Diz o ditado popular que ‘para um bom entendedor, um pingo é letra’. Na noite de ontem, segunda feira, 25, em Brasília, numa reunião que comemorou 20 anos de fundação dos Republicanos e que contou com as principais lideranças políticas da oposição na esfera nacional, o senador Ala Rick (UB) manteve cordial encontro com o governador paulista Tarcísio de Freitas (Rep), oportunidade em que debateram o cenário político nacional e, por óbvio, a paisagem do Acre.
Disputa
Resta lembrar que Tarcísio é cotadíssimo para ser o candidato do chamado ‘Centrão’ a concorrer ao Palácio do Planalto, ocupando a vaga deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inabilitado politicamente para concorrer ao posto. Não há ninguém relevante no ‘Centrão’ que tenha dúvida de que o candidato do grupo à presidência da República em 2026 será Tarcísio de Freitas. Nas duas últimas semanas, com a derrocada política de Bolsonaro, se havia incerteza, não há mais.
Pule de dez
Nem Lula (PT) parece descrer da candidatura de Freitas. Na semana passada, por duas vezes pelo menos, disse a interlocutores que sabe que vai enfrentar Tarcísio no ano que vem. Embora o petista nunca deixe de ressalvar que é candidato “se eu estiver bem de saúde”. A propósito, nos bastidores, Tarcísio de Freitas está cada vez mais desenvolto no papel de candidato a presidente.
Palanque
Com a candidatura de Tarcísio posta, Alan deverá engrossar as fileiras de Freitas, filiando-se aos Republicanos para disputa do governo do Acre. Na corrida ao Palácio do Planalto Tarcísio concorreria como candidato de pelo menos quatro partidos fortes: União Brasil, PP, PL e Republicanos. No Acre, diante dos arranjos políticos em curso, Freitas poderia ter até 3 palanques: O de Alan, pelos Republicanos; Mailza pelo PP e possivelmente Bocalom pelo PL.
Reforço
A poucos dias do início do julgamento que pode condenar Jair Bolsonaro (PL) a mais de 40 anos de prisão, a Procuradoria-Geral da República aceitou o pedido feito pela Polícia Federal de aumento na vigilância da casa do ex-presidente para evitar uma tentativa de fuga.
Sempre alerta
Em um relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal, a PF solicitou autorização para que houvesse “reforço urgente e imediato do policiamento ostensivo e discreto nas imediações do endereço residencial de Jair Messias Bolsonaro, bem como a manutenção e constante checagem do sistema de monitoramento eletrônico”.
Precaução
A PGR se manifestou, recomendando que a polícia “destaque equipes de prontidão em tempo integral para que se efetue o monitoramento em tempo real das medidas de cautela adotadas”. No pedido, a PF afirmou ter informações sobre “um perigo concreto” de que Bolsonaro possa tentar se refugiar na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
Acesso
A PF fez questão de frisar que a representação americana está a apenas 10 minutos de carro da casa do ex-presidente. Apesar disso, há pouca expectativa de que o PGR, Paulo Gonet, recomende que a prisão domiciliar de Bolsonaro seja convertida em preventiva, com o ex-presidente sendo enviado para uma cela na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Salvação
O entorno de Bolsonaro dá como certa sua condenação no processo sobre tentativa de golpe de Estado. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que a última esperança dos bolsonaristas é que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, consiga intervir no julgamento da ação penal. “O Trump é a única saída que nós temos, não temos outra”.
Presença
Bolsonaro, por sua vez, tem feito chegar a seus aliados que deseja estar presente nos quatro dias que estão reservados na 1ª Turma do STF para seu julgamento. De acordo com interlocutores, a ideia de comparecer é demonstrar força e refutar a percepção de que estaria acuado diante da previsão de condenação.
Derrocada
É interessante demais a pesquisa Quaest que aponta que 55% acham que a prisão de Bolsonaro é justa. Entre o final de julho e o princípio de agosto, uma linha importante foi cruzada. Segundo Ideia, Quaest, Datafolha, Ipsos-Ipec e Atlas, Jair Bolsonaro não é mais o candidato mais forte da direita no segundo turno.
