Ontem, segunda-feira, 04, a Prefeitura de Rio Branco anunciou uma parceria com a Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa) e a Associação Acreana de Supermercados (Asas) visando o recebimento de alimentos não perecíveis e outros donativos para às famílias atingidas pela enchente do rio Acre.
Apreensão
O prefeito Tião Bocalom (PP) destacou a importância da parceria: “Cada momento que passa está ficando mais grave, pois o rio continua subindo, mais famílias desalojadas, os custos aumentam. A prefeitura está pronta para bancar esses custos, mas o mais importante é que a gente tenha ajudas como da Acisa e da Associação de Supermercados, na coleta, porque o povo, acreano, como eu disse agora, é um povo muito solidário, e a gente vê muita gente querendo saber onde é que vai fazer a doação. Então vamos ter mais de 20 pontos agora com essa parceria”, destacou o prefeito salientando a importância do mutirão solidário.
Logística
Os pontos de entrega das doações serão na rede de supermercados Arasuper e na sede da Prefeitura de Rio Branco. O presidente da rede Arasuper e da Associação Acreana de Supermercados, Adem Araújo, disse que o momento agora é de unir forças. “A gente percebe que a prefeitura tem feito um grande esforço para minimizar o impacto dessa enchente na vida das pessoas e, com isso, a gente tenta contribuir também de forma direta e indiretamente, principalmente na arrecadação agora de servirmos como ponto de arrecadação de alimentos e outros produtos. Aquilo que as pessoas quiserem doar: calçados, roupas, produtos de limpeza. Nós vamos destinar isso para a prefeitura para poder utilizar da melhor forma possível com essas pessoas que estão precisando nesse momento”.
SOS
Ainda durante a solenidade que formalizou a parceria, o prefeito Tião Bocalom clamou por auxílio no que tange a locomoção das vítimas da enchete: “Não estamos tendo barcos necessários para retirar as famílias. Já compramos sacolões, água e a partir de amanhã começaremos a distribuir. Agora faltam barcos, quem tiver, por favor, nos ajude. Ofereça, leve até o corpo de bombeiros, que é lá que está sediando tudo”.
Alagados
Ontem, 4, pelo período da tarde, o governador Gladson Cameli (PP) e a vice Mailza Assis (PP) acompanharam os ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional e do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Waldez Góes e Marina Silva, em visita ao desabrigados que estão no Parque de Exposições, em Rio Branco. Ao todo, 2.969 pessoas estão sendo atendidas no local.
Presteza
Na coletiva de imprensa, o ministro destacou que todos os planos de emergência foram enviados e devidamente aprovados. “É bem importante que a gente caia na realidade definitivamente. Esses eventos serão cada vez mais frequentes e mais intensos e, por isso, a Marina tem razão, nós temos que atuar na emergência e na mitigação, na adaptação, na prevenção, porque eles serão mais desafiadores”, disse o ministro. Góes voltou a reforçar que é necessária a união de todos os governos e enfatizou que o momento agora é de solidariedade e assistência.
Planos de ação
“Após nos reunirmos com a bancada federal, municípios e governo do Estado, já chegamos ao Acre com os planos de ajuda humanitária aprovados. Se aprovamos todos os planos sumariamente é porque estavam bem feitos e foram feitos em três mãos: Município, Estado e governo federal”, destacou o Ministro da Integração e Desenvolvimento Regional.
Infraestrutura
O governador do Estado, Gladson Cameli, destacou que o momento agora é de olhar para a frente e traçar planos para combater as mudanças climáticas que assolam não apenas o Acre, mas também outros estados. “Temos alguns pontos a resolver sobre a questão fundiária. E aí estamos com o programa Minha Casa Minha Vida, em que temos 1,2 mil unidades aprovadas. Está no fundo do Estado. Agora, também peço colaboração da população, porque muitas pessoas, às vezes, acostumadas a morarem naqueles bairros, são resistentes a sair, então vamos precisar desse pacto”, disse.
Remanejamento
Ainda na sua fala, o governador Gladson Cameli defendeu junto aos prefeitos e demais autoridades presentes ao ato o remanejamento da população suscetíveis ao risca de alagação, não só da população de Brasileia, mas em todos os municípios do Acre. Cameli afirmou que assume o compromisso de tomar todas as medidas possíveis para que esse remanejamento seja uma política pública do Estado.
Ação conjunta
“Eu quero o apoio a todas as prefeituras. Mas eu preciso do apoio de cada um. O Lula tem nos ajudado.Tem tido um olhar especial para o Acre. A bancada tem dado todo o apoio. Eu topei um desafio e assumo a responsabilidade de fazer o que tiver que fazer. De Brasileia para os demais municípios de tirar as famílias das áreas de risco. Não é fácil, mas só com a união que estamos tendo aqui, vamos vencer o desafio”, disse o governador.
Vigilância
Por seu turno, a ministra Marina Silva, ex-senadora acreana, destacou que estuda uma formula de mudar a legislação e implantar um dispositivo emergencial permanente para municípios atingidos por desastres naturais. “O primeiro passo é emergência. O segundo passo são os projetos estruturantes. Aí é uma intervenção que depende de projetos”, disse Marina. O governo federal também garantiu cestas básicas e adiantamento do Bolsa Família para as pessoas atingidas.
Chapa esquentando
Há duas semanas, restou revelado que o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior havia prestado um longo depoimento à Polícia Federal sobre os fatos apurados na investigação do plano bolsonarista de golpe de Estado. Na semana passada, quem falou foi o ex-comandante do Exército Freire Gomes — aquele que não embarcou na trama golpista e foi chamado de cagão por Walter Braga Netto –, que também esteve na famosa reunião no Alvorada em que Jair Bolsonaro e aliados teriam discutido os termos de uma minuta golpista.
Relatos
Segundo investigadores da PF, os dois militares deram suas versões sobre as conversas com o ex-presidente e confirmaram a “intenção golpista de Bolsonaro” na reunião do Alvorada em que o suposto plano foi debatido.
Lacração
A propósito, o depoimento do general Marco Antonio Freire Gomes à PF é visto como o “tiro de misericórdia” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Não só pelas informações que revela, esclarece ou confirma, mas também pelo significado que tem a palavra do ex-comandante do Exército. Ela traz parte do peso institucional da voz do Grande Mudo da República. E a expectativa de ser o fim da agonia para a Força Terrestre.
Corroboração
Freire Gomes confirmou não só a discussão sobre a “minuta do golpe” com Bolsonaro e a participação em reuniões no Palácio do Planalto, onde a tentativa de subverter a ordem democrática era planejada. Ele corroborou o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República, que assinou um acordo de delação com a Polícia Federal.
Encruzilhada
Ouvido como testemunha, o general respondeu a todas as perguntas durante mais de oito horas. Contou que não desmontou os acampamentos em frente ao Exército por causa de Jair Bolsonaro. O general vivia um drama pessoal. Sua mãe, Maria Freire Gomes, estava enferma ao mesmo tempo em que o filho enfrentava outra situação que o deixava atormentado: as pressões do governo para que embarcasse em uma aventura. Gomes sabia que a maioria ordeira e silenciosa no Exército era contrária à bagunça institucional, que levaria à divisão da instituição, tão necessária ao golpe.