugiadas da Guerra na Ucrânia. Foi um soco no estômago das mulheres que integram o governo e sua base de sustentação na Aleac”, destacou o petista.

Aprofundando o erro 

E seguiu sua fala: “Foi uma afronta a todas as mulheres de Xapuri, do Acre, do Brasil e do Mundo. Como se usar saias fosse uma característica de quem não tem palavra, de quem não cumpre compromissos, ou seja, como se mulheres, que usam saias, não fossem dignas da confiança, em cuja palavra não podemos confiar”, falou o parlamentar de Oposição.

Capinando sentado 

O deputado citou ainda, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a luta dos Profissionais em Educação, em sua maioria mulheres, mencionando que a categoria está em greve por melhorias salariais e nas condições de trabalho. Segundo o deputado, a Educação conta com recursos assegurados pela Lei do Novo FUNDEB para que tenham implantado o Piso Nacional do Magistério. “O governo está com a faca e o queijo na mão: conta com recursos disponíveis, conta com o amparo da lei, mas, não consegue efetivar o reajuste e nem a implantação do Piso do Magistério. Tá faltando o que?”, indagou o parlamentar. 


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Nova visão 

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou que o governo Bolsonaro e o Centrão fazem uma política de “alinhamento cleptocrático”, ou seja, um governo de corruptos. A declaração consta de um vídeo publicado por Ernesto na segunda-feira (7/3). Para o ex-chefe do Itamaraty, a sua saída do governo, em março de 2021, “coincidiu com o momento em que o Centrão, que já tinha se infiltrado no governo, passou a ter espaço decisivo dentro do governo”.

Guinada 

Poucos dias depois da demissão de Araújo, a deputada Flávia Arruda, do PL, sigla do Centrão e que hoje é o partido de Bolsonaro, assumiu a Secretaria de Governo da Presidência. Araújo foi substituído no ministério pelo diplomata Carlos França. “Quando eu saí, imediatamente começaram a reconstruir aquela política externa de alinhamento totalitário lá fora e de alinhamento cleptocrático aqui dentro do Brasil”, disse Araújo, que integrava a base ideológica do governo Bolsonaro, composta por seguidores do polemista Olavo de Carvalho. Por essa tese, o alinhamento novo seria em duas direções: aproximação da China e afastamento dos Estados Unidos.

Ação sub-reptícia 

Segundo Ernesto Araújo, o objetivo do Centrão ao se aliar a Bolsonaro foi evitar “quebrar o sistema corrupto”. O próprio Bolsonaro disse no ano passado, referindo-se a sua carreira de deputado: “Sempre fui do Centrão”.

De acordo com o olavista, o Centrão “sempre” esteve entre os governos petistas e tucanos, apoiando uma política externa que “favorecesse a corrupção no Brasil”. Por isso, continuou Araújo, sua gestão na pasta foi alvo de críticas desse grupo. “É o que eles não queriam, porque é uma política que prejudicava o sistema cleptocrático que eles haviam montado”. “O Centrão entrou no governo Bolsonaro para destruir o programa original do governo Bolsonaro, que é programa que levaria a quebrar sistema corrupto do qual o Centrão faz parte”, seguiu Araújo.

Interesses escusos 

Para Araújo, o grupo de partidos que dá apoio a Bolsonaro no Congresso não é responsável apenas por isso, mas também por acabar com o conservadorismo no Brasil. “O Centrão conseguiu também destruir boa parte do movimento conservador brasileiro na base da tese de que qualquer coisa feita pelo Bolsonaro tem que ser apoiada pelos conservadores, pela direita, senão você não é de direita”, afirmou. No mês passado, Ernesto Araújo ficou irritado depois que Bolsonaro disse que o ex-ministro fazia críticas gratuitas à viagem oficial à Rússia em meio à ameaça de uma guerra com a Ucrânia. “Não é uma crítica de graça, tenha certeza disso”, retrucou o ex-chanceler.