Profano
Empresas do pastor Silas Malafaia receberam cerca de R$ 30 milhões do empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como Sheik do Bitcoin, condenado a 56 anos de prisão por aplicar golpes milionários em milhares de investidores brasileiros. Os recursos foram investidos em uma empresa de marketing direto de Malafaia. O pastor confirmou a informação, mas afirmou que a sociedade com o estelionatário durou menos de um ano e foi encerrada antes de ele ser indiciado pelo Ministério Público Federal.
Desvio
Depois de um novo sorteio a pedido da Procuradoria-Geral da República, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, enviou as investigações sobre fraudes nos descontos de benefícios no INSS para o gabinete do ministro André Mendonça. Paulo Gonet contestou, na semana passada, a relatoria do ministro Dias Toffoli, que determinou em junho que todas as apurações da Polícia Federal sobre o tema fossem enviadas ao seu gabinete — isso depois de a PF informar que o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni apareciam nas investigações. Desde então, as investigações aguardam nova determinação do Supremo. Agora, Mendonça deve decidir se mantém todos os procedimentos no Supremo ou se envia parte deles a instâncias inferiores.
Largada
A CPMI que vai investigar os desvios no INSS tem sua primeira sessão nesta terça-feira e começa com 910 requerimentos à espera de análise. A maioria são para convocação de pessoas envolvidas no escândalo. Deputados federais do PT pedem para Jair Bolsonaro ser convocado. Já a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) fez requerimentos para convidar os ex-presidentes Dilma Rousseff, Michel Temer; e o presidente Lula. Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”, tem 15 pedidos para ser ouvido pela CPMI.
Tensão
O governo do presidente da Argentina, Javier Milei, vive dias de forte tensão, em meio a um clima de preocupação por sinais negativos em matéria econômica e faltando poucos dias para a eleição legislativa de 7 de setembro na província de Buenos Aires — onde vive um terço do eleitorado nacional —, e menos de três meses para as Legislativas nacionais, de 26 de outubro.
Mão na botija
O vazamento de áudios sobre um suposto esquema de subornos na Agência Nacional de Deficiência (Andis, na sigla em espanhol) envolvendo a secretária-geral da Presidência, Karina Milei, irmã do chefe de Estado, provocou um verdadeiro tsunami político, com impacto negativo no mercado (a bolsa caiu e o dólar subiu) e, segundo analistas locais, um potencial custo político nas urnas.
Desmembramento
Ontem, 25, veículos de imprensa locais divulgaram novos áudios do ex-diretor da Andis, Diego Spagnuolo, até pouco tempo muito próximo de Milei, nos quais o ex-funcionário faz revelações sobre uma denúncia que já está sendo investigada pela Justiça. Paralelamente, Karina poderá ser convocada para dar explicações sobre o escândalo no Senado, onde o partido de Milei, A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), não tem sequer uma cadeira.
Flanco
O Parlamento se tornou um ambiente hostil para o governo argentino, que nas últimas semanas sofreu 12 derrotas consecutivas na Câmara. Com esse pano de fundo, o resultado das eleições legislativas de setembro e outubro se tornou ainda mais importante para o presidente Milei, que mantém um índice de popularidade entre 42% e 45%, segundo pesquisas locais, principalmente graças às suas conquistas econômicas. A mais importante delas continua sendo a redução expressiva da inflação, que chegou a 25% mensal em dezembro de 2023, mês em que Milei foi empossado, e fechou em 1,9% em julho passado.
Calibragem
O presidente Lula faz hoje uma reunião ministerial, a primeira desde janeiro, para alinhar o discurso do governo e as orientações sobre as prioridades no Congresso Nacional no segundo semestre, como o projeto de isenção do IR e a proposta de regulação das big techs. Quatro ministros devem falar no começo do encontro: Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).